Essa história começa na beira do balcão do armazém Ferraz. Importante destacar que o personagem do episódio era um sujeito de canela fina. Naquela época, éramos muito jovens e academia coisa pra alta sociedade, canela fina era praxe.
Sr Zé Ferreira, um freguês antigo, lá da comunidade de São Francisco semanalmente aparecia pra fazer suas compras.
Homem de estatura baixa, chapéu paraná e bigode sempre alinhado entregava sua lista de pedido para que separássemos.
O Ferreira gostava muito de prosear com o Marquinho, enquanto sua lista era arrumada. Tinha coisa pra sua casa e também para pequena venda que mantia lá em São Francisco.
Sempre quando aparecia, deixava sua charrete com o animal na cocheira que existia na rua de trás do armazém, onde hoje tem o banco Bradesco.
Quando sua compra terminava, era preciso levá-la de bicicleta de carga para cocheira.
O Zé Ferreira sempre foi brincalhão, mas também sistemático. Tinha hora que falava sério e hora brincando e por isso ficávamos sempre atentos para não pisar na bola com ele.
Um dia, após a compra concluida pediu que um de nós levássemos as compras na cocheira.
Na cocheira tinha muita charrete de toda banda e sempre perguntávamos como era o animal.
- Desta vez estou com um burro queimado . respondeu o Ferreira naquele dia.
Neste dia, o Wallas que levou sua compra, mas chegando lá não achou a charrete do Zé Ferreira e voltou com a compra.
Passado um tempo o Zé Ferreira encosta com sua charrete na porta do armazém e chama o Marquinho.
- Marquinho o cocheiro disse que foi um rapaz de canela fina pra entregar minha compra e voltou.
Wallas apressou-se em responder:
- Oh Sr Ferreira, eu fui lá, mas não vi o burro queimado. O que tinha no lugar era um monte de cinzas.
E o fim da história foi com muita gargalhada, poi o Sr Ferreira concluiu.
Sujeito com canela fina, mas com a resposta na ponta da lingua, tá explicado.
Aldeir Ferraz
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