Nascemos de uma construção, célula por célula nos formamos ainda dentro do ventre da mãe em um pequeno ser que ganha o mundo em um parto.
Já do lado de fora na imensidão deste mundo continuamos a nossa construção. O corpo pequeno de bebê vai evoluindo, torna-se criança, jovem e adulto.
Nessa construção, da inocência rumamos para a maturidade numa evolução do aprendizado daquilo que nos cerca em nossa volta, ou seja, somos a cultura do meio em que convivemos.
Pode ser que a construção cultural sofra alterações em virtude de uma outra forma de viver, apesar de nossa personalidade ser dificilmente mutável.
Em um determinado momento da nossa evolução/construção o inverso começa a acontecer, a desconstrução.
Com avançar da idade começamos a nos desconstruir, células morrem mais do que nascem, energias adquiridas já começam a se esvair.
E dos primeiros passos e as correrias cotidianas, a lentidão começa a dominar.
Todas as afirmações que defendíamos, já não defendemos mais com convicção;
A coragem de avançar no tempo, já é substituída pelo medo de avançar;
A certeza é trocada pelo talvez;
Os desejos somem diante das lamentações;
Mas existe algo teimoso que só cresce e não regride, os sonhos.
Os sonhos, ah! Os sonhos estes não param.
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço
Aço, aço, aço, aço, aço, aço
E cá estou, 49 anos no caminho da desconstrução.
E lá se vai mais um dia
Aldeir Ferraz
A contrução humana é linda, pena que que existe algumas dessas construções que saem com defeito, assim como pessoas aleijadas de nascença, outros de coração cheios de maldade e vários outros defeitos, porém nenhum pode ser descartadas como fazem nas fábricas.
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