terça-feira, 29 de junho de 2021

APOSENTEI


Chegou o dia, enfim a aposentadoria!

Nossa! Quanto chão ficou pra trás.

Olha que hoje vejo tudo como se fosse ontem, mas não foi.

Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomei no lombo. Os calos na mão já perdi a conta, mas tudo valeu a pena, cresci como gente grande, ganhei mais humanidade.

Pra cidade parti e no comércio dediquei a maior parte da minha vida.

Tinha patrão bão, tinha patrão chato, tinha patrão legal, isso tudo aguentei e sempre busquei ser eu mesmo, o cara do cabo de enxada que enfrentava o tranco.

Muitos amigos conquistei, minha estrada pavimentei na fé e aqui agora cheguei, aposentei.

Desafiei-me a colocar no papel o que possa neste momento passar em sua cabeça, acho que seria  mais ou menos isso.

Tenho certeza que você construiu uma bonita história e deixa a marca de um profissional exemplar, um companheiro de trabalho correto e justo.

Tornou se um profundo conhecedor da arte de comprar e negociar os melhores preços e produtos.

O mundo do comércio desde o tempo do balcão onde era olho no olho com o freguês, da prova dos 9 nas contas sem calculadora, da concha que pegava o arroz, o feijão, o açúcar, até a balança de 02 pratos ensinou muita gente a ser referência nos dias de hoje, pois o mundo avançou e sem que tivessem tido a oportunidade de sentar em uma cadeira na sala de aula, evoluiu no tempo.

Deveria existir uma lei para quem se aposentasse receber todos os méritos da vida, pois isso não é pra qualquer um.

Dão, parabéns por sua vitória, tenho certeza do seu merecimento e da luta que fez até hoje, que curta sua aposentadoria com muita paz e saúde.

Viva!


Aldeir Ferraz




domingo, 27 de junho de 2021

TODA MAGIA DE UMA CIDADE



O lugar que nascemos é sempre um lugar especial nas lembranças que levamos pra vida. Sempre tem uma história, sempre tem um caso para se contar.

E quando recordamos, surgem os mistérios e as magias que nos enchem de emoções.

Quantos lugares que  passei e que hoje  dão vidas as memórias.

Procurei listar ruas, bairros, comunidades e todos tive uma recordação, um momento bom e a curiosidade do “por quê” do lugar.

Visconde Rio Branco é assim, cheio de boas lembranças e mistérios.

Lá tem uma rua conhecida por capim cheiroso, nome que certamente nos traz o perfume da lembrança.

O Morro da Forca, onde sim existiu uma forca e relatos de condenações é o caminho do Colégio Rio Branco e quando era período de provas realmente imaginávamos o nosso pescoço enforcado.

O caminho da Vovó, que nome carinhoso, melhor tratar assim do que ter nome de um coronel desconhecido.

A comunidade da Tia Velha onde convivi com muita gente de energia boa, certamente são protegidos e energizados por esta velha tia protetora de todos os males.

Lá no Alto da Boa Vista tinha o Campo da Lagorda onde era o espaço da meninada jogar bola e ponto certo pra receber os circos que chegavam na cidade. Há tinha a piscina seca, na verdade nunca a vi cheia.

O Matucho era o lugar para divertir com a água de cachoeira, mas tinha a xistosa que nos assustava.

Morro da Formiga, Pito aceso, Chácara, Filipinho, Colonia, Muzúngu, tantos lugares e histórias com lembrança de muitos conhecidos que moravam nestes lugares.

Nas comunidades rurais mais coisas boas a lembrar por todas as bandas:
Ponte Coberta , Sementeira, Gordura, Roça Alegre, Cachoeirinha, Massambará, Clemente, Feiticeiro,Sapateiro, Santa Helena, Santa Juliana, São Francisco, Santa Maria, Bela Vista…. 
Rezas, festas, boas reuniões...

Em cada canto uma história pra contar e claro que a Praça 28 de Setembro tem um capítulo especial, pois é onde os amores, as amizades e até a politica se encontrava. Cada árvore, cada banco, o coreto são  paisagem de quem sonha distante de sua terra natal. 

Salve Visconde do Rio Branco, salve nosso povo e nossa história.


Aldeir Ferraz

sábado, 26 de junho de 2021

MARLI FELIX

 

Dona Marli me dá água!

E lá vem ela pra atender um por um que gritava no portão de sua casa.

Do bairro são Jorge ao morro da Tia Velha era constante os chamados das pessoas que com latas vazias eram atendidos com paciência.

Do seu poço muita gente teve sua sede saciada.

A Marli Felix é de fato um patrimônio de Visconde do Rio Branco. Seu jeito alegre e espalhafatoso de conversar, realmente enchia e enche de alegria quem tem a oportunidade de ficar na sua presença.

Aqui do Supermercado Ferraz sempre a avistamos em sua janela, a quase todo momento conversando com os que passam em sua calçada.

Quem não tem um bom momento de uma boa conversa com ela.

Do flamengo sempre foi torcedora ferrenha e aí de quem mexesse com seu time de coração, teria que agüentar muitos palavrões, palavrões carinhosos, claro. 

Em tempos em que necessitamos de muita empatia, ta aí um grande exemplo.

Tem gente que vive na Terra e nunca poderia desaparecer, pois o que de bom fazem por aqui, ficam eternizados em nossos corações


Aldeir Ferraz




domingo, 13 de junho de 2021

LEMBRANÇA APENAS

 E quando eu virar lembrança espero que seja apenas boa lembrança.

Não guarde as mágoas que tenha por minha causa.

Esqueça os tempos em que as doenças trouxeram inquietitudes, deixe essas dores pra lá.

Deixa de lado as vezes em que o dinheiro faltava e as contas batiam na porta.

Não remoa as brigas que tivemos.

Esqueça tudo que foi de ruim.

Eternize as boas lembranças.

Lembra das boas risadas, aquelas que faziam lágrimas escorrer.

Não esqueça das festas, da boa comida, da boa bebida que partilhamos.

Das noites que viraram dias, dos abraços, dos beijos, dos amores, jamais deixe apagar.

E faça do tempo que juntos tivemos o perfume que suaviza o respirar.

Ah que tempos bons, que boas lembranças, que saudade boa.

Quando eu virar lembrança, lembre-se que seja apenas uma boa lembrança.

Aldeir Ferraz








terça-feira, 8 de junho de 2021

CARTA DE UM FALECIDO



Fiz a minha passagem. Cá estou em um emaranhado de almas de tudo quanto é canto do mundo.

Aqui a língua falada é universal, todos nos entendemos. No caminho que fiz vi muitas almas ficarem para trás, não são todas que chegam. Prevalece o dito de que o que fizeres na terra estará ligado no céu.

O interessante deste meu tempo em que parti é o grande número de almas prematuras chegando. Isso mesmo, quando nascemos antes do tempo, somos bebês prematuros e quando morremos antes do tempo, aqui somos chamados de almas prematuras.

O responsável que nos acolhe aqui disse que a situação é incomum, pois o vírus está trazendo muitos mais cedo.

Ficamos em uma ala dos que foram mortos por crime, suicídio e doenças que teriam cura mas não tiveram o devido socorro.

O pensamento aqui é geral, viemos antes da hora porque tá faltando humanidade, tá faltando cuidado um com o outro.

Um mundo cheio de riquezas naturais e de pessoas inteligentes deveria evitar o que está acontecendo.

Mas vida que segue, digo eternidade que segue, pois aqui tudo é eterno.

As noites são maravilhosas, os dias também. O que vem aí da Terra conosco é a saudade,mas vamos superando ela a cada momento que nos reencontramos com os que vieram primeiro que nós.

Espero que um dia não tenhamos mais almas prematuras, que possamos ter o nosso tempo adequado e aí sim chegar aqui com mais paz e tranquilidade.

Por fim mando um recado a todos, tenham certeza que Deus não quis nenhuma morte destas que a pandemia tem provocado, aliás Ele demonstra tristeza com o que está acontecendo, sempre nos diz nas nossas conversas que não foi esta humanidade que  desejou e que fez surgir na Terra.


Aldeir Ferraz

sábado, 5 de junho de 2021

A TIA DO CACHORRO

 Da janela de casa vejo passar todos os dias uma bela senhora e seu pequeno cachorro. Com toda paciência, hora a passos lentos ou rápidos o seu companheiro de caminhada a guia.

Conheço um pouco da história daquela mulher. Ela desde jovem sempre foi meiga e carinhosa, mas nunca teve um mascote como companhia.

Dos seus amores e sonhos sempre dedicou sua energia.

Criou uma familia, como professora ensinou a tantos, pessoas que se tornaram  importantes e outros nem tanto.

Na sua vida tudo se foi aos poucos. Amores partiram cada um para seu destino e com ela ficaram as lembranças.

Certo dia de sua vida, andando pela rua deparou se com um pequeno cachorro que não tirava os olhos dela.

Amou aquele animal a primeira vista e como abandonado estava resolveu adotá-lo.

Agora ela desfila com ele para todo lado e o que tem de amor na sua vida reparte com seu amigo.

E lá vai ela sorridente e altiva, pois continua como sempre foi, repartindo seus bons sentimentos com alguém.

Aldeir Ferraz



Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...