domingo, 31 de janeiro de 2021

JÁ DIZIA O VELHO DITADO

Trabalhar em comércio não é fácil, muito trabalho e atenção constante. É preciso ter uma relação de convivência muito boa para aliviar o estress.

Ter bom humor e companherismo é bom.

E tem muita história no Ferraz de casos engraçados.

Tem uma história acontecida lá no tempo do filme TOP GUN. Naquele tempo vendia muito Gel Bozzano, Creme Rince Colorama, Henê Rená, oleo de babosa, oleo de ovo....

Por quê estou falando do filme e dos produtos? É que a história é com o Netinho, o rei do cabelo com gel e o Mateus do Marquinho.

Os dois, segundo o André, sempre que tinha entregas na Sementeira, passavam na escola de lá para beber agua e paquerar as alunas.

O cabelo top gun do Netinho encantava as meninas e o Mateus como estava junto também era cortejado.

Só que a diretora da escola, não agradou daquilo e veio ao supermercado para alertar sobre as visitas de ambos funcionários.

No Supermercado ela relatou ao Marquinho o fato de que havia dois funcionários paqueradores na escola constantemente.

Marquinho perguntou quem era e ela disse ser um rapaz de cabelo com gel e o outro de nome Mateus.

O Marquinho chamou o Dão e pediu para tomar providências em relação ao filho dele, que também chama Mateus, que também era funcionário.

Marquinho achando ser o filho do Dão quis ensiná-lo como corrigir o menino. Arrancou o cinto da calça e entregou para o Dão e disse que era só mostrar que o respeito vem e não vai ter mais problema. O Dão já achava que tinha que dar uma lambada.

Nesse momento chega o Netinho, passando um pente do flamengo no cabelo e junto o Mateus do Marquinho. A diretora logo apontou para os dois, indicando serem os frenquentadores da escola.

O final desta história é a cena do Dão tirando o cinto da sua calça e entregando para o Marquinho. 
Cinto pra lá, cinto pra cá.

E como diz o velho ditado:
Quem pariu Mateus que o embale.

Aldeir Ferraz




sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A MATEMÁTICA DO BALCÃO

 É difícil imaginar um mundo sem a tecnologia  que hoje temos em nossas mãos, mas este mundo existiu e não tem muito tempo.

Lá no inicio do armazém Ferraz, ter uma calculadora era uma raridade, aliás esse negócio de calculadora é para os fracos. 

No balcão a matemática era garantida na prova dos nove. Essa conta garantia o acerto das contas de adição.

Se um freguês comprava 3 itens, em um papel era feita a conta, exemplo:

10,00 + 15,00 +  30,00  = 55,00

Para saber se o valor estava certo somava-se as unidades numéricas  e subtraia menos nove e o que sobrar deveria ser igual ao da soma do resultado menos nove.

Neste caso, nove fora= 01, então a conta tava certa.

O interessante que isso não aprendemos na escola e sim no balcão do armazém.

Os fregueses  pediam a soma da conta e logo já cobravam, tira a prova do nove.

Essa era uma situação corriqueira e claro, para ser um bom balconista tinha que ser bom nas contas de adição, subtração, multiplicação e divisão.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

KOMBI 78

 No dito popular fala-se que um carro é mais  uma familia pra sustentar.

Talvez sim, pois sempre tem os gastos de combustível e manutenção, mas é inegável que um carro faz a diferença.

No armazém Ferraz isso de ter um carro passava da hora. Não dava mais pra continuar as entregas na bicicleta ou com ajuda de alguns amigos, como o Cheker do João Filipinho que fazia algumas entregas com sua camionete a gás.

O Ailton chegou a ter um fusca azul que também serviu de carro de entrega, mas a chegada da Kombi 78 azul, o patamar passou a ser outro.

A Kombi azul rodou muito, era entrega para todo lugar, enfretava barro e peso, mas também passou apertos com motoristas meia roda, aliás eu era um dos meia roda.

Essa kombi durou bastante tempo e tem muita história, pois além do trabalho,  era também para o lazer.

Minha habilitação foi conquistada nela. Até o Serginho teve algumas aulas de direção com ela.

Lembro que saia para as roças com o Lorival Ferraz em busca de rapaduras nos engenhos. Voltavamos cheio de cargas de rapadura e com muita abelha dentro.

Tinhamos também a venda de ovos de granja que o Zezinho de Viçosa nos repassava para vender na região. Quem fazia as vendas dos ovos no comércio era o Muambinha, Jose Carlos Correa Lino, grande amigo.

Aos domingos depois do trabalho, ou mesmo a noite tinha os bailes e forrós na roça.

Tinha um toca fita daqueles grandões a pilha que colava dentro dela pra ouvir música, mas o barulho da lataria era maior.

Gostava muito de nadar na represa da ponte coberta e também tomar umas cachaças na casa da familia do Sr Joaquim Augusto, fregueses até hoje do Supermercado Ferraz.

Tinha os fretes que eram feitos também, lembro do Guacho que tinha um terreiro de Umbada que vez ou outra solicitava o serviço.

Não posso esquecer dos fretes com os  times de futebol que era direto também.

Nos deu muito lucro,  alegria, casamentos e conta-se a lenda que o Alan surgiu nela. 

Era uma kombi pau pra toda obra.

Aldeir Ferraz



quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

TÁ RUIM MAS TÁ BÃO

“Era uma sexta-feira, dia útil. O Brasil parou. Quem não estava em casa, estava na vitrine da esquina, nos escritórios.” Joelmir Beting sobre o dia do anúncio do Plano Collor.

O Brasil tinha um presidente eleito pelo voto popular,  depois de décadas de ditadura. Em meio a uma crise sem fim, o novo presidente apresenta um plano economico.

O período era conturbado, as pessoas compravam o essencial. Lá no armazém Ferraz a freguesia continuava firme e aumentando cada vez mais.

O momento era de situação dificil de crescimento, pois pegar dinheiro emprestado com juros altos era muito arriscado.

Naquele tempo, os juros eram diários, tinha gente que possuia uma caderneta de poupança por dia.

O pessoal ficava na praça 28 de Setembro só esperando o banco abrir para verificar o ganho com juros, havia muita agiotagem também.

Como dizia um agiota da época:
"Tá ruim , mas tá bão."

Mas o que tava ruim piorou naquela sexta feira. O Governo confiscou a Poupança do povo.

Com o dinheiro preso, veio o pânico. Nesta situação surgiu uma oportunidade para o armazém Ferraz.

No confisco, os bancos liberavam dinheiro para pagamentos de dividas e uma pequena parte poderia ser sacada. 

O Plano Collor I limitou os saldos e saques a NCZ$ 50 mil (cruzados novos) com a retenção do saldo restante por 18 meses, sob correção e juros de 6% ao ano.

Como naquele final de semana tinhamos muitas  contas á pagar, alguns poupadores com dinheiro confiscado resolveram os seus problemas, resolvendo os nossos.

A desconfiança no sistema bancário passou a ser grande e muita gente passou a deixar suas economias no armazém Ferraz, com juros minimos e até sem juros.

Considero aquele momento uma guinada nos negócios.

O que tava ruim ficou bão.

Aldeir Ferraz




terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A COISA FICOU FEIA

O final da década de 80 e inicio da de 90 foram tempos terríveis, talvez aqueles momentos poderiam encerrar o projeto do Armazém Ferraz,  podemos dizer que a sobrevivência naquele periodo foi heroica.

A música que mais se ouvia era do Tião Carreiro e Pardinho, A Coisa tá Feia.

 "...Quem tinha mãozinha fina foi parar na picareta
Já tem doutor na pedreira dando duro na marreta
A coisa tá feia, a coisa tá preta...
Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta."

Era literalmente isso, pois o descontrole da economia no Brasil era enorme.

Após a eleição, o primeiro plano cruzado foi abaixo, liberou se os preços e foi uma tragédia, surgiu novos ministros após o Funaro. Passou o Bresser, o Mailson da Nóbrega, Zelia Cardoso, vieram os planos Bresser, Verão, Collor... 

Saiu o Sarney, odiado pelo povo, entrar o Color, o tal caçador de Marajás...

Aqui, longe de Brasilia, a coisa continuava feia. A Usina Rio Branco na falência e com os salários atrasados.

Nos canaviais tinhamos os boia frias que na marmita o que tinha era macarrão branco apenas.

Quem ainda tinha o que comer, 
 dividia com os que não tinham nada.

Lá no armazém o fiado acumulava e a desesperança era grande.

Tivemos naquele periodo o ápice do salário minimo em Cr$ 4639800,00.

Aldeir Ferraz









segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

TEMPOS DE MUDANÇA

 1986 foi um tempo de mudança ou uma mudança de tempo, como queiram avaliar.

O presidente era o Sarney que assumiu com o falecimento de Tancredo Neves que seria o primeiro presidente pós ditadura.

Sarneiy lançou o Plano Cruzado que substituiu a moeda Cruzeiro pelo Cruzado.

Foi um cruzado na inflação da época que estava altissima e foi derrubada.

Dilson Funaro foi o ministro responsável pela economia que comandou o plano que tinha como básico o congelamento dos preços.

No principio foi bom e como estávamos começando o armazém Ferraz, isso ajudou muito, mas não durou 06 meses para surgirem os problemas.

Começaram a faltar produtos, até o sal desapareceu. 

Os fornecedores alegaram custos de produção para a falta, pois o preço tabelado dava prejuizo.

Surgiu então o ágio. Se quiséssemos ter a mercadoria, seria necessário pagar por fora um valor a mais.

Surgiram os fiscais do Sarney, incentivado pelo presidente para coibir os ágios.

Os comerciantes eram tratados como vilões, a coisa dava até caso de polícia.

Existia produtos como o óleo de soja, que era preciso pagar adiantado para ter, uma marca famosa naquele tempo era o óleo soja Heloisa.

Passamos por esta fase, mas outras vieram.

Aldeir Ferraz 

domingo, 24 de janeiro de 2021

OS PRIMEIROS FREGUESES

 O imóvel onde funcionava o armazém do Jesus Cardoso e do Luis Monteiro foi divido em dois.

O lado maior ficou com o Luis Monteiro e o menor coube ao Armazém Ferraz.

No ínicio da preparação do espaço para a inauguração, os primeiros fregueses já surgiam.

Dona Ivone de Mello, uma professora aposentada,  moradora do Bairro São Jorge já logo entrou no armazém, ainda mal tinha mercadoria nas partilheira, entregou uma lista e disse:

"Quando tiver os produtos, separa e entrega lá em casa".

A generosidade dela teve um misto de incentivo e confiança, com isso fez com que a vontade de trabalhar tomasse conta do nosso corpo e alma.

Era toda a semana que Dona Ivone encaminhava sua lista em uma  folha de caderno.  A escrita era perfeita, letra bonita.

Outro freguês que foi pioneiro e nos incentivou muito era o Fidélis, um senhor negro, baixinho, sempre com um chapéu na cabeça, cigarro de palha ora atrás da orelha e outros momentos na boca esborrifando fumaça, sempre carregava  um isqueiro antigo que funcionava com pavio e querosene.

Quando chegava,  já alegrava o ambiente. Lembro até hoje da primeira venda que fiz pra ele.

Cinco pacotes de fumo 02 irmâos e 02 barras de sabão coringa.

E assim foi surgindo a clientela, muita gente da roça, muita gente da cidade, muita gente que ajudou no crescimento desta história.

Aldeir Ferraz

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

QUEROSENE


Já bebi muito querosene no armazém Ferraz. Quem começou lá no inicio não escapou desta situação.

Era um tempo em que a eletricidade não havia chegado para todos, principalmente na zona rural, então as vendas de lamparina, pavio de algodão, camisinha de lampião e o querosene eram constantes.

O pedido no balcão era direto, com uma garrafa ou galão na mão já sabia-se que o freguês queria o querosene.

O problema é que para tirar o querosene do tambor precisava de usar uma mangueira e chupar o líquido para fora.

Tinha momento que a puxada era tão forte, devido a pressa e uma parte seguia direto pra garganta.

A turma antiga falava que o querosene ajudava mudar de voz.

Era um tal de falar fino no final do dia, que só Deus vendo.


Aldeir Ferraz

SOBREVIVÊNCIA

 Essa viagem no passado, que tento resgatar a história dos 35 anos do Supermercado Ferraz, de fato é rica de lembranças, claro que muita coisa se perde na memória, mas aquilo que vamos resgatando dá até pra suspirar.

E lá no ínicio, na época que o Ferraz era armazém ainda, suspirar não dava tempo, a vida era intensa.

Os negócios no balcão não eram apenas mercadorias pra lá, dinheiro pra cá. Existia as trocas, os escambos.

Tinha muita gente que produzia algo que trocava-se pelo que necesitava em casa.

A Dona Aparecida que fazia esteiras de taboa era um exemplo.

Sua familia passava dias e dias entre os brejos, onde retirava as taboas e os terreiros para produzir as esteiras.

Quando tinha produção feita colocava um grande volume na cabeça e partia rua fora pra vender o seu trabalho. O peso na cabeça era grande, mas ela e a família tinham muita força e equilibrio.

No armazém entregava bastante produção, vendia-se muita esteira. Em tempos de chuva não conseguia produzir, pois o processo de confecção da esteira dependia de secar a palha.

Este desequilibrio fazia com que conseguisse pouco dinheiro  e muita vezes a produção era a conta pra pagar o que comprava no fiado.

Mas era um povo guerreiro que nos honrava de tê-los como fregueses, com todo sofrimento, sempre demonstravam serenidade.

Aldeir Ferraz


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

BICICLETA DE CARGA

 E a medida em que o armazém Ferraz se estruturava, surgiram também os fregueses que faziam compras maiores e que eram necessárias as entregas.

Não tinha um carro de entrega, havia duas bicicletas de carga, uma mais velha, outra mais nova.

Eram bicicletas resistentes e pra pilotar tinha que ter destreza e força.

Falando em força, a geografia riobranquense nos fazia adquirir um bom fisico, era muito morro pra subir.

O morro da escola normal, da chácara, os escadões, era coisa para atleta.

As bicicletas funcionavam com freio de contra pedal e quando tinhamos que descer os morros era garantido a segura, obviamente se não arrebentasse a corrente.

Existia locais que eram bem puxados para entrega, um deles era um escadão em frente a cadeia, dava mais de 100 degraus.

Um dos requisitos para entrega ali, era não reclamar, pois a freguesa chegou a trocar de vários comércios por isso.

A disposição sempre foi grande e enfrentava-se tudo com satisfação.

Algumas entregas tinha briga pra fazer, pois sempre tinha um cafezinho e um suco a espera do entregador.

Aldeir Ferraz

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

AMENDOIM

 Tem uma máxima antiga no mundo do comércio que diz assim:

" O que não é visto, não é desejado."

Como o armazém Ferraz era venda de balcão, muita coisa tinha que ser feita para destacar os produtos.

Logo de manhã cedo, ao abrir as portas, colocava-se nas entradas diversos itens. Fumo de rolo, cabo de machado, bacias, guarda chuva,  sacarias de milho, feijão, fubá grosso...

Existia um item que não era muito recomendado colocar, mas vez ou outra era colocado, o saco de amendoim.

Essa tarefa era feita por quem chegasse mais cedo. O Marquinho na maior parte das vezes quem fazia.

Acontece que todas as vezes que colocava o saco de amendoim, já tinha problema com os filadores. 

Tinha um sujeito que era mestre em jogar alguns amendoins pra dentro da garganta, até que um dia engoliu um ovo de barata, isso gerou muita gargalhada na época. Ver o espertalhão cuspindo amendoim de barata foi um barato.

O que tirava do sério era a turma que saia da Escola Carlos Soares, que em bando atacava o amendoim.

O Marquinho de longe já falava:

" Já vem a capetada"

Tinha um tal de André que não era fácil, cresceu comendo amendoim que o Marquinho deixava na porta do armazém.

Não é atoa que falam que amendoim faz crescer.


Aldeir Ferraz





terça-feira, 19 de janeiro de 2021

DINHEIRO NA PRESSÃO

A vida dos negócios no Supermercado Ferraz sempre foi apertada, um verdadeiro cobertor peleja, mas aos trancos e barrancos avançou-se no tempo.

De Segunda a Domingo, o trabalho era incessante e por falar em Domingo quem segurou as pontas algum tempo, foi o Marquinho e Zé Pequeno. Zé Pequeno era um funcionário que sempre foi considerado um amigo, um irmão.

Aos Domingos, as vendas eram boas e o Zé Pequeno ficava junto com o Marquinho até o fechamento.

Num certo Domingo, após recolher o dinheiro das vendas, o Marquinho e o Zé Pequeno ao invés de guardar o dinheiro no cofre, pois esqueceram a senha, deram um jeito de esconder o dinheiro numa panela de pressão.

Quando chegou a segunda feira, Nelsinho responsável pelos depósitos e pagamentos, notou que tinha pouco dinheiro no cofre, mas tocou o barco e foi para o serviço bancário.

As pressões das contas a pagar naquela semana foram grandes, daí chamou o Marquinho que conhecia muita gente que emprestava dinheiro para resolver os apertos financeiros.

Isso já era uma Quinta feira e o Zé Pequeno logo que ouviu a conversa da pressão das contas indagou:

- Uai Marquinho e a panela de pressão?

Naquele momento o Marquinho lembrou do dinheiro e correram pra pegar a panela.

Ufa! Ainda bem que não venderam a panela.

O Nelsinho pegou o dinheiro e a panela ajudou a aliviar a pressão.

Aldeir Ferraz



SIMPLICIDADE

 Um armazém dos mais simples e pobres, era assim a freguesia do Ferraz.

Era o povo da roça, os cortadores de cana, o pessoal da Tia Velha, Filipinho, Alto da Boa Vista, enfim de todos os lugares e com o jeito de ser da simplicidade.

Falava se o mineirês do interior na hora das compras e com toda dificuldade da vida, buscava se um tom de alegria que aliviava.

Paraguai, um homem trabalhador das roças do Corrego das Pedras, junto com seu amigo Tibúrcio já chegava cantando, ele era violeiro:

" Ah se Deus me ouvisse mandasse pra mim, 02 kg de carne, 01 kg de toucinho...."

Sr Anésio lá das bandas de Guiricema, chegava com seu embornal e um saco nas costas e fazia suas comprinhas, dizia ele que dali iria no açougue do Paulo Rosa só para  ver as carnes e em casa mandava o angú pra barriga pensado nelas, vontade ele tinha de comprar as carnes, mas a policia não deixava. A policia era o bolso dele.

O Fidélis lá do Bom Jardim, com sua filharada e netos, fazia questão em dizer que na sua casa, apesar da pobreza, onde comia 10, também comia 12 0u 13.

Dona Emésina, fazendeira viúva se São Geraldo, chegava com seus queijos embrulhados em panos pra vender, a mulher era muito brava, Marquinho passava aperto com ela.

O Gentil Ferreira com sua mão grossa, de homem retirante de leite, fazia questão de apertar a mão da gente, era de doer.

E os palavriados do povo eram um jeitão simples mesmo:

Me dá um kidiarroz, kidifeijão, uma fubarina,  meia de karosene, um sabão curinga, um sale, dois ioio, fumodirolo....


Aldeir Ferraz

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

SECOS E MOLHADOS

 A infinidade de produtos existentes hoje, não se compara com o que existia a 35 anos atrás.

Lá no armazém Ferraz como em outros comércios, as linhas de produtos eram tratadas como apenas duas, Secos e Molhados.

Apesar de muito menos itens naquele tempo, a fama de ter variedade ajudava, pois ali vocé poderia encontrar de tudo.

Kichute, chinelo, facão,filtro, fumo de rolo, arroz, feijão,sal,queijo, BHC,querosene,polvora,gurpião, lamparina, oleos, chumbinho, enxada, cabo de machado, ovos, verduras...

Tudo que podia se imaginar na época existia.

O destaque era a venda agranel, onde se vendia até 100 grs de café, 50 grs bicarbonato, pimenta, milho, arroz, feijão, margarina... Tinha muita venda pequena, pois era muita pobreza na vida de muita gente.

Existiam os caixotes e latões onde era colocado os produtos agranel, era muito pouca coisa embalada.

Quem trabalhava em balcão tinha que ser bom de concha, encher os sacos de papel e acertar o peso na balança, isso  te dava o destaque de craque, agora se não fosse bom no peso já te chamavam de molenga.

No próximo texto vamos escrever como era conhecido e falado o nome de alguns produtos que eram vendidos.

Aldeir Ferraz



O PREGO

 O crédito no comércio é um negócio antigo e nos últimos tempos evoluiu muito, hoje contamos com os cartões de crédito, cartões de fidelidade etc...

O então Armazém Ferraz herdou " O PREGO" que durante muito tempo garantiu o crédito a muitos fregueses.

Quando uma compra era feita, o valor era anotado em um pedaço de papel e espetado em um ferro pontiagudo soldado em uma base.

Era muito papel ou melhor dizendo, vales que ficavam afixados ao prego.

Para saber se alguém estava atrasado, era só checar no final do prego os devedores.

Uma forma rústica, mas não tinha tanto prejuizo, as dificuldades eram grandes, mas grande parte honrava seus compromissos.

A crise da Usina Açucareira Riobranquense, que cuminou em atrasos de salário foi um exemplo e teste de como as pessoas eram.

Muitos fregueses atrasaram seus pagamentos das contas e ainda continuavam comprando, uma situação preocupante, mas aqueles trabalhadores e trabalhadoras honraram suas dividas.

Ali naquele periodo tive a oportumidade de vivenciar a miséria e até a fome que muitos que conheci no balcão passavam.

Foram tempos de angústia, solidariedade e aprendizado.

Aldeir Ferraz

SERVIR BEM PARA SERVIR SEMPRE

Apesar da existência dos supermercados, onde o freguês fazia a sua própria compra, os armazens tinham a preferência de grande parte do povo.

O inicio do armazém Ferraz era nítido essa opção, pois em frente existia o supermercado Dular, do Zé Machado, que era bastante movimentado, mas muitos preferiam a compra no balcão.

O atendimento no balcão fazia com que as pessoas se fidelizassem, obviamente se o atendimento fosse bom.

O Jesus Cardoso sempre passava por lá para ver como as coisas caminhavam e sempre deixava as dicas. Para ter sempre o freguês de volta dizia ele que tinhamos que embrulhar e amarrar bem, ou seja servir bem, para servir sempre.

O embrulhar e amarrar bem era uma prática corriqueira de enrolar no jornal os produtos pesados na balança em sacos de papel e amarrar bem. Isso mostrava o cuidado e o zelo a compra vendida.

A confiança era algo impressionante, a ponto de sabermos de cor o que cada freguês tinha o hábito de adquirir.

O pessoal do corte de cana, quando era dia de pagamento enchiam as ruas e a faziam a festa. Muitos nem abriam seus envolopes de pagamento. Entregavam direto para nós no balcão e logo diziam para pagar a conta que estava no prego.

No próximo texto vou falar sobre essa relação de confiança que era o fiado.

Aldeir Ferraz 

domingo, 17 de janeiro de 2021

35 Anos , Supermercado Ferraz,uma história de muitas histórias

 1986, o ano que começou essa história, um pequeno armazém que surgiu de um grande comércio. 

O Supermercado Ferraz nasce após o fim de uma história de décadas do armazém do Jesus Cardoso e Luis Monteiro.

Numa decisão do comerciante Jesus Cardoso, que se aposentou, ofereceu para o seu  sobrinho Zé Ferraz a oportunidade de começar um pequeno negócio.

O Zé Ferraz  já trabalhava no armazém e tinha conhecimento com a freguesia, então era uma ótima oportunidade.

Essa oferta evitou um rumo diferente, pois o sobrinho do Jesus Cardoso já havia comprado um facão, uma luva e chapéu para trabalhar no corte de cana, seria trabalhador da CIA AÇUCAREIRA RIOBRANQUENSE.

Abandonou o facão, a luva e o chapéu e foi pra concha e a caneta iniciar com os filhos esta nova história.

Começou com muito pouco, estoque era quase nada, mas a freguesia do Jesus Cardoso seguiu para o Armazém do Ferraz.

O inicio foi de muita solidariedade e trabalho. Alguns comerciantes ajudaram, vendedores que chegavam ofericiam condições boas de preço e prazo e até gente que emprestava dinheiro surgiu.

Era muita garra e animação que contagiava o ambiente de trabalho.

Tinha dia que começava e não tinha fim, ou seja virava se até a noite de trabalho incesante.

Bom! Vou para este texto por aqui.

Tem muita coisa pra contar e se você quiser saber e os que fizeram parte desta história, fiquem atentos, tem muita história para resgatar.


Aldeir Ferraz






 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O Drama dos Acamados

 Dentro de casa, protegido por suas famílias ou mesmo em alguma instituição que acolhe os desvalidos, o drama dos acamados é nitido nesta pandemia.

O risco do corona vírus antingir homens e mulheres que estão em seus leitos enfrentando mil efermidades é grande.

Quem cuida vive a aflição destes tempos e sem muito o que fazer. 

Na batalha do espirito que precisa se romper do corpo doentio a única coisa a fazer é levar o conforto.

A proteção destes pacientes que não estão nos hospitais, mas nas suas moradas é fundamental e humanamente importante.

Cuidar é mais que um ato, é uma atitude.


Aldeir Ferraz 



domingo, 3 de janeiro de 2021

TREVAS X LUZ


 A noite percebemos aquilo que invisivelmente acontece no nosso mundo.

Olho para o céu e vejo a grande batalha das trevas contra a luz.

Esta batalha é travada a milhões de anos, desde a existência humana.

O Grande Espirito nos fez da luz, mas muitos de nós não suportamos conviver com a energia do outro, não admitem viver em constelação.

A solução de alguns espiritos foi se tornar trevas para ofuscar a luz alheia.

Optaram por perder a luz e se tornar fonte da escuridão. 

Estes seres vagam por aí como nuvens impulsionadas pelo vento cobrindo todo brilho existente.

A luz refletida em estrelas não se abala e a cada tentativa das trevas se impõe com seus fachos de luminosidade.

Este espetáculo natural e espiritual sempre tem vencedores e derrotados a cada crepúsculo.

Que possamos sempre fazer parte da luz incansável para romper com as trevas que teimam em ofuscar nosso céu.


Aldeir Ferraz 

Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...