quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

A LISTA


Não foi fácil, realmente o ano de 2021 deixa cicatrizes que dificilmente apagarão.


Por mais resilientes que possamos ser, por mais que miremos o futuro e esqueçamos o passado, haverá algo que sempre incomodará nossa alma.


Tivemos um tempo forte de adoecimento do corpo, revelamos as extremas facetas humanas do bem ao mal.


As lágrimas correram como rios em rostos incrédulos frente a devastadora pandemia que varreu vidas antes de completarem os seus ciclos históricos.


Morrer faz parte do fim de todo vivente, mas nós que acreditamos na vida eterna e hora não, resistimos as reticências, achando tudo ser um ponto final.


A lista de amigos, de parentes, de pessoas que nos davam referência é extensa, ficaram pelo caminho da vida.


Os espíritos dos bons brilham na dimensão do universo, que a memória de todos eles jamais seja esquecida.


Shalom, amém, namastê….


Aldeir Ferraz



domingo, 26 de dezembro de 2021

PEQUENAS EMPRESAS

É consenso no meio dos pequenos empresários da nossa região da mata mineira que 2021 se encerra de forma melancólica.

Apesar de já sabermos do fiasco da macro economia brasileira, a esperança de algo diferente movia os pequenos e micro empresários.

A venda no varejo foi frustrante, pois a renda do trabalhador minguou.

Os hábitos nestes tempos dificeis faz com que o consumo se torne mais criterioso.

Os grandes empresários enxergam isso e calibram seus investimentos avançando sobre o território das pequenas empresas.

Bairros,  aglomerados, pequenas cidades tem recebido investimentos de grandes redes varejistas que buscam abocanhar uma grande parcela da economia que mantém viva muitas pequenas empresas.

Deixar de comprar no armazém do Sr Zé, na farmácia antiga do Sr Carmelio e ir para um grande atacarejo tornou se uma forma de fazer milagre com o pouco de renda que o trabalhador possui hoje.

Nesta guerra de Davis contra os Golias, os pequenos terão que se reinventar.

Contar com os atuais governantes neste momento não dá. Aumento de contas de agua, luz, combustivel .... elevam ainda mais o sofrimento de um setor que gera muita renda.

Apoio para os grandes têm muito, para o pequeno resta a possibilidade da quebradeira ou da sua capacidade de resiliência.

Aí que pode existir o chekmate deste xadrez.

As grandes empresas podem muito, mas não podem tudo.

É hora de analisar o jogo atual e manter se vivo para que dias melhores cheguem e vai chegar, pois não tenho dúvida disso.

Tú vens, tú vens eu já escuto teus sinais...

Aldeir Ferraz


 

domingo, 19 de dezembro de 2021

A PELEJA HUMANA COM O DIVINO

A busca do desconhecido sempre trilhou a humanidade. Existe um mistério cheio de questões sem respostas, apenas achismos.

Certamente não estamos sozinhos neste mundo, tem algo ou alguém nos observando.

Cremos por diversas linhas de pensamentos em um ser invisivel que chamamos de Deus.

Sua forma humana é a crença da grande maioria.

O divino humano vai além na fé popular, acredita-se que seu gênero seja masculino.

E Deus nos fez a sua imagem e semelhança, ou será que nós o fizemos a nossa imagem e semelhança?

A humanidade nunca aceitou ser apenas  parte de um mundo com milhões de outros seres. Sempre quisemos ser o centro, os dominadores do mundo.

Na verdade queremos o papel de Deus e por isso tratamos de o  controlarmos nas religiões.

A religião que deveria ser a ligação com o divino virou uma estrada com pedágio para acessá-lo.

Abrir mão de sentirmos Deus pelo pulsar da vida,  pelo ar, pelo fogo, pela água, ao tocar a terra, ao ver as montanhas, o verde, o horizonte, talvez seja um dos nossos grandes erros.

Querer dominar o indominável tem nos levado a destruição.

A peleja de fazer o papel de Deus nunca nos levará a utopia.

Ouçamos o Grande Espirito da Terra.

Aldeir Ferraz

domingo, 12 de dezembro de 2021

PROMESSA NA CABEÇA

 Não é fácil a vida de comerciante, pois sempre tem os prejuízos que o assombram no dia a dia.

Isso é um trem que vem de longe e por mais organizado que seja, sempre um tombo vem.

Por que estou dizendo isso? Não é que sábado, dia de movimento maior, duas notas falsas foram passadas nos caixas.

Aí vem a indignação com a situação,como pode acontecer uma coisa dessa.

Daí que entra minha história nisso.

Minha indignação me fez jogar no bicho.

Chamei o bicheiro e disse pra ele joga uma milhar do cavalo, pois tinha tomado um coice de prejuizo.

Dei a ele o dinheiro que tinha no bolso e como o sujeito não tinha troco, falei que jogasse o restante na milhar do cachorro.

Olha como é essa coisa de sorte, um bicheiro sem dinheiro trocado, coisa difícil de acontecer, um dia de prejuizo, que poderia ser um dia de azar,  acabei acertando uma milhar na cabeça.

E o mais incrivel é que o cavalo não veio, deu foi o cachorro.

Peguei o prêmio e dele tirei o valor do tombo das notas falsas.

Resultado disso foi que deu promessa na cabeça.


Aldeir Ferraz


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

CORPORAÇÃO CELESTIAL

 Imagine se o lugar para onde iremos espiritualmente, depois da morte, fosse um empreendimento de uma corporação financeira?

O deus que comanda-se tudo fosse um banqueiro?

Se o pecado fosse as dividas que possuimos na economia?

Talvez não morreríamos antes da hora de pagar a prestação, a conta de água, de luz...

O certo é que o inferno estaria mais cheio de tanto inadimplente.

Parece imaginação,mas esta coisa toda existe.

O mundo que criamos tem essa lógica.

A divindade que cutuamos é detentora do dinheiro.

Paraíso é só pra quem tem as beneces da divindade financeira.

O inferno fica para os pobres e excluidos que vivem sem moradia, trabalho, e com renda baixa...

Aldeir Ferraz

domingo, 28 de novembro de 2021

A GRANDE NOTICIA

O dia amanheceu com um lindo céu azul e o Sol brilha no reflexo das gotas de orvalho depositadas nas folhas das árvores.

Trabalhadores e trabalhadoras seguem felizes para a labuta  cantando e festejando pelas ruas mais um dia de luta.

O café quentinho e o pão com manteiga pronto na mesa e junto deles o jornal com as notícias fresquinhas.
 
Na capa do noticiario está estampado que as potencias mundiais criaram uma força tarefa para acabar de vez com a miséria no mundo.

Aviões carregados com alimentos, equipes de saúde, professores, engenheiros rumam pra África, America Latina, Asia .... Com a missão de derrotar o inimigo da exclusão.

Cientistas e todo aparato das universidades avançam no conhecimento e em breve anunciarão a cura do cáncer.

Na ONU um grande acordo será assinado pela paz definitiva e o cancelamento da divida dos paises pobres.

A Amazônia é oficialmente declarada patrimonio vital da Terra e seus povos terão todo apoio financeiro e logistico para protegê-la.

Finalmente o projeto Renda Minima do Eduardo Suplicy saiu do papel e todos terão o minimo para viver.

As cidades terão planos diretores que irão garantir moradia digna, espaços de convivência e verde, muito verde.

Fica proibido o uso de veiculos particulares que provocam poluição, o uso das bicicletas será priorizado.

Ninguém mais poderá ganhar mais do que precisa para viver com dignidade, pois todos serão igualados ao status de Ser Humano.

As cadeias se tornarão escolas e todo  professor não ensinará apenas uma profissão, mas como se tornar um ser solidário.

As religiões não mais terão a missão de levar as almas todas para o céu, mas de construir o céu aqui com todas as almas sem distinção de crença.

E finalmente foi revelado que a Terra Vive e que ela é o Deus que buscamos, o Grande Espirito da Terra.

Aldeir Ferraz





domingo, 21 de novembro de 2021

O Que é a Perfeita Alegria?

 "...E se nós diante da porta fechada, sob a noite e a neve que cai

Conservarmos a paz, isto é a perfeita alegria"

Certa vez Francisco e Leão dialogavam sobre o que é afinal a perfeita alegria e a conclusão foi essa.

Estranho entender que haja alegria no sofrimento, mas Francisco nos ensina assim.

Na vida as portas nem sempre estão abertas, muito daquilo que desejamos não se realiza, crises sempre surgem em cada esquina e conviver nem sempre é viver com.

Como então imaginar a paz no meio de um caos? Francisco só pode ser maluco.

Mas é possivel que esta maluquice seja uma boa verdade sim.

Conseguir a paciência, o equilibrio e a serenidade diante de uma turbulência como na porta fechada que Francisco e Leão enfrentaram, tendo o frio e a fome como companhias é ter a força da paz.

Ter a força da paz é ou não é a perfeita alegria.

A perfeita alegria está no rosto cheio de rugas, nas mãos envelhecidas, no sorriso sereno de quem soube sempre suportar as tormentas com a certeza de que tudo passa pra quem caminha com a paz.

A perfeita alegria é o caminho, aprendi com Francisco, mas o exemplo real  que tenho vem da minha mãe.

Busquemos na imperfeição da vida a felicidade que achamos existir na perfeição.

Aldeir Ferraz


domingo, 7 de novembro de 2021

COMÉRCIO

 A maior parte da minha vida passei lidando com o comércio, a eterna busca por compra e venda.

Estamos condicionados como seres humanos a consumir sempre.

A necessidade do alimento, do remédio, do lazer, de um lugar pra morar, do ir e vir nos leva para uma espécie de roda gigante que gira, gira e não sai do mesmo rumo.

Um incremento nessa coisa toda é o desejo de consumir que ultrapassa a necessidade de consumir.

Compramos mais do que precisamos, consumimos pelo desejo e não mais apenas por necessidade.

Tiro essa conclusão quando vejo um carrinho de supermercado cheio, dentro dele existe mais desejos do que necessidades, é um cheio vazio.

A lógica é essa em tudo que compramos e é dificil romper com tal situação, estamos condicionados a isso.

O mundo que construimos exige isso de nós, o desejo tem um "deusejo" que cultuamos.


Aldeir Ferraz

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

LUTO POR UM ARTISTA

 Como uma explosão de uma bomba perto de nós é a  morte de alguém querido.

A noticia do trágico e fatal  acidente com a artista cantora Marilia Medonça abalou o Brasil.

 Na fila do supermercardo e o funcionário do Caixa estava desorientado. Ele havia ido  em um show  recentente da cantora.

Uma morte assim nos leva sempre pra reflexão, não somos imortais fisicamente.

Por isso é necessário que nossa vida tenha a finalidade de deixar marcas positivas, como uma semente que se torna uma árvore, que produz sombra e frutos.

Todo artista produz algo de bom, cada artista que parte deixa a vida  árida.

Vá na paz Marilia, você levou humanidade pra muitos com sua arte.

Aldeir Ferraz

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CELEBRAR A MEMÓRIA

 No dia 02 de novembro, celebramos Finados, neste dia recordamos todas as pessoas que já não se fazem presentes fisicamente entre nós.

Essa tradição vem se perdendo no tempo e o que resta é o feriado.

Alguns dizem que morreu acabou e é bobagem ir ao cemitério, certos lideres religiosos também promovem um discurso contrário a prática, claro que não são todos.

Celebrar quem já partiu nos leva a uma conexão com o além e também com nossas raízes, viemos do pó (terra) e a ela retornaremos.

Quanta coisa boa, quanta saudades, quantas certezas e incertezas temos neste dia, acho que nos tornamos mais humanos, mais sensiveis, largamos um pouco de ser essa pedra que insistimos ser.

Celebre a saudade, relembre parentes, amigos e pessoas que te marcaram de alguma forma.

Um lugar, um objeto, uma memória, conecte se neste momento na recordação.

Sorria, chore sozinho, olhe para o infinito, tenha a certeza que de algum lugar os espiritos que viveram entre nós estarão sintonizados e nos enviando boas energias.


Aldeir Ferraz 


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

FANTASMA

Pudera ser eu um fantasma quando partir.

 Andar por ruas frias, nas madrugadas, sem se sequer incomodos surgir.

Nas Luas cheias ser a sombra que encobre o brilho iluminante de algum jardim.

E no jardim ser o vento que balança as flores dos canteiros, aterrorisador mistério.

Nos bancos das praças ser a vela que se encanta com os casais em tempos de paixão.

Das noites de solidão, sentir as angustias humanas, acompanhar os copos se esvaziarem um por um e as lágrimas secarem.

Não quero ser o medo da criança, quero apenas sentir em seus berços os sonos de pureza, os sonhos dos anjos.

Não andarei vestido de lençol branco, serei luz, calor e vento.

Pudera ser eu ....








domingo, 17 de outubro de 2021

RETRATOS

 Um dia nos tornaremos apenas retratos, fotografia registrada de um momento no passado.

Terá um tempo em que estaremos na parede de uma casa familiar como lembrança e numa brevidade dentro de uma caixa de sapato por cima de um guarda roupa.

Com o passar do esquecimento temporal, traças irão consumir a imagem que já não mais importa pra ninguém.

Nossa memória tem se perdido pela negligência que carregamos ao mirar todos os dias para o futuro e achar que o passado é descartável.

Admiro pessoas que tentam conservar o que nos resta de identidade, pois a identidade é como raiz que é um fator que nos alimenta da base que viemos.

Os retratos, os registros do passado que viemos tem muito a nos dizer, não é apenas algo que nossas vistas alcançam.

Vá no baú empoeirado do quarto de despejos e resgate sua história e dos antepassados, tem vida ali, tem energia boa ali.

Nunca esqueça de onde veio.

Aldeir Ferraz 






domingo, 10 de outubro de 2021

HISTÓRIA NAS RUAS

 Não! Ainda não tinha o fusca do Chico Som pelas ruas da cidade. O barulho que se ouvia era o rádio do vizinho sintonizado nos programas da emissora Rádio Cultura. Durante o dia todo a programação era ouvida, desde o amanhecer com o Adão Caroulo.

Mas na rua também tinha os barulhos que ouviamos dentro de casa. A meninada que jogava bola na rua e o barulho de pardais e andorinhas logo se confundiam.

Em um  repente pelas ruas surgiam  vozes inconfundiveis.

Os xingos do Juca Cipó, os assobios do Cabo Dico, a meninada da Escola Normal gritando: 

" Escola Normal entra burro sai animal". Claro que não era verdade o final da frase, pelo menos pra maioria.

O Juvenal matava a pau com sua propaganda estilo carioca: 

" Ao bixcoito paulixta torradinho, frexquinho..."

O biscoito de polvilho era uma delicia e todos que experimentavam queriam mais, os pais passavam aperto quando ouviam os gritos do Juvenal.

O Jose Pequeno além de engraxate, também botava uma caixa de isopor no ombro e saia pelas ruas vendendo o Picolé Sorriso.

" Olha o Picolé Sorriso!"

O Zé rodava pra todo canto e dia de jogo ia para o Campo do Nacional onde era tratado como celebridade:

' O picolé, tem picolé de quê?"

Outros na base da brincadeira a cada vez que o nosso Zé do Picolé gritava olha o Picolé, respondiam:

" Agua pura ninguém que..."

Segundo o Zé tinha muitas marcas de picolé que ele chegou a vender

O Brazinho que ficava do lado do Cine Brasil e também da Padaria do Acácio, mas era o picolé Sorriso a sensação e que dava um troquinho bom.

Aldeir Ferraz






terça-feira, 5 de outubro de 2021

O TEMPO QUE FALTA

 O tempo que falta não sabemos, mas algum dia vai chegar, essa é uma verdade máxima.

Apesar de sabermos disso, nos enrolamos com o tempo que temos.

Reclamamos de não ter tempo para tantas coisas e lamentamos a todo tempo.

Tempo, na verdade temos, todos nós temos um dia, 24 horas.

A grande questão é como utilizamos os minutos, horas, dias que temos.

Estamos aprendendo na marra a viver com a escassez de muita coisa, a comida cara, a agua cara, a gasolina cara...

Precisamos tratar o nosso tempo como algo caro e aproveitá-lo melhor.

O preço do nosso tempo não existe dinheiro que pague.

Aldeir Ferraz





domingo, 3 de outubro de 2021

CÂNCER

 A biopsia revelou que o câncer benigno já transita para o maligno.

A equipe médica que aconselhava a retirada do nódulo via cirurgia, já aconselha um tratamento longo e penoso, a tal quimioterapia.

A mudança de estratégia, dá-se pelo surgimento de uma terceira via cancerigena, tal qual ou mais letal a que assola o corpo do paciente.

A situação é complexa, pois não estamos tratando da retirada de um simples verme, mas de um câncer que está se enraizando.

A quimioterapia é dolorida, mexe com todo organismo, tenta eliminar as células ruins e reativar os anticorpos no corpo já quase moribundo.

Estes anticorpos precisam voltar, globulos brancos e vermelhos na mesma corrente sanguinea para revigorar o paciente.

As hemácias são responsáveis, principalmente, pelo transporte de oxigênio pelo organismo. Os leucócitos são células relacionadas com a proteção do nosso organismo. 

A previsão do término do tratamento é para o dia 03 de outubro de 2022.

Que o nosso paciente Brasil possa aguentar até lá.

Aldeir Ferraz





quinta-feira, 30 de setembro de 2021

VIDA DE CÃO

 Dura vida de cão, na verdade a vida não é fácil não.

Ser cão fiel a sua vida e acreditar naquilo que te oferecem, talvez seja a origem do dito " Êta vida de cão".

Sou capaz dizer que vida de cão possa ser diferente do imaginado.

Quando uma lágrima ou um sorriso humano surge por um cão, certamente a vida deste ser tem um valor quase meio que esquecido.

Quando conseguimos tocar as pessoas, fazer com que a vocação de ser pedra não é um bom caminho, o universo celebra.

Por isso penso que ter uma vida de cão tem momento que faz bem ao coração.

Ser fiel, ciultivar o amor, a paciência e a solidariedade, ensinamentos de um amigo cão.


Aldeir Ferraz 


domingo, 26 de setembro de 2021

SOMOS DO PASSADO

 Somos do Século passado, além também, do milênio passado.


Que tem mais de 22 anos pode celebrar essa situação, ou seja, ter nascido no milênio e século anterior.


Só quem teve esse momento foram os que viveram a mais de mil anos, no periodo entre o século IX e X, virada do primério milénio.


Muita coisa avançou no modo de vida, avançou também a destruição da Terra.


Na passagem do primeiro para o segundo milênio da era cristã, o Ocidente vivia mergulhado em guerras, terrores e superstições: o fim do mundo estava próximo.


Na passagem do segundo milênio continuamos os mesmos, destruindo, matando, explorando...


Ainda tem dúvidas se realmente estamos evoluindo?


Aldeir Ferraz


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Toque a terra Sinta a Terra




O grito triste da Siriema que ecoa na grota nos fala da tristeza da terra que tá seca, mas também que o céu ouviu e em breve irá afagar a terra com suas gotas de chuva.

A nossa Terra de tão rica, está sendo saqueada e mal cuidada e agora torna-se nossa mãe pobre e abandonada.

Toque a terra, sinta a Terra como a mãe que temos e que se sacrifica por nós.

Na mitologia grega o céu é Urano, aquele que cobre ou envolve Gaia que é a nossa Mãe-Terra.

Que Urano envie provas de amor a Gaia, com muita chuva e fecunde as sementes de vida que aguardam o ciclo de renovação tão importante para a nossa existência.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

O VENTO

 O VENTO 


Vento é o fluxo de gases em grande escala. Na superfície da Terra, o vento consiste no movimento de ar em grande quantidade. 


Mas o vento é mais do que uma a definição de um elemento, ele passa a ser algo místico.


Sinta o vento lhe tocar, ouça o seu som, parece nos dar um recado, move os nossos sentimentos.


No calor busca nos aliviar, nos encanta quando agita os nossos cabelos.


Feche os olhos,levante os braços e sinta ele lhe tocar.


Vento, ventania me leve sem destino....


Aldeir Ferraz



quarta-feira, 15 de setembro de 2021

CHUVA



Como nós mineiros dizemos, chuva é um trem bão demais.

Saudade danada dela,ainda mais nessa quentura que estamos passando.

Chuva é maravilha, vindo suave, molhando o chão, espantando o calor, alegrando a planta e os animais.

Melhor ainda é poder presenciar a chuva na roça, na varanda da casa assistindo o espetáculo das arvores balançando com o vento e suas folhas molhadas.

A água da chuva escorrendo do telhado e caindo no chão. Outra coisa boa é passar debaixo de uma árvore e receber os pingos gelados caindo das folhas.

E a cantoria dos pássaros festejando com alegria e com vôos rasantes rasgando o céu cheio de riscos de chuva.

E o cheiro gente, meu Deus que cheiro refrescante de terra molhada.

Êta saudade de uma chuvinha boa.

Aldeir Ferraz

domingo, 12 de setembro de 2021

A medida da vida na vara de um bambú

 A medida da vida na vara de um bambú


A morte tinha um ritual de preparação bem diferente do que é hoje.


O defunto corpo mal se esfriava e com uma vara de bambú o seu tamanho era atestado.


Na serraria as tábuas cortadas sobre medida e os pedaços de pano afixados com grampos formavam o último leito.


Não tinha hora, era a qualquer hora e com pressa, mas com respeito a encomenda era entregue.


Em um banco de madeira, no aguardo o corpo sem vida esperava, agora sem a impaciência de quando vivo.


Flores, pouco tinha, a não ser o infortuito fosse em tempos de primavera, no outono o melhor terno ou vestido é que levava o destaque para o velado.


A morte mais do que  reunia as pessoas para a despedida, era um evento.


 Era uma obrigação se fazer presente com  orações, indo nas rodas de conversas, tomando a aguardente que não faltava para quem virava a noite.


A alça do caixão era disputada e na cova já preste a ser fechada, a tradição de jogar alguns terrões era sagrada.


E a vara de bambú em um canto ficava a espera de nova medida para  quem sabe, alguém que do velório de despedida fez presente e do lado  dos vivos.


Aldeir Ferraz

domingo, 29 de agosto de 2021

MEDO PRA CACHORRO



O Domingo foi muito bom. Já cedo nos aprontamos e saímos de casa com um compromisso, viver e reviver.

Coloquei cinquentão de gasolina no tanque do carro e fomos rumo ao campo fugindo da cidade.

Dentro do carro comigo  estava minha mãe, minha irmã Celinha, Valquiria, Ana Clara e o Juan.

Gente da cidade quando vai na roça é certo que vai pagar algum mico.

Na nossa história não foi diferente, pois ao chegar no nosso destino, com uma porteira nos deparamos.

Reza a etiqueta de que o carona do banco da frente tem o dever de descer e abrir a porteira.

Tudo bem, tudo certo, o Juan estava no banco da frente e  teria essa missão. Pois é, teria essa missão se não fosse a matilha de cachorros que vieram em nossa direção pra nos receber, resultado, o carona do banco da frente amarelou.

Naquele momento vem a pergunta e agora o que fazer?

Como estava dirigindo argumentei que não dava pra descer e como amo muito minha esposa pedi a ela que descesse, enfrentasse os cachorros e abrisse a porteira, mas acho que o amor que ela diz ter por mim ficou em cheque, além dela amarelar, quase apanhei.

A coragem veio da minha mãe que desceu e abriu a porteira, enfrentando os cachorros.

Até que naquele gesto da minha mãe, que tem mais de 80 anos, me fez ter coragem e descer também.

Só que tinha um detalhe, o medo pra cachorro que tenho me fez  voltar ao deparar com um baita de um cachorro em minha direção.

Salve a Dona Dalica, mãe corajosa.


Aldeir Ferraz 


 

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

E O VELHO ERA EU


JÁ conhecia o Norton de outros tempos, desde quando cheguei em Ubá.


Através do seu irmão Fernando Fagundes, que como vereador a época e minha militância nos movimentos sociais, tivemos algumas conversas em reuniões.



Veio então o contato na política, quando fui escolhido pelo Partido dos Trabalhadores para disputar a eleição para Prefeito de Ubá.



Um dia no Horto Florestal, estava sendo entrevistado pelo saudoso Vicente Mota quando o Norton se aproximou.



O Vicente Mota fez uma foto minha e dele e profetizou, vocês formarão uma chapa valente para a disputa da Prefeitura de Ubá.



Profecia feita e após alguns meses e muitas conversas aconteceu o que foi dito.



Formamos uma chapa para disputar as eleições e partimos pra rua, nas fábricas, de sol a sol e também entrando noite adentro.



Nestes tempos surgiu mais do que uma parceria, ficamos amigos, amigos mesmo.



O que me chamava atenção no Norton era sua energia, sua vibração e a crença de um mundo melhor.



Cheguei um dia a confidenciar pra ele que naquela dupla já me sentia o velho, mesmo tendo menos idade que ele.



Sua jovialidade espiritual promovia o ânimo que precisávamos na árdua luta de convencer as pessoas.



Professo da Fé que somos eternos, apenas o nosso corpo é que se perde no tempo e por isso não estou triste, ao contrário, sou feliz e grato por ter a honra de ter um amigo como o Norton.



Voa para eternidade “Espirito Bom” que durante um tempo se fez carne e viveu entre nós.



Saudades sim, tristeza não



Aldeir Ferraz




domingo, 15 de agosto de 2021

MONJOLO

 E a correnteza da água vinda daquele pequeno córrego fazia movimentar o tronco que levantava e abaixava. 

Na ponta deste tronco, um pilão que ao descer esmagava o milho na cuia, que se tornava o fubá, a farinha de bijú, a canjiquinha....

Este é o monjolo, desconhecido de agora e saudado por quem viveu o seu auge.

O tempo do monjolo era um tempo que tudo passava mais lento e tudo era celebrado.

Minha mãe em suas lembranças contava como era divertido voltar da escola e ver o milho sendo triturado lentamente.

Lá na Dona Nozita Barbosa ( sogra da sua irmã Maria), na comunidade de  São Francisco,  contava ela que era feito a farinha de Bijú. 

Tinha todo um preparo depois do milho esmagado. 

Uma pasta era formada, tinha o momento de peneirar, o momento de secar, o momento de desfazer as placas formadas...

Além de assistir a toda aquela trabalheira, a criançada ganhava uns pedaços de bijú.

Nada desse negócio de guloseimas de hoje, algumas mais caras que outras. O que fazia a alegria era ganhar o bijú e se divertir com o monjolo no seu trabalho  lento e sem fim.

Tempos de fartura e simplicidade.

Aldeir Ferraz



sábado, 14 de agosto de 2021

BANANEIRA DE CACHAÇA

 Tem conto que pra ouvir, tem que dar desconto.

Com meu Tio Deguinho é assim, tem história pra contar sem fim.

De um garrafão de cachaça que ganhou do Reinaldo, meu primo lá de Ipatinga, um mistério surgiu.

Lá no seu quintal o presente enterrou, pois pra todo bom consumidor de cachaça, quanto mais velha, melhor o sabor.

E o tempo passou e ali no lugar onde a cachaça enterrou, uma bananeira brotou.

Estranho acontecimento chamou a atenção. Tio Deguinho que sempre recebia seus amigos,  Zé Pequeno, wallas e Zé Geraldo em sua casa, compartilhou a novidade.

O trio gostava muito de visitar o quintal da casa.

Calados ficaram ao assistir o desenterrar do garrafão debaixo da bananeira.

Aí que o mistério ficou mais complicado, o garrafão intacto, sem nenhum quebrado, estava vazio.

Nesta história contatada ficaram muitas perguntas.

Como nasceu ali uma bananeira?

Será que a bananeira surgiu da cachaça esvaziada do garrafão?

O que o Zé Geraldo, Wallas e Zé Pequeno faziam tanto lá no quintal do Tio Deguinho?


Aldeir Ferraz 







domingo, 8 de agosto de 2021

PENITENTE



O que você faria se soubesse que tudo o que tem de herança é fruto de trapaça,  roubo, morte?

Certamente não se sentiria bem, claro que depende da sua ética. 

A maioria não se sentiria bem, pois a ética que nos é comum, nos faria assim.

O país que vivemos é fruto de trapaça, roubo e mortes dos gentios que aqui habitavam a mais de 500 anos.

Cada palmo de terra ocupada, mesmo que hoje tenhamos escrituras delas, um dia foi tomada a força, na base da violência. O pensamento da época era de construir um novo mundo.

Um novo mundo que destruiu o mundo de outros.

Mas não temos nada haver com isso, era outros tempos, o que passou, passou... Será?

Hoje temos uma sociedade organizada polticamente, economicamente, socialmente e religiosamente incapaz de se penitenciar pelo passado de horror como nos formamos.

Como penitentes precisavamos que nos refizessemos.

Reconhecer a sociedade errante que ainda teimamos ser é um passo.

Somos um povo arrogante demais, falta nos humildade pra fazer deste país uma casa de todos.

Ainda é tempo de sermos penitentes.


Aldeir Ferraz

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

TERÇO DOS BÃO

 


Era os dois chegarem e tava garantido que o terço seria caprichado.

Zé Ferraz e o Tião do Cadico, como era conhecido, tinham o dom da celebração.

As casas por onde passavam enchiam de gente em busca de uma boa oração.

Rezas e cantos religiosos eram com eles.

Suas vozes, formavam um coro que dava pra ouvir de longe. Interessante que sem nenhum  estudo de canto, não desafinavam.

'A nós descei divina luz, a nós descei divina luz, em nossas almas acendei o amor, o amor de Jesus...." refrão de uma canção que adoravam cantar.

Agora tinha um probleminha na reza que os dois puxavam. Os terços deles tinha mais contos do que dos outros, pois as ave marias e os pai nossos eram intermináveis.

Ainda bem que sempre tinha alguém que dava um jeito de parar os dois, se não virava a noite.

Esta dupla hoje está no Céu, certamente junto com os anjos em cantorias e orações.

Tião do Cadico e Zé Ferraz, homens de fé que ajudaram a paz acontecer entre nós.

Salve, Salve!

Aldeir Ferraz

domingo, 1 de agosto de 2021

HISTÓRIAS NÃO CONTADAS

 Um mundo de bilhões de vidas que surgem e desaparecem no tempo seria impossível contar a história de cada um.

Mas cada um tem a sua história vivida e como seria bom que tivesse um registro, alguém que contasse para as gerações que ainda estão por vir.

Amores que foram eternos e tatuados em algum tronco de arvore, desencontros, encontros. 

Pequenas obras de arte, grandes obras de arte que anonimas ficaram.

Mentes brilhantes que se perderam no tempo.

Gente que sumiu neste mundo e que não vemos mais.

É preciso que possamos ouvir, principalmente das velhas vividas suas histórias vividas.

Ouvir e multiplicar.

Aldeir Ferraz




quinta-feira, 29 de julho de 2021

LIDERANÇA

Tenho visto e ouvido muito dessa coisa de liderança.

O líder centralizador, o lider democrático, o líder de coesão, o líder...

Tantos modelos e um complicador que é motivar e fazer com que siga na direção que vai.

Cada vez mais ser um líder ideal é muito dificil.

Tem gente que se acha líder, mas é arrogante, o que sabe tudo, o que tem todas as respostas.

Tem gente que é líder só pra ficar em um pedestal.

Acho que ser líder é ter empatia com os que estão no seu meio.

Compreender o ambiente em que trabalha e ser mais um entre todos colaborando na caminhada te faz líder sem se achar líder.

Aldeir Ferraz

sábado, 24 de julho de 2021

UMA HISTÓRIA DE OLÉ




Ainda na sobriedade da manhã, encontrei em Visconde do Rio Branco, com o Mauro Zoi, antigo sapateiro da cidade.


Há bem tempo ouvia dele e de outros a história do dia em que Mané Garrincha jogou uma partida de futebol nestes cantos da Zona da Mata Mineira.


Da memória desta partida o Mauro não lembra a data, mas não se esquece de que teve a missão de marcar o craque do Botafogo e da Seleção Brasileira.


O jogo teve muitos gols e Garrincha fez um, conta o nosso sapateiro, mas o que mais aviva a sua memória era o confronto dele com o Mané.


Diante do astro, suas pernas tremiam e se desconcertava com os dribles mágicos que o artista da bola fazia, seus ouvidos ainda ecoam os olés gritados pela torcida.


Até hoje é conhecido em Visconde do Rio Branco como o cara que marcou o Mané Garrincha e tomou mil dribles.


Mauro foi na verdade um privilegiado por tentar barrar um dos maiores craques da história do futebol mundial.


Aldeir Ferraz

sábado, 3 de julho de 2021

POR MIM, POR VOCÊ, PELA MEMÓRIA DE TODOS QUE NÃO SOBREVIVERAM



POR MIM, POR VOCÊ, PELA MEMÓRIA DE TODOS QUE NÃO SOBREVIVERAM

VACINA SIM

E meu momento chegou, a vacina para o grande mal que tombou muitos e que deixou muitas sequelas para a humanidade.

Esperei a minha vez com paciência e consciência de que não adianta um vacinar se todos não se vacinarem.

Pra vencer o vírus todos têm que entrar nessa batalha e dar o braço para derrotar essa maldita pandemia.

Não me sinto aliviado, pois sei que ainda grande parte do nosso povo precisa também de se imunizar. Creio que só depois disso poderemos celebrar e tenho fé que celebraremos.

Agora sei que esta vacina que está em meu corpo inicia uma luta para que surjam os anticorpos necessários que irão me proteger.

Imagino essa batalha interna em mim, pois ela também acontece aqui do lado de fora com os cientistas e todos os profissionais da saúde envolvidos nessa guerra boa.

Nesse período todo em que nosso mundo entrou no caos e ainda está, cheguei a ser contaminado e adoeci, também outros tantos adoeceram e perdemos amigos, parentes e conhecidos, Partiram antes da hora e por eles precisamos continuar no caminho de luta pela vida. A vida com abundância para todos.

Não podemos negar o nosso papel neste momento vital ou mortal, ou seja, continuar a nos proteger é continuar a defesa da vida, pois o contrário rumaremos para anteciparmos a chegada da morte.

Viva a ciência, o milagre de Deus que surge nas nossas mãos

Aldeir Ferraz

terça-feira, 29 de junho de 2021

APOSENTEI


Chegou o dia, enfim a aposentadoria!

Nossa! Quanto chão ficou pra trás.

Olha que hoje vejo tudo como se fosse ontem, mas não foi.

Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomei no lombo. Os calos na mão já perdi a conta, mas tudo valeu a pena, cresci como gente grande, ganhei mais humanidade.

Pra cidade parti e no comércio dediquei a maior parte da minha vida.

Tinha patrão bão, tinha patrão chato, tinha patrão legal, isso tudo aguentei e sempre busquei ser eu mesmo, o cara do cabo de enxada que enfrentava o tranco.

Muitos amigos conquistei, minha estrada pavimentei na fé e aqui agora cheguei, aposentei.

Desafiei-me a colocar no papel o que possa neste momento passar em sua cabeça, acho que seria  mais ou menos isso.

Tenho certeza que você construiu uma bonita história e deixa a marca de um profissional exemplar, um companheiro de trabalho correto e justo.

Tornou se um profundo conhecedor da arte de comprar e negociar os melhores preços e produtos.

O mundo do comércio desde o tempo do balcão onde era olho no olho com o freguês, da prova dos 9 nas contas sem calculadora, da concha que pegava o arroz, o feijão, o açúcar, até a balança de 02 pratos ensinou muita gente a ser referência nos dias de hoje, pois o mundo avançou e sem que tivessem tido a oportunidade de sentar em uma cadeira na sala de aula, evoluiu no tempo.

Deveria existir uma lei para quem se aposentasse receber todos os méritos da vida, pois isso não é pra qualquer um.

Dão, parabéns por sua vitória, tenho certeza do seu merecimento e da luta que fez até hoje, que curta sua aposentadoria com muita paz e saúde.

Viva!


Aldeir Ferraz




domingo, 27 de junho de 2021

TODA MAGIA DE UMA CIDADE



O lugar que nascemos é sempre um lugar especial nas lembranças que levamos pra vida. Sempre tem uma história, sempre tem um caso para se contar.

E quando recordamos, surgem os mistérios e as magias que nos enchem de emoções.

Quantos lugares que  passei e que hoje  dão vidas as memórias.

Procurei listar ruas, bairros, comunidades e todos tive uma recordação, um momento bom e a curiosidade do “por quê” do lugar.

Visconde Rio Branco é assim, cheio de boas lembranças e mistérios.

Lá tem uma rua conhecida por capim cheiroso, nome que certamente nos traz o perfume da lembrança.

O Morro da Forca, onde sim existiu uma forca e relatos de condenações é o caminho do Colégio Rio Branco e quando era período de provas realmente imaginávamos o nosso pescoço enforcado.

O caminho da Vovó, que nome carinhoso, melhor tratar assim do que ter nome de um coronel desconhecido.

A comunidade da Tia Velha onde convivi com muita gente de energia boa, certamente são protegidos e energizados por esta velha tia protetora de todos os males.

Lá no Alto da Boa Vista tinha o Campo da Lagorda onde era o espaço da meninada jogar bola e ponto certo pra receber os circos que chegavam na cidade. Há tinha a piscina seca, na verdade nunca a vi cheia.

O Matucho era o lugar para divertir com a água de cachoeira, mas tinha a xistosa que nos assustava.

Morro da Formiga, Pito aceso, Chácara, Filipinho, Colonia, Muzúngu, tantos lugares e histórias com lembrança de muitos conhecidos que moravam nestes lugares.

Nas comunidades rurais mais coisas boas a lembrar por todas as bandas:
Ponte Coberta , Sementeira, Gordura, Roça Alegre, Cachoeirinha, Massambará, Clemente, Feiticeiro,Sapateiro, Santa Helena, Santa Juliana, São Francisco, Santa Maria, Bela Vista…. 
Rezas, festas, boas reuniões...

Em cada canto uma história pra contar e claro que a Praça 28 de Setembro tem um capítulo especial, pois é onde os amores, as amizades e até a politica se encontrava. Cada árvore, cada banco, o coreto são  paisagem de quem sonha distante de sua terra natal. 

Salve Visconde do Rio Branco, salve nosso povo e nossa história.


Aldeir Ferraz

sábado, 26 de junho de 2021

MARLI FELIX

 

Dona Marli me dá água!

E lá vem ela pra atender um por um que gritava no portão de sua casa.

Do bairro são Jorge ao morro da Tia Velha era constante os chamados das pessoas que com latas vazias eram atendidos com paciência.

Do seu poço muita gente teve sua sede saciada.

A Marli Felix é de fato um patrimônio de Visconde do Rio Branco. Seu jeito alegre e espalhafatoso de conversar, realmente enchia e enche de alegria quem tem a oportunidade de ficar na sua presença.

Aqui do Supermercado Ferraz sempre a avistamos em sua janela, a quase todo momento conversando com os que passam em sua calçada.

Quem não tem um bom momento de uma boa conversa com ela.

Do flamengo sempre foi torcedora ferrenha e aí de quem mexesse com seu time de coração, teria que agüentar muitos palavrões, palavrões carinhosos, claro. 

Em tempos em que necessitamos de muita empatia, ta aí um grande exemplo.

Tem gente que vive na Terra e nunca poderia desaparecer, pois o que de bom fazem por aqui, ficam eternizados em nossos corações


Aldeir Ferraz




domingo, 13 de junho de 2021

LEMBRANÇA APENAS

 E quando eu virar lembrança espero que seja apenas boa lembrança.

Não guarde as mágoas que tenha por minha causa.

Esqueça os tempos em que as doenças trouxeram inquietitudes, deixe essas dores pra lá.

Deixa de lado as vezes em que o dinheiro faltava e as contas batiam na porta.

Não remoa as brigas que tivemos.

Esqueça tudo que foi de ruim.

Eternize as boas lembranças.

Lembra das boas risadas, aquelas que faziam lágrimas escorrer.

Não esqueça das festas, da boa comida, da boa bebida que partilhamos.

Das noites que viraram dias, dos abraços, dos beijos, dos amores, jamais deixe apagar.

E faça do tempo que juntos tivemos o perfume que suaviza o respirar.

Ah que tempos bons, que boas lembranças, que saudade boa.

Quando eu virar lembrança, lembre-se que seja apenas uma boa lembrança.

Aldeir Ferraz








terça-feira, 8 de junho de 2021

CARTA DE UM FALECIDO



Fiz a minha passagem. Cá estou em um emaranhado de almas de tudo quanto é canto do mundo.

Aqui a língua falada é universal, todos nos entendemos. No caminho que fiz vi muitas almas ficarem para trás, não são todas que chegam. Prevalece o dito de que o que fizeres na terra estará ligado no céu.

O interessante deste meu tempo em que parti é o grande número de almas prematuras chegando. Isso mesmo, quando nascemos antes do tempo, somos bebês prematuros e quando morremos antes do tempo, aqui somos chamados de almas prematuras.

O responsável que nos acolhe aqui disse que a situação é incomum, pois o vírus está trazendo muitos mais cedo.

Ficamos em uma ala dos que foram mortos por crime, suicídio e doenças que teriam cura mas não tiveram o devido socorro.

O pensamento aqui é geral, viemos antes da hora porque tá faltando humanidade, tá faltando cuidado um com o outro.

Um mundo cheio de riquezas naturais e de pessoas inteligentes deveria evitar o que está acontecendo.

Mas vida que segue, digo eternidade que segue, pois aqui tudo é eterno.

As noites são maravilhosas, os dias também. O que vem aí da Terra conosco é a saudade,mas vamos superando ela a cada momento que nos reencontramos com os que vieram primeiro que nós.

Espero que um dia não tenhamos mais almas prematuras, que possamos ter o nosso tempo adequado e aí sim chegar aqui com mais paz e tranquilidade.

Por fim mando um recado a todos, tenham certeza que Deus não quis nenhuma morte destas que a pandemia tem provocado, aliás Ele demonstra tristeza com o que está acontecendo, sempre nos diz nas nossas conversas que não foi esta humanidade que  desejou e que fez surgir na Terra.


Aldeir Ferraz

sábado, 5 de junho de 2021

A TIA DO CACHORRO

 Da janela de casa vejo passar todos os dias uma bela senhora e seu pequeno cachorro. Com toda paciência, hora a passos lentos ou rápidos o seu companheiro de caminhada a guia.

Conheço um pouco da história daquela mulher. Ela desde jovem sempre foi meiga e carinhosa, mas nunca teve um mascote como companhia.

Dos seus amores e sonhos sempre dedicou sua energia.

Criou uma familia, como professora ensinou a tantos, pessoas que se tornaram  importantes e outros nem tanto.

Na sua vida tudo se foi aos poucos. Amores partiram cada um para seu destino e com ela ficaram as lembranças.

Certo dia de sua vida, andando pela rua deparou se com um pequeno cachorro que não tirava os olhos dela.

Amou aquele animal a primeira vista e como abandonado estava resolveu adotá-lo.

Agora ela desfila com ele para todo lado e o que tem de amor na sua vida reparte com seu amigo.

E lá vai ela sorridente e altiva, pois continua como sempre foi, repartindo seus bons sentimentos com alguém.

Aldeir Ferraz



segunda-feira, 24 de maio de 2021

MEU AMIGO ADÃO

 MEU AMIGO ADÃO


Adão nome hebraico que significa homem da terra vermelha, Adão também é nome de um amigo.


Este meu amigo tinha a energia da terra, o brilho do Sol nos olhos, a fala esperançosa que soava ao som de ventos uivantes.


Sua alegria sempre foi contagiante, sua solidariedade e fé eram profeticas.


Um dia, o tempo e a distância nos levaram para caminhos distintos.


O tempo e a distância são fatores complexos que desconstroem os nossos caminhos.


O que era a perfeita harmonia ficou em um passado distante e que nos falta no presente.


O destino que é esta mistura de tempo e distância nos leva para um mundo afora e novos rumos são tomados.


Num dia desses reencontrei o homem da terra vermelha, o Adão, o meu amigo Adão.


Adão Já não tinha mais o sentido de terra vermelha, estava árido, o seu olhar nebuloso e a voz estava aprisionada numa espécie de caverna profunda,


Já não tinha mais alegria e como um pássaro ferido evitava qualquer aproximação.


É triste ver um homem, guerreiro, menino com a marca do tempo por sobre seus ombros, Gonzaguinha tinha razão em sua canção.


O que mais nos assusta é essa impotência que este mundo nos dá, ver um amigo se desfazendo célula por célula, átomo por átomo.


O que é feito das nossas vidas, o que o tempo e as circunstâncias nos transformam?




Aldeir Ferraz

domingo, 16 de maio de 2021

JOGOU E PERDEU

Essa o Zé Pequeno tem certeza que aconteceu.

Sempre no final do expediente o recado de casa chega, as encomendas das esposas é um fato:

"Traga isso", "traga aquilo".

E o Tio Deguinho recebeu um recado por telefone:

- Mineiro traga um intera pra janta.

Era Tia Irene alertando que as panelas já estavam no fogão e o tira gosto podia faltar não.

Mas como sempre, armazém fechado o destino era os botecos, desta vez a saideira foi no Jorge Dutra.

Pinga, cerveja e tira gosto no balcão e em volta o Pedrinho Cera, Tio Deguinho,  Marquinho, Nelsinho, Zé Pequeno e Wallas.

Resolveram jogar no palitinho quem pagaria as rodadas.

Não era a noite do Tio Deguinho e as rodadas estavam sobrando pra ele, até que o dinheiro acabou. O que sobrou foi a intera que estava levando para o jantar que a Tia Irene fez.

Colocou na disputa da última rodada e a noite tava de azar, Tio Deguinho perdeu novamente.

Chegou em casa de mãos abanando e pra não levar um puxão de orelha jogou a culpa em um gatuno que roubou o tira gosto que estava na garupa da bicicleta.

Aldeir Ferraz

RECEITA DE BALCÃO

 E as histórias vão surgindo nas lembranças como móvel que aparece logo que a poeira é retirada.

Desta vez o caso é  as receitas nascidas no bate papo no balcão do armazém Ferraz.

Conta-se que o Wallas casado de novo e o Zé Pequeno estavam com uns probleminhas em casa.

A verdade que o trem tava falhando e nem catuaba com ovo de codorna tava funcionando.

O Marquinho logo deu a receita pra dar conta da situação, fígado de boi é a sustância necessária pra levantar a moral e a felicidade.

Mas o Zé Geraldo e o Tio Deguinho apresentaram um outro estimulante tiro e queda, o caldo de cana.

Visconde do Rio Branco era a terra da cana de açucar e do meio dos canaviais a conversa do caldo de cana como estimulante sexual era quente.

Wallas seguiu a receita tanto do Marquinho, quanto do Tio Deguinho e o Zé Geraldo.

"E num é que o trem deu certo sô", comentou o Wallas uma semana depois, cheio de alegria e revigorado.

Zé Pequeno que não tava acreditando na receita já mudou de idéia e resolveu experimentar.

Com a orientação do Marquinho caprichou no fígado e colocou tomate e muita cebola, o jantar em casa tinha que ser afrodisíaco. A bebida de acompanhamento era o caldo de cana, indicação do Zé Geraldo e Tio Deguinho.

Como o Zé Pequeno tava mais necessitado, resolveu dobrar os ingredientes, no caso do caldo de cana tomou quase duas garrafadas.

No outro dia nosso amigo Zé Pequeno chegou no armazém atrasado e com muita olheira e fraqueza.

Todos logo já perguntaram se ele tinha trabalhado muito a noite e se deu conta do serviço.

Indignado o Zé Pequeno logo falou:

- Fiz muita força essa noite sim, mas foi no banheiro, a caganeira que me deu acabou comigo, nunca mais sigo as receitas suas, é tudo doido.

Aldeir Ferraz


sábado, 15 de maio de 2021

POR QUÊ?

Por quê? Constante é e de forma aflitiva o questionar diante da morte.

Ao Divino tentamos buscar uma resposta que na verdade já existe, morreremos algum dia.

Claro que a partida inesperada nos assusta, se é que esperamos o dia da partida. Sabemos dela mas ainda buscamos uma resposta.

O momento que vivemos de pandemia tem nos confrontado diariamente com a morte. Quase a todo momento alguém próximo deixa de existir entre nós.

Se sabemos do nosso fim, antecipado ou não, talvez não caiba o mistério e questionar.

Talvez o grande mistério então seja a vida, não sabíamos que nasceríamos e aqui estamos.

Pouco ou nada procuramos saber da nossa existência.

Para que nascemos? Por que nascemos? Qual a nossa missão?

Antes da nossa partida seria bom que soubéssemos.

Aldeir Ferraz 




Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...