Já bebi muito querosene no armazém Ferraz. Quem começou lá no inicio não escapou desta situação.
Era um tempo em que a eletricidade não havia chegado para todos, principalmente na zona rural, então as vendas de lamparina, pavio de algodão, camisinha de lampião e o querosene eram constantes.
O pedido no balcão era direto, com uma garrafa ou galão na mão já sabia-se que o freguês queria o querosene.
O problema é que para tirar o querosene do tambor precisava de usar uma mangueira e chupar o líquido para fora.
Tinha momento que a puxada era tão forte, devido a pressa e uma parte seguia direto pra garganta.
A turma antiga falava que o querosene ajudava mudar de voz.
Era um tal de falar fino no final do dia, que só Deus vendo.
Aldeir Ferraz
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