terça-feira, 8 de junho de 2021

CARTA DE UM FALECIDO



Fiz a minha passagem. Cá estou em um emaranhado de almas de tudo quanto é canto do mundo.

Aqui a língua falada é universal, todos nos entendemos. No caminho que fiz vi muitas almas ficarem para trás, não são todas que chegam. Prevalece o dito de que o que fizeres na terra estará ligado no céu.

O interessante deste meu tempo em que parti é o grande número de almas prematuras chegando. Isso mesmo, quando nascemos antes do tempo, somos bebês prematuros e quando morremos antes do tempo, aqui somos chamados de almas prematuras.

O responsável que nos acolhe aqui disse que a situação é incomum, pois o vírus está trazendo muitos mais cedo.

Ficamos em uma ala dos que foram mortos por crime, suicídio e doenças que teriam cura mas não tiveram o devido socorro.

O pensamento aqui é geral, viemos antes da hora porque tá faltando humanidade, tá faltando cuidado um com o outro.

Um mundo cheio de riquezas naturais e de pessoas inteligentes deveria evitar o que está acontecendo.

Mas vida que segue, digo eternidade que segue, pois aqui tudo é eterno.

As noites são maravilhosas, os dias também. O que vem aí da Terra conosco é a saudade,mas vamos superando ela a cada momento que nos reencontramos com os que vieram primeiro que nós.

Espero que um dia não tenhamos mais almas prematuras, que possamos ter o nosso tempo adequado e aí sim chegar aqui com mais paz e tranquilidade.

Por fim mando um recado a todos, tenham certeza que Deus não quis nenhuma morte destas que a pandemia tem provocado, aliás Ele demonstra tristeza com o que está acontecendo, sempre nos diz nas nossas conversas que não foi esta humanidade que  desejou e que fez surgir na Terra.


Aldeir Ferraz

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