E o ponteiro do relógio gira, meu tempo avança.
Já não posso mais dizer que o tempo corre, aliás, já não corro mais, já não ando mais.
Preso a uma cadeira de rodas e com o corpo quase todo paralisado, resta-me memórias e a compaixão dos meus.
Memórias de caminhos agitados e tantos afazeres, era tanta correria que não dava conta.
Viver era o que mais sabia fazer.
Hoje meus passos esqueceram de mim e cá estou, tudo que é perto é distante agora.
Outro dia,na sala, sozinho com meus pensamentos, avistei bem no cantinho minha velha bengala. Antes do inicio do meu clausuro, era com ela ainda que lutava pra ficar em pé. Foi minhas últimas forças que compartilhei .
A velha bengala me acompanhou por um bom tempo, agora estamos encostados. Eu aqui, ela lá.
De vez em quando peço para segurá-la, tento firmar minha mão e me erguer, mas, nada.
Sabe, percebo que ela torce por mim, pois dela emana um sinal que parece dizer:
" Vamos você consegue, vamos caminhar juntos! "
E fico aqui agora com minha trilha sonora, junto a minha velha bengala, ouvindo a velha canção do Barrerito.
Meus passos onde estão os meus passos?
Que esqueceram meu corpo
Que é levado nos braços
Meu Deus um pedido eu queria fazer
Se um dia o senhor me atender
Devolva meus passos.
Aldeir Ferraz
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É, a velhice as vezes nos tortura.
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