Com a câmera na mão saiu em busca da foto perfeita.
Andou por vários lugares, percorreu ruas, olhou para o céu, fitou as árvores, vislumbrou se com as cores de um pássaro.
Tudo foi registrado, mas faltava algo, uma centelha divina era seu desejo de captar.
Passando em uma praça viu sentada na escada de uma igreja uma velha senhora e logo se aproximou.
Aquela mulher tinha um rosto cheio de rugas, cada ruga parecia contar os anos que foram se passando.
Entre as rugas haviam traços como se fossem vales, onde certamente seguiam lágrimas que por vezes desciam de seus olhos.
Os cabelos, na maior parte, brancos e castigados , mas ainda possuia alguns fios que insistiam na jovialidade lá da infância.
Não havia como deixar de notar que em sua orelha esquerda tinha um pequeno brinco, talvez tenha sido o único que ganhou em sua vida. Este brinco era muito pequeno, como aqueles que toda menina que nasce recebe de seus pais.
Os lábios dela mostravam a força que certamente tinha ao falar, gritar, rezar e até mesmo beijar o amor que um dia viveu intensamente.
Os seus olhos eram surpreendentes, pois pareciam viajar para uma longa distância, como se tentassem afastar de alguma dor ou mesmo em busca da esperança perdida.
O fotógrafo então pediu lhe a permissão de registrar sua imagem.
Ela lentamente balançou a cabeça de forma positiva.
Assim que a imagem foi resgistrada, aquela mulher especial levantou se e saiu sem nada dizer.
Por alguns segundos ainda conseguiu ver naquele olhar feminino algumas lágrimas escorrendo.
Nosso fotógrafo ficou admirando a fotografia que fez daquele semblante que dizia mais do que mil palavras.
Virando uma esquina aquele ser divino desapareceu e não foi mais vista pela região.
A procura de sua centelha divina o artista das fotografias encontrou naquele rosto uma vida inteira e um universo em que certamente ela seguiu.
Aldeir Ferraz
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
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Por de traz de um rosto marcado pelo sofrimento sempre existe lindas histórias de amor.
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