quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A CASA



O mato cobre o telhado e o entorno, as portas e janelas de madeira fechadas não impedem que pequenos largatos façam dali de abrigo. As paredes brancas de cal se preservam dos anos, décadas daquela pequena casa.
O terreiro coberto por uma suave grama esconde o passado de vida daquele lugar.
Ali sem duvidas era o antônimo do silêncio que hoje reina.
Mas, ainda dá para sentir os cheiros, ouvir o som e ver os movimentos dos dias cheios de intensidade.
As crianças que brincavam no terreiro junto as galinhas, cabritos, porquinhos e também do cachorro de pele esbranquiçada que latia sem parar mostrando sua autoridade de quem zelava aquele lar.
Pássaros se revezavam ao chão sempre cantarolando e disputando os farelos arremessados da janela.
Lá na cozinha a fumaça que saia da chaminé do fogão a lenha também exalava os cheiros das deliciosas comidas feitas pela mãe da meninada lá do terreiro.
Ao final do dia chegava o pai que se ajuntava com a mãe e filhos na porta com um violão e faziam serenata para lua que se avistava.
Esta rotina gostosa com o passar do tempo foi desaparecendo, o pai foi pra junto de Deus. 
A mãe e os filhos já crescidos partiram pra cidade deixando para trás o o cachorro zelador que de tristeza seguiu por uma estrada e desapareceu.
Os pássaros já não desciam mais das árvores e o silêncio tomou conta daquele lugar.
A velha casa em meio ao nevoeiro das manhãs tornou se apenas um retrato de saudades de um tempo que se perdeu e que não volta mais.

Aldeir Ferraz

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