sábado, 11 de janeiro de 2020

Pescaria

Final do dia de trabalho lá na comunidade de São Francisco. Zé Grilo corre pra retirar a junta de boi carreiro que puxava na carroça as espigas de milho que colheu por horas.
 Em casa tomou um banho apressado no seu chuveiro adaptado ao um balde. Trocou de roupa e pegou seu camelo, uma velha bicicleta, e partiu pra Venda do Ferreira.
A Venda do Ferreira ficava próximo a igrejinha São Francisco onde o povo mais velho estava em uma reza.
As coisas eram assim,  os jovens arredios apreciavam de longe as rezas.
Terminada a reza, dali a turma de amigos do Zé Grilo seguiram com varas de anzol para uma pescaria no córrego que passava ali próximo.
No local tinha uma ponte de madeira em cima do remanso do córrego e ali enconstaram suas bicicletas, alguns vieram na garupa de carona.
Já no escuro da noite eram iluminados com a lua cheia e uma lanterna Everedy da famosa pilha do gato.
Com um enxadão retiraram da terra, próximo a uma plantação de inhames minhocas puladeiras para servirem de iscas.
Na beira da água já iniciando a pescaria o Zé Grilo pitava um fumo de rolo soltando muita fumaça pra espantar as muriçocas.
Não tardou e já começavam a encher os embornais com fieiras de peixe.
Eram peixes de várias espécies que hoje não se vê mais.
Lambaris, os mais espertos para serem pegos,  também tinha Carás, bocarras, bagres, traíras, maria moles...
Conseguiram fisgar algumas rãs que eram hipnotizadas com a luz da lanterna.
Voltando pra casa e no fogão a lenha após limparem os bichos todos foram  fritos em uma panela de barro.
E ao som de uma viola e uma garrafa de cachaça saborearam a conquista da pescaria.
Ao fim daquela noite cada um partiu para suas casas, pois a lida de roça é todo dia e o negócio começa bem cedo.

Aldeir Ferraz



Um comentário:

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