Já pequeno se descobriu como palhaço, fazia o encanto dos amigos e parentes, sempre era convidado para as festas e animava onde chegava.
Resolveu ganhar a vida em um circo, viajou muito, mas a saudade o fez voltar e na sua terrinha ficou com seu trabalho de levar alegria principalmente para a meninada.
Ficava nas portas de lojas, nos aniversários e também apresentava peças teatrais nas escolas, sempre levando a graça que sabia fazer naturalmente.
Apesar de muito trabalho não tinha uma boa renda e sua vida era muito simples, andava em um carrinho velho e sua casa era de telhado e portas fechadas com taramela.
Durante décadas se vestiu de palhaço a ponto de quase ninguém reconhecê lo sem as pinturas do rosto.
Um dia na rua se sentiu mal e o coração parou, estava sem pintura e documento. Quem o socorreu levou para o hospital como indigente, custaram a descobrir quem era.
No seu velório pintaram seu rosto e lhe colocaram sua roupa de palhaço, foi a sua última apresentação em público.
Pela primeira vez sua platéia não dava gargalhadas, as lágrimas era regra entre os presentes.
Foi sepultado e na lápide escreveram:
" Aqui Jaz Alguém Que Está na Graça de Deus, Pelas Graças que nos Concedeu."
Quando morre um palhaço, morre um pouco da escassa alegria que ainda tem entre nós.
Aldeir Ferraz
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
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