quarta-feira, 27 de maio de 2020

VONTADE

Oh vontade de deixar a cidade e ir lá pra roça, lá no meu cantinho. Meu Sitio Felicidade.
Que coisa boa que é. De manhã cedinho, aquele frio, a cerração, as galinhas no terreiro.... O galo batendo asas e no seu canto demonstrando quem é o rei do pedaço. Lá na cozinha, o fogão de lenha com a brasa ardendo fervendo a água que irá regrar o café que já está no coador do mancebo.
Nossa mãe! O ar é diferente, o olhar nos enche de satisfação pra todo lugar que se vai. Tudo é verde, tudo é brilhante, tudo é belo.
A água fresquinha da mina, bebida na folha de inhame é revigorante, é cristalino. Daquela mina nasce o córrego que é habitat de peixinhos coloridos que celebram a vida com muita festa.
O curral onde as vacas aguardam os seus bezerros, após terem parte do leite retirado em baldes é um movimento só.
A horta repleta de verduras variadas e ainda molhadas pelo orvalho da madrugada aguardam pra serem colhidas. O quiabo está convidativo.
Os canários com a cantaria se lambuzam no fubá arremessado da janela para o quintal.
E os amigos que passam pela estrada de cavalo ou a pé não deixam de erguer o chapéu e fazer o cumprimento que por lá é normal.
Ai que vontade de ir pra lá e não voltar mais. O almoço com aquele arroz quentinho, o angú de fubá de moinho d´água, o torresmo fritinho, o feijão inteiro vermelhinho...
Na varanda a rede esticada, o rádio ligado e a pinga do lado. Tirar aquele cochilo de leve e acorradar suspirando no meio da tarde.
Na hora do entardecer ir ao oratório e agradecer a Nossa Senhora a vida que é maior do que qualquer riqueza possa ter.
Éh vontade boa! Um dia essa vontade vai virar verdade.
Vou chegar lá! Se Deus quiser! Por hora é só sonhar. Éh vontade danada.

Aldeir Ferraz

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