Final de tarde, e o Sol já toma seu caminho, da roça a turma se recolhe de mais um dia de lida.
Na estrada em rumo pra casa, numa árvore, em galho seco, um piado de gavião arrepiou a todos.
Naquele momento uma certeza bateu no cumpadre Zé, um homem antigo da região:
Gavião que pia é velório na certa que teria.
Cumpadre Zé contava que os agouros da natureza feito por gaviões, garrinchas, corvos era o aviso da partida de alguém.
E essa profecia do pássaro de fato realizou, Tia Fia, deixava o mundo, depois de quase cem anos de vida.
Apesar da idade da falecida, os agouros alertavam também para a morte de muita gente nova.
Assustados com isso chamaram a benzedeira da região, Dona Maria, que era muito querida, pois até parto fazia.
Dona Maria organzou uma novena e de casa em casa com suas orações e simpátias da morte protegia os que com fé a seguia.
A cada terreiro que chegava, Dona Maria riscava uma cruz no chão e bem no meio enterrava uma faca.
Os pios mudaram de tom, gavião já não acertava uma, as mortes cessaram.
Aquele povo que tinha velório toda semana já estavam protegidos.
Fé e crença nos cercam ao longo do tempo, um mistério que não se explica,mas os testemunhos destas histórias estão por aí sendo contados.
Aldeir Ferraz
domingo, 16 de fevereiro de 2020
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