Enquanto o som daquela sanfona preenchia o silêncio da varanda, o velho brilhava seus olhos e a primeira lágrima já escorria no rosto marcado pela lida.
A sonoridade das músicas antigas que saiam da decisão do sanfoneiro em acertar com perfeição os acordes de tão belo instrumento provocava uma inevitável viagem no tempo.
Mesmo se valendo de uma bengala, naquele instante já se sentia aquela criança que foi em um longínquo tempo e com um suspiro apenas pode sentir a brisa que lhe batia nos galopes em um cavalo de pau pelas trilhas deixando muita poeira para trás,
A música penetrante nos ouvidos levava a uma eternidade de pensamentos sobre a longa estrada até o momento percorrida.
Amores, amigos, flores e dores tudo se foi deixando de ser visto com olhos e agora apenas sentido com o coração;
E quando as melodias cessaram o velho então foi se recobrando daquele extase , ajeitou seu chapéu e como quem apeia em uma estação de trem , olhou para tudo e para todos sem dizer nenhuma palavra, apenas sorriu.
Aldeir Ferraz
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário