quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A SOMBRA DE UM CAVALEIRO



— Então você é sobrinho do Avelino Inácio?

— Sim! Meu tio e padrinho!

Até hoje ainda encontro com pessoas neste cantão da Zona da Mata Mineira, por estas serras que rodeiam visconde do Rio Branco, alguém que conhece este homem, alguém que sabe das suas histórias.

Ser sobrinho e afilhado dele sempre me fazia ouvir e ainda ouço:

_“Então cê é gente boa uai!”

Talvez por seus negócios, por sua lida de homem do campo, da compra e venda de gado. Mas não é apenas isso que faz alguém ganhar o respeito no meio do povo, existe o jeito de ser.

Dele trago sempre a imagem do cavaleiro, montado em seu cavalo sob Sol escaldante, fazendo sombra na estrada, chegando de longe, empoeirado, mas bem alinhado desde a bota ao chapéu.

Gostava muito de passar as férias por lá. Na casa dele tinha uma televisão a bateria, engenho de rapadura, chiqueiro de porco, córrego pra pescar. Só tinha um problema que era a cachorrada brava…

Ah! Tinha muito serviço também, ali a turma ralava, sobrava até pra mim, ajudava a debulhar milho e até candear boi. Nesta segunda tarefa já cheguei quase tombar uma carroça com boi e tudo numa pirambeira, menino de rua dando uma de candeeiro é engraçado.

Sua história se mistura com sua mãe Jovelina, que viúva contou com sua lida para cuidar da subsistência das coisas que tinham.

Não posso esquecer do prazer que tinha de tomar uma cachaça e isso aí ninguém é de ferro, mas não bambeava com as goladas de jeito  maneira.

O povo da Folia de Reis fazia questão de madrugar na sua casa, pois a família era grande e todos acordavam pra receber a cantoria e a reza.

Enfim, com seu cavalo já não anda mais por estas bandas, mas com certeza cavalga entre as estrelas junto aos que deixaram aqui na Terra seus bons exemplos de coragem e dedicação aos seus.


Aldeir Ferraz



Um comentário:

  1. As cavalgadas em dias ensolarado e estradas cheias de poeira podem acabar, mas as recordações nós fará registrar estes bons tempos para sempre.

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