Se trabalhar mais, vai adoecer e se não trabalhar, vai adoecer também.
Este é o drama de vida de muitos trabalhadores e trabalhadoras deste país.
Conheci um caso desses fazendo fisioterapia. Um senhor já calejado pela vida lutando para se recuperar de algumas dores em seu joelho. Por coincidência estava também com problemas parecidos com o dele.
Enquanto fazíamos os exercícios dentro de uma sala, puxei conversa e me contou que era aposentado, mas sua renda não dava para manter sua família. Tinha que trabalhar, não havia outra opção.
Dentro de um chão de fábrica sua função é bem pesada, anda pra lá e pra cá. Tem hora que precisa baixar a cabeça, ir pra um canto, pois teme que alguém veja sua cara de dor e possa ser mandado embora.
O medo lhe corroí, pois precisa superar tudo para se manter naquilo que te mantém. O seu trabalho é muito importante para o sustento da sua e de outras vidas.
Vivemos em tempos do medo e isso nos impede de alcançarmos uma felicidade plena, pois neste conceito de mundo, somos necessários até quando possuímos vigor, saúde, energia. Quando a energia se esvai, passamos a ser descartáveis e outros assumem o nosso lugar, até que sejam também descartados.
Há um limite para o nosso corpo em suportar o trabalho e infelizmente isso não é reconhecido pelo Estado que estamos tendo.
Seria preciso garantir o direito de ter uma renda digna não na lógica do fim da vida, mas quando os limites já nos impedem de seguir no trabalho.
Não se pode continuar com a lógica de que só os fortes podem sobreviver.
Aldeir Ferraz
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