Um homem que cavalgava, sobre um cavalo com trotes lentos, rumava para o seu fim.
Era uma tarde, quase noite e Chiquito, um mestiço, corpo castigado pela lida da roça, quase maltrapilho, rosto coberto por uma barba rala e na cabeça um chapéu empoeirado, saíra de uma pequena venda de roça onde na beira do balcão esvaziara um litro de uma cachaça servida pelo atendente.
Cambaleando e com dificuldade subiu em seu animal e seguiu caminho. Todos que ali estavam já pouco ligavam para aquela cena,pois nos últimos tempos aquilo era uma rotina.
Seus olhos vidrados não enxergavam nada a frente, contava apenas com seu cavalo pra chegar em casa.
O seu destino estava selado, sua última viagem chegou ao fim. Na curva do caminho, uma estrada fechada por mato de um lado e outro, um tombo, a cabeça em uma pedra e.... Ainda foi socorrido, mas ali se encerrou a sua vida.
A vida, na verdade já não existia mais pra ele. Era uma questão de tempo e como aconteceria seu fim.
A amargura que carregava lhe consumia. Já não era um humano inteiro, era uma ruina humana.
Sua história trágica vem de muito sacrificio na lida da roça. Tinha muitos filhos, todos pequenos e se dedicava a criá-los.
Uma tragédia lhe abateu e transformou o seu rumo. Um de seus filhos perdeu a vida ao brincar com uma arma de fogo. Ela disparou e o feriu fatalmente. Desesperado ao ver seu filho sangrando, pegou-o em seus braços em busca de ajuda, mas era inútil.
Diante do corpo de seu filho e da sua família entrou em choque.
Já não havia mais energias dentro de si, e ali naquele momento o seu destino estava traçado.
Daquele momento até a curva da estrada não se contaram um ano. Uma história que o tempo distanciou e mostra como frágil somos diante das durezas da vida.
Daquele momento até a curva da estrada não se contaram um ano. Uma história que o tempo distanciou e mostra como frágil somos diante das durezas da vida.
Aldeir Ferraz