domingo, 31 de maio de 2020

PEDAÇOS

"...Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para pra que você o conserte."
Um pedaço de O Menestrel de William Shakespeare traz me a refletir sobre este nosso mundo que gira todo dia sem parar.
É muito louco o que acontece. Neste momento alguém pode, em algum canto, estar lamentando uma derrota, uma perda, sofrendo uma dor. 
Quantas vezes ao caminhar pelas ruas já percebi pessoas distantes de si e de todos, atordoadas em seus pensamentos, muitas vezes sem saber para onde ir.
Já estive estes momentos, aliás de vez em sempre tenho. É como se tivessemos em cacos, em pedaços e naquele instante a tentativa de se juntar é dificil, é dolorida.
Mas o mundo gira e todos passam por ti sem se importar por ti.
Colar os seus pedaços é uma tarefa solitária, mesmo que alguém se importe por você.
Não tem jeito, ninguém escapa de uma sensação desta, destruido por dentro e ter que buscar força de se auto reconstruir.
Mas o legal disso é que depois adquirimos o diploma da vida chamado maturidade.
Esta tal maturidade deixa nós com marcas até mesmo fisicas. O olhar torna-se mais firme, as rugas surgem, os cabelos ficam brancos, a voz mais serena, o sorriso é mais seletivo.
Enfim e o mundo gira, uma hora paramos, mas depois precisamos continuar girando também.


Aldeir Ferraz



quarta-feira, 27 de maio de 2020

VONTADE

Oh vontade de deixar a cidade e ir lá pra roça, lá no meu cantinho. Meu Sitio Felicidade.
Que coisa boa que é. De manhã cedinho, aquele frio, a cerração, as galinhas no terreiro.... O galo batendo asas e no seu canto demonstrando quem é o rei do pedaço. Lá na cozinha, o fogão de lenha com a brasa ardendo fervendo a água que irá regrar o café que já está no coador do mancebo.
Nossa mãe! O ar é diferente, o olhar nos enche de satisfação pra todo lugar que se vai. Tudo é verde, tudo é brilhante, tudo é belo.
A água fresquinha da mina, bebida na folha de inhame é revigorante, é cristalino. Daquela mina nasce o córrego que é habitat de peixinhos coloridos que celebram a vida com muita festa.
O curral onde as vacas aguardam os seus bezerros, após terem parte do leite retirado em baldes é um movimento só.
A horta repleta de verduras variadas e ainda molhadas pelo orvalho da madrugada aguardam pra serem colhidas. O quiabo está convidativo.
Os canários com a cantaria se lambuzam no fubá arremessado da janela para o quintal.
E os amigos que passam pela estrada de cavalo ou a pé não deixam de erguer o chapéu e fazer o cumprimento que por lá é normal.
Ai que vontade de ir pra lá e não voltar mais. O almoço com aquele arroz quentinho, o angú de fubá de moinho d´água, o torresmo fritinho, o feijão inteiro vermelhinho...
Na varanda a rede esticada, o rádio ligado e a pinga do lado. Tirar aquele cochilo de leve e acorradar suspirando no meio da tarde.
Na hora do entardecer ir ao oratório e agradecer a Nossa Senhora a vida que é maior do que qualquer riqueza possa ter.
Éh vontade boa! Um dia essa vontade vai virar verdade.
Vou chegar lá! Se Deus quiser! Por hora é só sonhar. Éh vontade danada.

Aldeir Ferraz

sábado, 23 de maio de 2020

E LÁ SE VAI MAIS UM DIA

Um Café bem quente e fresco de manhã, bolinho de chuva, o canto de um canarinho na varanda, pronto, tudo no jeito para o que vou escrever. 
Há! Também não poderia esquecer uma canção que faça jus ao que tenho a dizer.
Do Clube da esquina, de Flávio Venturini, a canção que touxe agora minha inspiração:
...E lá se vai mais um dia ,e basta contar compasso ,e basta contar consigo,que a chama não tem pavio,de tudo se faz canção e o coração,na curva de um rio, rio...
Parte da letra desta canção é o que hoje me  põe a celebrar mais um tempo da  existência em nossa família, da nossa irmã Maria Celia Ferraz, só Celinha mesmo, tá bom, é assim que todos tratamos.
É muito bom saber que mais um dia como esse assim contamos com sua presença em nossas vidas.
E nos nossos compassos contar com seus passos em forma de aço que nos ajuda sempre a caminhar.
Quem tem sua companhia tem a plena certeza de que como uma chama sem pavio, sua dedicação não tem fim.
E que tudo faz de coração e por isso me inspirei nesta canção.
E que de curva em curva de rios, possamos sempre partilhar e compartilhar nossas dores e alegrias.
Que seu dia de celebrações possa ser de muita energia.
Viva , Viva e Viva!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O FUTURO NÃO SERÁ COMO ERA ANTIGAMENTE

Penso que tudo está muito confuso. Há pensadores  que já constroem um consenso de que nada será como antes, após a pandemia.
Como estamos no olho do furacão, dizer já sobre pós pandemia, soa utópico, pois ainda estamos  nessa situação que parece não ter fim.
Pra dizer que o futuro não será como era antigamente, será preciso convencer as pessoas.
O convencimento talvez tenha que partir do nosso próprio convencimento que nada tá legal, que as coisas estão confusas.
Se pegarmos a história, poderemos ver que avançamos como humanidade a medida que adquiríamos o conhecimento. Hoje, ao contrário, uma parte quer avançar negando o conhecimento, uma espécie de efeito caranguejo.
Esse andar para trás tem que ter uma lógica, se é que tem lógica, por isso é preciso entender de onde viemos e pra onde queremos ir, sem que ninguém fique no meio do caminho.
Parafraseando uma idéia comun a religião:
O Bom Pastor deve ser aquele que deixa suas 99 ovelhas vermelhas e parte pra buscar a ovelha bolsominia desgarrada.
Ser vermelho no contexto de quem defende as causas sociais é a partilha, mas para quem foi rotulado bolsominio é um comunista, sem refletir sobre o que é, apenas uma definição pejorativa.
Ser bolsomimio no contexto de quem defende o tal capitão é a meritocracia, mas pra quem é rotulado de comunista, essa turma é gado, apenas uma definição pejorativa.
É preciso juntarmos como humanidade e tentarmos resgatar o que ainda resta de vida.
Talvez o primeiro caminho seja o diálogo, sem armas.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 21 de maio de 2020

EXISTÊNCIA

É de costume celebrarmos uma vez a cada ano o aniversário. Assim que nascemos aquela data fica registrada e com o passar do tempo vamos recordando,festejando ou apenas meditando o avançar da idade.
Quando o dia festivo chega, recebemos parabéns,abraços, presentes e muitos desejos de felicidades. Há também o desejo de termos muitos anos de vida. A vida, pensada por nós, tem um limite que vai do nascimento até a morte, onde achamos que é o fim.
Acontece que quando nascemos,passamos a existir e a existência não tem fim, pelo contrário, cada um de nós somos únicos, não existirá outro, mesmo que deixemos de habitar este planeta.
A nossa existência é eterna, mesmo que sejamos esquecidos algum dia, a nossa existência tem prevalecência.
Por isso é importante que a cada dia possamos deixar nossas marcas por aqui.
Tem uma música que diz: Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como todo dia nasce, obrigado amanhecer.
Este nosso amanhacer diário nos deixa a oportunidade de deixarmos a marca da nossa existência.
Um pequeno gesto aqui feito, será eternizado, então façamos sempre os bons gestos aqui,pois jamais seremos esquecidos, seremos sempre lembrados pra sempre.
O mês maio, na minha família é cheio de aniversariantes que passaram a existir e nunca mais deixarão de existir.
Quero desejar a eles o meu desejo de eternidade sempre, pois jamais serão esquecidos.
Parabéns  aos meus irmãos  Nelsinho, Marquinho, Celinha e ao meu sobrinho Mateus.
Viva a existência, viva a eternidade.

Aldeir Ferraz

terça-feira, 19 de maio de 2020

CAMALEÃO

Mudar de opinião é nos tempos atuais sinal de grandeza, obviamente que após um processo de reflexão diante de uma situação.
Opinar se tornou um cabo de guerra na qual um tenta impor uma verdade sobre outra verdade. A coisa se tornou caótica nesta disputa a ponto de um querer impor a sua mentira sobre a mentira do outro, fakenews.
Neste cenário passamos a ter o camaleão. O camaleão, por interesses próprios acaba criando uma cultura sem identidade. Fica em silêncio e quando fala concorda com o que lhe falam.
Na política isso se torna mais evidente, pois para se manter no poder, parte dos homens e mulheres que se aventuram nessa direção se tornam camaleões.
O camaleão abandona sua cor de acordo com o clima do momento.
Quando disse lá no ínicio sobre mudar de opinião é grandeza desde que reflita sobre ela, não inclui os camaleões do clima, pois suas decisões não levam em consideração o coletivo.
É díficil dizer hoje que o ditado que a voz do povo é a voz de Deus, porque a manipulação desta voz é gritante.
Deus nos desafia constantemente a pensar amplo, pensar além da nossa comodidade, precisamos ser pensadores caminhantes e não estáticos.
Quem sabe assim poderemos romper com o que Nelson Rodrigues deixou como ditado, toda a unanimidade é burra.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

NÃO ESTAMOS SÓS

Madrugada, a janela do quarto aberta e um vento frio me desperta. Encontro coragem e levanto da cama na intenção de eliminar aquela friagem.
Olho pra fora antes de trancar a janela e vejo na escuridão centenas de estrelas, algumas maiores e outras menores.
Naquele momento esqueci um pouco o incômodo vento e meus pensamentos viajaram diante do céu.
A uma distância incalculável aprecio uma pequena luz que piscava e logo me pergunto: Não estamos Sós?
Em um universo gigantesco como crer que apenas aqui exista vida?
Tem momentos que creio que somos vistos por outros, que distante daqui tem uma sabedoria inifinitamente maior.
Acho que eles devem até sentir pena de nós, seres vivos complexos.
Nossa complexidade de formação fisiológica talvez não chegue aos pés da complexidade de relação humana que temos.
Somos observados a distância por seres estupefados e descrentes da nossa forma de conviver.
Não, não ousariam fazer contato com nossa raça. Pelo contrário, devem temer que nós façamos contato com eles. Imaginam serem contaminados com nossa negatividade.
Precisamos evoluir e muito para sermos dignos de habitar este universo, onde certamente não estamos sós.

Aldeir Ferraz

Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...