sábado, 28 de março de 2020
RELIGARE
Há tempos me encontro conflitante com minha fé, pois por muitas pedras que calejaram meus pés em meu caminho, fiquei com as dores que provocam os "por ques" da vida.
Passei a ter desânimos com as celebrações religiosas e com todo movimento que a religião produz entorno da fé.
Logo eu que me cunhei na formação religiosa e que até pretenções de seguir uma vida sacerdotal tive.
Outros rumos me levaram, mas sempre no príncipio da fé que adquiri, como isso foi bom e caro ao mesmo tempo pra mim.
A vida passa a ter valores diferentes do que a sociedade nos impõe, a empatia é uma marca de quem de fato assume a imitação de Cristo.
É complicado assumirmos o que São Paulo assumiu: " Não sou eu mais quem vivo, mas é Cristo quem vive em mim", é como sermos estrangeiros na nossa própria terra.
Estou refletindo tudo isso porque ao ver e também ouvir Francisco, nosso Papa, orando diante da praça vazia na Basílica de São Pedro, no topo da escadaria em frente à fachada da Igreja, algo me tocou.
A Igreja de Pedro, tem tido uma atitude original ao seus principios, defender a vida, respeitando o que a ciência tem alertado e pelo que tem acontecido de sofrimento.
Padres e religiosos morreram se infectando com a pandemia ao ajudar os necessitados, o respeito a dor, a solidariedade e as orações tem provocado em mim o verdadeiro significado da religião, religare.
Religare, a nossa ligação com Deus, o papel fundamental da religião, confesso que Francisco conseguiu provocar em mim o ressurgimento desta ligação.
Das lágrimas, dos sofrimentos e da desesperança, a religião tem essa missão de ressurreição.
Longa vida a Francisco e a Igreja que caminha ao lado do povo oprimido.
Aldeir Ferraz
domingo, 22 de março de 2020
Do Século Passado
Na cidade de Visconde de Rio Branco cultivei muitas amizades e também tenho admiração por muita gente, como diz meu amigo Carlos Alberto Bertelli, gente do século passado.
Parece incrível, mas um número enorme de pessoas são do século XX, alguns poucos do início e outros tantos do meio para o final.
Sempre quando nos encontramos é certeiro que recordações surjam, as boas e as ruíns.
Tempos de dificuldades sociais passamos por muitas, mas também coisas mágicas tiveram.
Serenatas, namoros na praça, cinema, bailes, grupos de jovens, rebeldias...
Não posso dizer que o século que passou foi melhor ou pior do que este que vivemos, mas digo que foi onde nossa juventude aconteceu e aí o frescor vem no coração e na memória como forma de saudades.
Acho que somos teimosos nessa querência da eternidade, de poder suspirar olhando pela janela os nossos passados.
Talvez isso venha, claro, das poesias e pensamentos produzidos de grandes figuras e de gente simples do povo, momentos de intensa fertilidade mental.
Por fim podemos dizer que somos uma geração de um imenso privilégio, vivemos em dois séculos.
E a nossa legião meio urbana e rural tem o orgulho de cantar com Renato Russo:
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.
Aldeir Ferraz
Parece incrível, mas um número enorme de pessoas são do século XX, alguns poucos do início e outros tantos do meio para o final.
Sempre quando nos encontramos é certeiro que recordações surjam, as boas e as ruíns.
Tempos de dificuldades sociais passamos por muitas, mas também coisas mágicas tiveram.
Serenatas, namoros na praça, cinema, bailes, grupos de jovens, rebeldias...
Não posso dizer que o século que passou foi melhor ou pior do que este que vivemos, mas digo que foi onde nossa juventude aconteceu e aí o frescor vem no coração e na memória como forma de saudades.
Acho que somos teimosos nessa querência da eternidade, de poder suspirar olhando pela janela os nossos passados.
Talvez isso venha, claro, das poesias e pensamentos produzidos de grandes figuras e de gente simples do povo, momentos de intensa fertilidade mental.
Por fim podemos dizer que somos uma geração de um imenso privilégio, vivemos em dois séculos.
E a nossa legião meio urbana e rural tem o orgulho de cantar com Renato Russo:
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 19 de março de 2020
TEMPUS VÍRUS
Estou no ano de 2020, meu nome, Aldeir Ferraz, moro em uma cidade chamada de Ubá, estado de Minas Gerais, Brasil.
Aqui neste tempo, estamos vivendo diante de uma pandemia viral, conhecida popularmente como Corona Vírus (Covid 19).
Tudo começou, segundo relatos, lá na China, onde a coisa foi crescendo e muitas mortes aconteceram.
Este drama se espalhou pelo mundo e na Europa, os italianos foram as grandes vitimas, muitas vidas foram ceifadas.
Aqui no Brasil, a situação também se agravou e o pior é que a nossa autoridade máxima desdenhou do caso, mas por outro lado outros encararam a situação de frente.
Apesar de termos notícias trágicas no resto do mundo, aqui tem se levado na brincadeira os acontecimentos, acho que pelo fato da nossa natureza de tentar aliviar a pressão, pois no fundo todos estão com um enorme medo.
Saber que podemos encarar a morte a qualquer momento, assusta.
As autoridades tem pedido para que fiquemos em casa, uma espécie de quarentena para reduzir a circulação do vírus.
Ainda não existe vacina, remédio ou um tratamento adequado, o certo é que tem morrido ricos e pobres.
Importante disso tudo que está acontecendo é que a concepção de mundo começa a mudar,de forma lenta, mas começa.
Vivemos tempos de ganância, onde um tal deus mercado manda e que pobre serve apenas para garantir fortunas.
Estão descobrindo que a Mãe Terra está se vigando, pois suas riquezas devem ser partilhadas para o bem de todos seus filhos e filhas, não apenas para poucos.
Estamos esperando novos rumos, estamos aprendendo dá pior maneira possível.
Tem muita gente pedindo a Deus piedade, mas talvez não estejamos merecendo.
Que todos os que morreram e estão morrendo possam suas vidas ceifadas servir de lição para o que resta de humanidade em nós.
Aldeir Ferraz
sábado, 14 de março de 2020
E OS VENTOS NOS TRAZEM NOTÍCIAS
Peste negra, doença da bexiga, colera,tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, febre amarela, sarampo, malária,aids, dengue, H1N1,Ebola, corona virus...
Muitas foram as doenças que afetaram a humanidade e que algumas tiveram efeitos devastadores.
Mais uma vez estamos vivenciando uma doença que se espalha e mexe com nosso cotidiano.
Adoecimento, mortes, pânico, enfim nada está normal.
Autoridades tentam dizer que tudo está bem, mas não está, tentam acalmar, mas não estão calmos.
Como o vento, as notícias nos chegam a todo momento e algo não tá bem.
Este não tá bem, penso eu, porque mais uma vez deixamos de lado o propósito da humanidade, que é fazermos deste mundo um lugar bom de se viver.
Não há caminho seguro para nós se não dedicarmos nossas energias em prol da garantia da vida de todos.
Investir em saúde, em educação, em saneamento só se faz com um Estado de bem estar social fortalecido.
Quem vai salvar a humanidade neste momento será a saúde púbica, a educação pública, os investimentos públicos.
Em todos os momentos da história, as doenças foram derrotadas pela união e investimento público.
E os ventos nos trazem as doenças, mas também as noticias e os caminhos que devemos seguir.
Aqui teremos o SUS (Sistema Único de Saúde)que vai nos socorrer.
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 11 de março de 2020
SEMENTE
Quando fui lá naquela loja de plantas, te vi em um pacote, bem embrulhada, sua imagem estava ali.
Levei-te pra casa, preparei a terra em um pequeno vaso, abri o pacote onde estavas e com todo carinho, em covas fui te depositando, em seguida cobri, como se cobre com uma coberta a criança que adormece.
Com um pouco de água molhei aquele chão, que passou a ser o chão da sua vida.
Os dias foram se passando e o brilho do Sol,as gotas da chuva e o vento foram te despertando.
Você já não era mais aquela sementinha que trouxe pra casa.
Muito assanhada rompeu-se da terra e cresceu, enchendo-se de folhas.
Nas manhãs, sempre antes de ir para o trabalho passava rapidamente o meu olhar em seu canteiro.
Certo dia, te vi triste, murcha, quase seca, percebi que não era sua natureza ser assim, na verdade tu estavas naquela situação por minha causa, por minha falta do cuidado contigo.
Com apenas uma regada de água voltou a ser viçosa e agradecida.
Depois desta situação, passei a ter mais atenção com as folhas amareladas, pragas e desconforto com o solo e redobrei o cuidado e meu carinho.
E o tempo passou e vejo o quão valeu sua presença aqui.
Sua vida nos dá sabor, alegria e vontade de fazer com que mais de você exista por todo canto do mundo.
De semente tornou se essa frondosa planta que faz o papel de tornar nossa vida algo belo, algo assim como Deus desejou.
Aldeir
Levei-te pra casa, preparei a terra em um pequeno vaso, abri o pacote onde estavas e com todo carinho, em covas fui te depositando, em seguida cobri, como se cobre com uma coberta a criança que adormece.
Com um pouco de água molhei aquele chão, que passou a ser o chão da sua vida.
Os dias foram se passando e o brilho do Sol,as gotas da chuva e o vento foram te despertando.
Você já não era mais aquela sementinha que trouxe pra casa.
Muito assanhada rompeu-se da terra e cresceu, enchendo-se de folhas.
Nas manhãs, sempre antes de ir para o trabalho passava rapidamente o meu olhar em seu canteiro.
Certo dia, te vi triste, murcha, quase seca, percebi que não era sua natureza ser assim, na verdade tu estavas naquela situação por minha causa, por minha falta do cuidado contigo.
Com apenas uma regada de água voltou a ser viçosa e agradecida.
Depois desta situação, passei a ter mais atenção com as folhas amareladas, pragas e desconforto com o solo e redobrei o cuidado e meu carinho.
E o tempo passou e vejo o quão valeu sua presença aqui.
Sua vida nos dá sabor, alegria e vontade de fazer com que mais de você exista por todo canto do mundo.
De semente tornou se essa frondosa planta que faz o papel de tornar nossa vida algo belo, algo assim como Deus desejou.
Aldeir
domingo, 8 de março de 2020
PALHA BENTA
As chuvas que surgem como temporal, tempestade, trombas e cabeças d'água sempre existiram, sendo contado pelos mais antigos, que relatavam as aflições.
Temos uma diferença agora que é a aglomeração humana em cidades, somos hoje 90% urbano e 10% rural e problemas se potencialisam com as ocupações não planejadas.
Hoje temos estruturas que buscam atuar nos eventos da natureza através da informação, da prevenção e respostas.
Bombeiros, defesa civil, meteorologista, fazem parte da realidade atual, antigamente não existia.
Para saber de chuva apelava-se para a própria natureza. Céu covado,formigas apressadas, galinha da angola no alto do telhado, cigarra cantando eram os alertas.
O socorro era sempre divino,durante as tempestades, a conectividade com o Deus era essencial.
Uma das formas era queimar a palha seca de galhos de plantas que eram abençoadas nas procissões de ramos da semana santa.
Durante os dilúvios, as familias se juntavam diante de um oratório com velas acesas e a palha benta sendo queimada.
Com aquele momento de fé, a chuva se acalmava e por fim um lindo arco-íris surgia.
Nossa relação com a natureza exige conhecimento,atitude e também muita crença que podemos nos relacionar bem com o universo.
Aldeir Ferraz
Temos uma diferença agora que é a aglomeração humana em cidades, somos hoje 90% urbano e 10% rural e problemas se potencialisam com as ocupações não planejadas.
Hoje temos estruturas que buscam atuar nos eventos da natureza através da informação, da prevenção e respostas.
Bombeiros, defesa civil, meteorologista, fazem parte da realidade atual, antigamente não existia.
Para saber de chuva apelava-se para a própria natureza. Céu covado,formigas apressadas, galinha da angola no alto do telhado, cigarra cantando eram os alertas.
O socorro era sempre divino,durante as tempestades, a conectividade com o Deus era essencial.
Uma das formas era queimar a palha seca de galhos de plantas que eram abençoadas nas procissões de ramos da semana santa.
Durante os dilúvios, as familias se juntavam diante de um oratório com velas acesas e a palha benta sendo queimada.
Com aquele momento de fé, a chuva se acalmava e por fim um lindo arco-íris surgia.
Nossa relação com a natureza exige conhecimento,atitude e também muita crença que podemos nos relacionar bem com o universo.
Aldeir Ferraz
sábado, 7 de março de 2020
MEDUSA E A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
Na mitologia grega, a história de Medusa destaca uma mulher com cabelos de serpentes transformava os homens que a olhavam em pedras.
Algumas versões existem sobre Medusa, uma delas é de acordo com a versão de Ovídio, Medusa era uma das irmãs sacerdotisas do templo de Atenas – a única mortal entre as três. Dona de uma beleza impressionante, especialmente por seu cabelo, por ser sacerdotisa Medusa tinha de se manter casta. A tragédia entrou em seu destino quando Poseidon, deus dos oceanos, passou a desejar Medusa – e, diante da recusa, a estuprou dentro do templo.
Atena, furiosa pelo fim da castidade de sua sacerdotisa, transformou o cabelo de Medusa em cobras, e lhe rogou a maldição de transformar pessoas em pedra. Ela depois ainda seria assassinada por Perseu (fonte hypenes.com.br).
Uma mulher violentada e ainda responsabilizada por isso, infelizmente não é apenas uma lenda, uma história inventada.
Recentemente no litoral brasileiro uma mulher foi estuprada e a policia na época justificou que por ser mulher estava em lugar errado e procurou tal situação.
Culpar a mulher, dizer que ela se veste de forma provocativa, que a tentação é maior, a carne é fraca, são basicamente os argumentos dos que cometem a violência.
Todos os dias assistimos o acontecimento de feminicidios, cada vez mais barbaros.
É como se o belo transforma-se em monstro que precisa ser eliminado, ter a sua cabeça cortada, pois o coração de pedra do agressor, na visão machista, é culpa da vitima.
As nossas Medusas de hoje estão por aí, graças a maneira de como construímos nossa sociedade.
Aldeir Ferraz
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