domingo, 31 de janeiro de 2021
JÁ DIZIA O VELHO DITADO
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
A MATEMÁTICA DO BALCÃO
É difícil imaginar um mundo sem a tecnologia que hoje temos em nossas mãos, mas este mundo existiu e não tem muito tempo.
Lá no inicio do armazém Ferraz, ter uma calculadora era uma raridade, aliás esse negócio de calculadora é para os fracos.
No balcão a matemática era garantida na prova dos nove. Essa conta garantia o acerto das contas de adição.
Se um freguês comprava 3 itens, em um papel era feita a conta, exemplo:
10,00 + 15,00 + 30,00 = 55,00
Para saber se o valor estava certo somava-se as unidades numéricas e subtraia menos nove e o que sobrar deveria ser igual ao da soma do resultado menos nove.
Neste caso, nove fora= 01, então a conta tava certa.
O interessante que isso não aprendemos na escola e sim no balcão do armazém.
Os fregueses pediam a soma da conta e logo já cobravam, tira a prova do nove.
Essa era uma situação corriqueira e claro, para ser um bom balconista tinha que ser bom nas contas de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
KOMBI 78
No dito popular fala-se que um carro é mais uma familia pra sustentar.
Talvez sim, pois sempre tem os gastos de combustível e manutenção, mas é inegável que um carro faz a diferença.
No armazém Ferraz isso de ter um carro passava da hora. Não dava mais pra continuar as entregas na bicicleta ou com ajuda de alguns amigos, como o Cheker do João Filipinho que fazia algumas entregas com sua camionete a gás.
O Ailton chegou a ter um fusca azul que também serviu de carro de entrega, mas a chegada da Kombi 78 azul, o patamar passou a ser outro.
A Kombi azul rodou muito, era entrega para todo lugar, enfretava barro e peso, mas também passou apertos com motoristas meia roda, aliás eu era um dos meia roda.
Essa kombi durou bastante tempo e tem muita história, pois além do trabalho, era também para o lazer.
Minha habilitação foi conquistada nela. Até o Serginho teve algumas aulas de direção com ela.
Lembro que saia para as roças com o Lorival Ferraz em busca de rapaduras nos engenhos. Voltavamos cheio de cargas de rapadura e com muita abelha dentro.
Tinhamos também a venda de ovos de granja que o Zezinho de Viçosa nos repassava para vender na região. Quem fazia as vendas dos ovos no comércio era o Muambinha, Jose Carlos Correa Lino, grande amigo.
Aos domingos depois do trabalho, ou mesmo a noite tinha os bailes e forrós na roça.
Tinha um toca fita daqueles grandões a pilha que colava dentro dela pra ouvir música, mas o barulho da lataria era maior.
Gostava muito de nadar na represa da ponte coberta e também tomar umas cachaças na casa da familia do Sr Joaquim Augusto, fregueses até hoje do Supermercado Ferraz.
Tinha os fretes que eram feitos também, lembro do Guacho que tinha um terreiro de Umbada que vez ou outra solicitava o serviço.
Não posso esquecer dos fretes com os times de futebol que era direto também.
Nos deu muito lucro, alegria, casamentos e conta-se a lenda que o Alan surgiu nela.
Era uma kombi pau pra toda obra.
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
TÁ RUIM MAS TÁ BÃO
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
A COISA FICOU FEIA
segunda-feira, 25 de janeiro de 2021
TEMPOS DE MUDANÇA
1986 foi um tempo de mudança ou uma mudança de tempo, como queiram avaliar.
O presidente era o Sarney que assumiu com o falecimento de Tancredo Neves que seria o primeiro presidente pós ditadura.
Sarneiy lançou o Plano Cruzado que substituiu a moeda Cruzeiro pelo Cruzado.
Foi um cruzado na inflação da época que estava altissima e foi derrubada.
Dilson Funaro foi o ministro responsável pela economia que comandou o plano que tinha como básico o congelamento dos preços.
No principio foi bom e como estávamos começando o armazém Ferraz, isso ajudou muito, mas não durou 06 meses para surgirem os problemas.
Começaram a faltar produtos, até o sal desapareceu.
Os fornecedores alegaram custos de produção para a falta, pois o preço tabelado dava prejuizo.
Surgiu então o ágio. Se quiséssemos ter a mercadoria, seria necessário pagar por fora um valor a mais.
Surgiram os fiscais do Sarney, incentivado pelo presidente para coibir os ágios.
Os comerciantes eram tratados como vilões, a coisa dava até caso de polícia.
Existia produtos como o óleo de soja, que era preciso pagar adiantado para ter, uma marca famosa naquele tempo era o óleo soja Heloisa.
Passamos por esta fase, mas outras vieram.
Aldeir Ferraz
domingo, 24 de janeiro de 2021
OS PRIMEIROS FREGUESES
O imóvel onde funcionava o armazém do Jesus Cardoso e do Luis Monteiro foi divido em dois.
O lado maior ficou com o Luis Monteiro e o menor coube ao Armazém Ferraz.
No ínicio da preparação do espaço para a inauguração, os primeiros fregueses já surgiam.
Dona Ivone de Mello, uma professora aposentada, moradora do Bairro São Jorge já logo entrou no armazém, ainda mal tinha mercadoria nas partilheira, entregou uma lista e disse:
"Quando tiver os produtos, separa e entrega lá em casa".
A generosidade dela teve um misto de incentivo e confiança, com isso fez com que a vontade de trabalhar tomasse conta do nosso corpo e alma.
Era toda a semana que Dona Ivone encaminhava sua lista em uma folha de caderno. A escrita era perfeita, letra bonita.
Outro freguês que foi pioneiro e nos incentivou muito era o Fidélis, um senhor negro, baixinho, sempre com um chapéu na cabeça, cigarro de palha ora atrás da orelha e outros momentos na boca esborrifando fumaça, sempre carregava um isqueiro antigo que funcionava com pavio e querosene.
Quando chegava, já alegrava o ambiente. Lembro até hoje da primeira venda que fiz pra ele.
Cinco pacotes de fumo 02 irmâos e 02 barras de sabão coringa.
E assim foi surgindo a clientela, muita gente da roça, muita gente da cidade, muita gente que ajudou no crescimento desta história.
Aldeir Ferraz
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