Era uma noite diferente das outras, nem frio, nem calor. No céu escuro, as estrelas e a Lua iluminavam as ruas perto de casa.
Um silêncio estranho contrastava com o vai e vêm das pessoas na rua.
Estávamos ali em orações e também havia uma vela acesa.
Dentro do quarto, deitada na cama, ali estava ela já se preparando para a sua viagem final.
Tudo naquele momento ficou vazio, mas logo a seguir as lembranças passaram a surgir.
Em um último olhar para todos nós, se despediu e seu espírito voou ao encontro do universo.
Uma leve brisa apagou as chamas da vela.
Os passos apressados dela, na lida do dia a dia, os seus preparos dos alimentos, as suas rezas, a suas histórias a beira do fogão de lenha…
Passado muito tempo da sua partida para junto do Grande Espírito, ainda fica comigo a imagem do seu olhar.
Seus olhos firmes, seu semblante sereno nos trazia um conforto e uma segurança muito grande.
Sua história de vida admirável deixou marcas na sua maneira de ser.
Ela se tornou forte, não apenas por ter nascido forte, mas por ter vivido como uma grande fortaleza que enfrentou as intemperes do tempo.
Cada um de nós, que pertencemos a sua descendência, traz um pouco da energia dela. Cabe-nos nunca abrir mão disso.
Somos bem aventurados por sermos frutos desta grande mulher que era como uma árvore de troncos fortes e uma imensa copa que sempre nos protegeu durante a sua vida.
Esta é minha Vó Jovelina, uma luz que hoje brilha no infinito deste imenso universo que também um dia iremos seguir.
Aldeir Ferraz