sexta-feira, 28 de agosto de 2020
EM BUSCA DE UM AMIGO
Recebi uma mensagem e nela dizia: “Estou precisando de um amigo.”
Interessante que aquilo me causou espanto.
Comecei a pensar sobre amizade, como é bom ter um amigo.
Quantos amigos tive! Que coisa boa! Mesmo temporário, amigo é amigo.
Esse negócio de amizade nos faz até pagar mico. Quantas vezes em uma mesa de bar, afaguei minhas mágoas e também buscava consolar um amigo. O incio era uma conversa sem esperança, no meio o choro e no fim saíamos cantando. Aquilo dava um alívio.
Estamos em um momento de distanciamento social e fico pensando como este tempo nos deixa carentes. Já pensou a criançada que não tá brincando com sua turma, tendo que ficar em casa e superar o tédio?
E eu que já estou com minhas saudades das conversas no boteco e nos churrascos. Até que no trabalho ainda tento cultuar amizades, mas trabalho é lugar tenso, estamos sempre focados nas atividades.
Bom mesmo é sair do trabalho e sentar com os amigos, jogar conversar fora, saborear um torresmo e uma bebida gelada ou uma quente.
Rir, chorar, se expor, tem que ser com alguém que você pode confiar.
Acho que este pedido de amizade representa a necessidade que temos de completar os nossos vazios.
O vazio de mundo que vivemos neste momento precisa ser preenchido. O copo na mesa de um bar quando tá vazio, logo pedimos o garçom pra encher.
Que nossa vida nunca se esvazie de amizades. Vamos celebrar sempre com nossos amigos, de preferência numa mesa de bar.
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
VELA ACESA
Estava ali caído o andarilho que encerrou seu caminho.
Caiu no meio da praça e naquele fim de tarde frio, pessoas apressadas passavam. Ninguém se importava.
Folhas secas com o vento depositavam-se em seu corpo já gélido. A espera do rabecão para recolhê-lo, aquele sem nome, sem documento, sem rumo, sem nada estava ali.
Eu do outro lado da rua a espera de um ônibus presenciava aquela cena.
Uma velha senhora se aproximou e com uma vela acesa cerimonialmente a depositou do lado daquele cadáver. Antes de sair protegeu a vela acesa com uma lata e fez um gesto de oração.
Demorou ainda um pouco, mas recolheram aquele homem falecido. A vela ainda ficou ali e acesa.
Meu transporte não chegava, estava atrasado e fiquei a admirar a luz protegida que aquela boa senhora deixou. Seria ela um parente, alguém próximo, ou um anjo?
Comecei a pensar sobre o fim daquele ser que não tinha ninguém por ele.
Do mundo não recebeu a bondade necessária para viver em um lar com comida quente, com roupa lavada, com uma TV para assistir, com filhos para curtir.
Talvez o gesto da vela acesa que a senhora deixou ao seu lado fosse a única bondade que um dia recebeu.
A vela acesa era ali uma forma de amor única que ganhou, realmente amar é simplesmente querer o bem de alguém, mesmo que seja um ninguém.
Aldeir Ferraz
XADREZ
O Jogo de Xadrez nos remete ao estilo de uma sociedade monárquica, onde peões, bispos, rei, rainha tem seu papel definido em uma batalha mortal que visa derrubar o oponente. Cavalos e torres expõem o poderio de um lado e de outro com estratégias múltiplas de avanço no território alheio.
O tabuleiro é o mundo onde estes atores atuam. Peões são colocados a frente como escudos e alvos fáceis dos confrontos. São os primeiros a serem eliminados e raro é as vezes em que sobrevivem para a celebrar uma vitória.
Torres e cavalos são as forças que podem derrubar o inimigo, é a imponência do poder que passa por cima, que elimina sem dó, mas que também não leva a paz, pois são alvos estratégicos para serem derrubados.
A posição dos bispos é clássica, vivem ao lado da rainha e do rei e usam das suas prerrogativas para se manterem ao lado do poder.
A rainha é mais dinâmica o rei mais restrito, mas é dele a vitória ou derrota.
Neste tabuleiro da vida, somos os peões, que estam na batalha do dia a dia esperando o momento em que seremos abatidos, a maioria das estratégias nos menosprezam, mesmo sendo a maioria.
O poder tem uma lógica triangular onde quem está na base da pirâmide é achatada pela turma do topo. O jogo da vida é assim, somos necessários apenas quando nos fazem necessário.
Consciência do nosso papel pode fazer a mudança na regra do jogo.
Aldeir Ferraz
terça-feira, 25 de agosto de 2020
VENTO E ASA
E este vento que toca em mim, leva-me a buscar o horizonte em um vôo sem fim.
Vento que aguça os desejos, que liberta os sonhos e me mira o distante
Lá no distante que se encontra o que aqui não encontro
Hora ! Meus desencontros angustiantes renda-se aos ventos que me quer radiante
Não me queres estaca, me bate este vento que me entende como asa
Asa que rompe o espaço e se perde no infinito, se confunde com o que é azul
Que vida incerta que me prende e não me deixas seguir neste vento
Este vento que insiste que seja eu, uma eterna asa.
Aldeir Ferraz
domingo, 23 de agosto de 2020
ZÉ DA LUA E UTOPIA
Quem é Zé da Lua?
Zé da Lua são todos esses homens sonhadores que vagam mundo afora.
E essa tal Utopia do Zé?
Utopia é o mundo paralelo que o Zé tá sempre construindo.
Zé é um cara real que acorda cedo e vai para o trabalho. Em sua casa deixa tudo pra garantir tudo quando voltar.
Sua vida é muito dura, quase que precisa vender o almoço pra comprar o jantar.
O interessante no Zé é sua esperança. Mesmo quando as coisas não dão certo, não desanima.
O seu mundo paralelo te ajuda muito. Em Utopia realiza tudo o que no mundo real não consegue realizar.
Sua casa linda está lá! Mesmo que não tenha no mundo de cá!
Os seus desamores que guarda no peito, em Utopia são eternos amores perfeitos.
Aqui suas andanças sofridas são passados longínquos na bela Utopia que te faz viajar.
Em Utopia suas necessidades são supridas com seu trabalho e não tem este sufoco real de amargar.
O que tem de igual de um lado e do outro é o sorriso do Zé.
Quem dera todos nós tivessemos a Utopia do Zé, que mesmo distante sua real efetividade, traz uma vontade danada de sempre sonhar e saber que uma hora tudo vai alcançar.
Aldeir Ferraz
Zé da Lua são todos esses homens sonhadores que vagam mundo afora.
E essa tal Utopia do Zé?
Utopia é o mundo paralelo que o Zé tá sempre construindo.
Zé é um cara real que acorda cedo e vai para o trabalho. Em sua casa deixa tudo pra garantir tudo quando voltar.
Sua vida é muito dura, quase que precisa vender o almoço pra comprar o jantar.
O interessante no Zé é sua esperança. Mesmo quando as coisas não dão certo, não desanima.
O seu mundo paralelo te ajuda muito. Em Utopia realiza tudo o que no mundo real não consegue realizar.
Sua casa linda está lá! Mesmo que não tenha no mundo de cá!
Os seus desamores que guarda no peito, em Utopia são eternos amores perfeitos.
Aqui suas andanças sofridas são passados longínquos na bela Utopia que te faz viajar.
Em Utopia suas necessidades são supridas com seu trabalho e não tem este sufoco real de amargar.
O que tem de igual de um lado e do outro é o sorriso do Zé.
Quem dera todos nós tivessemos a Utopia do Zé, que mesmo distante sua real efetividade, traz uma vontade danada de sempre sonhar e saber que uma hora tudo vai alcançar.
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
O CARA É DOIDO
De manhã, bem cedo, já virou hábito ouvir a mensagem do Padre.
É muito energizador.
Hoje pela manhã coloquei a mensagem para ser ouvida junto com um amigo que é bem sincerão.
O Padre apesar de perrengado e tossindo bastante fez a leitura do evangelho. Citou o capitulo e o versículo, mas esqueceu de falar do evangelista, sem problema, tava guerreiro com sua enfermidade, deu pra entender.
O evangelho relata Jesus contando a parábola do Patrão que chamou vários trabalhadores para sua vinha e no final pagou a todos o mesmo valor, independente de quem começou mais cedo ou mais tarde.
Tal atitude causou indignação aos personagens da história.
O meu amigo também ficou encafifado com a parábola.
— Esse Cara é doido, como pode querer igualar as pessoas?
Não é atoa que mataram ele! Se depender da nossa sociedade fica na cruz de enfeite, esse comunista! Conclui o meu amigo.
Achei interessante a sua reflexão, pois revela a nossa face.
O mundo do trabalho é de fato meritocrático. Não se faz do trabalho uma fonte de vida, mas uma forma de diminuir um diante do outro.
O mais forte, o mais doutor, o mais rico, o que só pensa no lucro, tudo isso não faz diferença em um eventual Reino de Deus. Os últimos sempre serão os primeiros e os primeiros sempre serão os últimos.
A lógica será sempre a vida em abundância para todos, por isso que não dá certo no tipo de sociedade que vivemos.
Aldeir Ferraz
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
JANELA
Escuro é o quarto quando a luz se apaga.
Nessas trevas que encontro meu descanso, meu repouso do corpo, meu repouso da alma.
Um terço do tempo que ali estou, desligado de tudo, me recarrego.
Apenas o que me liga ao mundo é a brisa que adentra pela janela e balança as cortinas.
Esta mesma janela que permite o contato exterior com meu instantâneo inconsciente é que matutinalmente me desperta.
Minha janela, sim, dela vibra a energia que me traz a calmaria e também o meu despertar.
Das frestas, os fachos de luz tocam meu corpo e milhares de pontos podem ser vistos a olho nu, como se fossem seres alados minúsculos depositando em mim todas as energias do mundo.
Ergo-me do meu colchão e logo permito a minha janela,rompendo seus trincos, que me apresente ao novo dia que chegou.
Minha janela, a anfitriã que me convida para mundo, que me chama dizendo que lá fora tem um futuro a desbravar.
Que venha o novo dia, todos os dias pela minha janela.
Que cesse os dias, todas as noites em minha janela.
Aldeir Ferraz
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