sábado, 19 de setembro de 2020

A EGUA DO TATÃO

 Tatão é um camarada inteligente, apesar de vez ou outra tomar umas esbarradas.

Por falar em tomar, aprecia saborear umas cangibrinas e haja trupicão pra tanto canecão.

Com o preço da gasolina lá nas alturas resolveu nosso amigo encostar o carro e comprar um cavalo. Na verdade não é só por causa do tanque do seu automóvel, mas também pelo seu tanque que vivia entornando, entornando de cachaça.

O cavalo que comprou numa negociada no buteco da roça animou nosso desgustador de cana. Feliz com o preço que pagou chegou com o bicho em casa, mas logo notou assim que sarou que o cavalo faltava alguma coisa. 

Na verdade o cavalo era uma égua. Faz parte dos negócios regado a copos e mais copos.

O tempo passou e da égua ele bem cuidou. O animal se tornou seu protetor e sabe o caminho de volta do cavalgador.

Dizem os companheiros de gole que a egua do Tatão  é da igreja e por isso não bebe com o patrão.

Enfim, ele já "injeitou"  cinco mil nela. Assim nos falou. Também o animal é de valor mesmo, pois nunca deixou num tombo o Tatão pelo caminho.


Aldeir Ferraz


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A SOMBRA DE UM CAVALEIRO



— Então você é sobrinho do Avelino Inácio?

— Sim! Meu tio e padrinho!

Até hoje ainda encontro com pessoas neste cantão da Zona da Mata Mineira, por estas serras que rodeiam visconde do Rio Branco, alguém que conhece este homem, alguém que sabe das suas histórias.

Ser sobrinho e afilhado dele sempre me fazia ouvir e ainda ouço:

_“Então cê é gente boa uai!”

Talvez por seus negócios, por sua lida de homem do campo, da compra e venda de gado. Mas não é apenas isso que faz alguém ganhar o respeito no meio do povo, existe o jeito de ser.

Dele trago sempre a imagem do cavaleiro, montado em seu cavalo sob Sol escaldante, fazendo sombra na estrada, chegando de longe, empoeirado, mas bem alinhado desde a bota ao chapéu.

Gostava muito de passar as férias por lá. Na casa dele tinha uma televisão a bateria, engenho de rapadura, chiqueiro de porco, córrego pra pescar. Só tinha um problema que era a cachorrada brava…

Ah! Tinha muito serviço também, ali a turma ralava, sobrava até pra mim, ajudava a debulhar milho e até candear boi. Nesta segunda tarefa já cheguei quase tombar uma carroça com boi e tudo numa pirambeira, menino de rua dando uma de candeeiro é engraçado.

Sua história se mistura com sua mãe Jovelina, que viúva contou com sua lida para cuidar da subsistência das coisas que tinham.

Não posso esquecer do prazer que tinha de tomar uma cachaça e isso aí ninguém é de ferro, mas não bambeava com as goladas de jeito  maneira.

O povo da Folia de Reis fazia questão de madrugar na sua casa, pois a família era grande e todos acordavam pra receber a cantoria e a reza.

Enfim, com seu cavalo já não anda mais por estas bandas, mas com certeza cavalga entre as estrelas junto aos que deixaram aqui na Terra seus bons exemplos de coragem e dedicação aos seus.


Aldeir Ferraz



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A GRANDE ÁRVORE


Era uma noite diferente das outras, nem frio, nem calor. No céu escuro, as estrelas e a Lua iluminavam as ruas perto de casa.

Um silêncio estranho contrastava com o vai e vêm das pessoas na rua.

Estávamos ali em orações e também havia uma vela acesa. 

Dentro do quarto, deitada na cama, ali estava ela já se preparando para a sua viagem final.

Tudo naquele momento ficou vazio, mas logo a seguir as lembranças passaram a surgir.

Em um último olhar para todos nós, se despediu e seu espírito voou ao encontro do universo.

Uma leve brisa apagou as chamas da vela. 

Os passos apressados dela, na lida do dia a dia, os seus preparos dos alimentos, as suas rezas, a suas histórias a beira do fogão de lenha…

Passado muito tempo da sua partida para junto do Grande Espírito, ainda fica comigo a imagem do seu olhar.

Seus olhos firmes, seu semblante sereno nos trazia um conforto e uma segurança muito grande.

Sua história de vida admirável deixou marcas na sua maneira de ser. 

Ela se tornou forte, não apenas por ter nascido forte, mas por ter vivido como uma grande fortaleza que enfrentou as intemperes do tempo.

Cada um de nós, que pertencemos a sua descendência, traz um pouco da energia dela. Cabe-nos nunca abrir mão disso.

Somos bem aventurados por sermos frutos desta grande mulher que era como uma árvore de troncos fortes e uma imensa copa que sempre nos protegeu durante a sua vida.

Esta é minha Vó Jovelina, uma luz que hoje brilha no infinito deste imenso universo que também um dia iremos seguir.



 Aldeir  Ferraz




domingo, 13 de setembro de 2020

GALINHA DE PINTINHO

Já tomei muito galope de galinha com pintinho. 

Confesso que pra mim, como criança, era um dos bichos mais bravos, até mais que cachorro.

Na casa da minha Vó Jovelina, na comunidade de São Francisco, em Visconde do rio Branco, passava férias lá e gostava muito de brincar no quintal, olhar as criações e os pintinhos pequenininhos e amarelinhos era minha paixão, mas a galinha não deixava chegar perto. 

Com os olhos vermelhos, as penas ouriçadas e passos firmes como de gigante partia pra cima e quando alcançava dava bicadas de doer.

Com muito medo, ficava afastado, mas os pintinhos se aproximavam de mim, mas logo sua mãe surgia para socorrer, acho que eles tinham uma maldade naquele gesto, pois o bicho-mãe bravo fazia com que eu disparasse na correria.

Não me conformava com aquilo, não queria fazer maldade nenhuma com os pintinhos, apenas brincar era minha vontade.

Hoje compreendo e admiro aquele instinto maternal que vira fúria para proteger suas crias.

Este instinto maternal, de proteção acontece entre nós também.

Uma pessoa veio reclamar comigo de que nesta pandemia não está podendo visitar um parente, pois a filha deste parente estipulou regras e está fazendo um verdadeiro isolamento. Recusa visita e fica brava quando alguém insiste.

Lembrei da galinha com pintinho, pois sem pintinho a galinha é dócil e até medrosa, mas quando está no papel de mãe, no papel de protetora, vira o terror.

Que bom é este (espírito) galinha com pintinho, pois está salvando muitas vidas, merece nossos aplausos e reconhecimento.

Quanto aos teimosos, cuidado, pois no instinto de proteção podem tomar bicadas e não adianta fazer cara feia não, que o bicho é manso, mas também é bravo, quando a missão é proteger.

Aldeir Ferraz




segunda-feira, 7 de setembro de 2020

INDEPENDÊNCIA O GRITO PRESO NA GARGANTA


Há quase duzentos anos, precisamente no ano de 1822, Dom Pedro rompia com a coroa portuguesa e uma nova história surgia aqui nas terras brasileiras. Os laços cortados tiveram um custo que foi pago pelos ingleses. Portugal  cobrou a fatura para aceitar a independência e como não tinhamos uma forma de pagar, os ingleses entraram na jogada, pagaram sem pagar, pois os portugueses deviam a  Inglaterra.  Na prática o Brasil ficou devendo sua dita liberdade a Inglaterra.


Muito antes deste episódio, o Novo Mundo chamado de Américas foi invadido e colonizado. Aqui muito foi saqueado e grande parte do seu povo exterminado. Uma nova sociedade surgiu com mistura de raças e com um conceito europeu do dominio dos endinheirados sobre os miseráveis. 


Uma sociedade de castas separava este novo povo e o único objetivo era ter um "rei na barriga". Explorar, explorar para ter estatus, para ser um semi deus. 


Tudo era feito para mostrar imponência, desde as casas grandes das fazendas até os palácios nas cidades. 


Os indigenas, como foram conhecidos, que eram os povos originários daqui. 


Somos descendentes deles, mesmo com muita mistura de lá pra cá, mas caregamos o seu dna. 


O DNA dos indios carrega uma cultura diferente do dna europeu, a forma de se organizar não evidência o modelo de ricos e miseráveis, ao contrário pois os frutos da mãe terra devem garantir vida a todos.


Nossa dependência ao modelo colonizador tem nos levado a ruina como povo e caminhamos a passos largos para a morte. 


Nossa identidade tem se perdido ao longo do tempo, justamente pelo fato do grito de independência ao modelo que nos foi imposto continua  preso em nossas gargantas.


O teólogo Eduardo Galeano, resumi pra mim o momento de reflexão que precisamos ter neste dia 07 de setembro:


A história é  um profeta  com o olhar voltado pra trás: pelo que foi,e contra o que foi,anunciará o que será.


OU LUTAMOS POR NOSSA INDEPENDÊNCIA OU SERÁ NOSSA MORTE.


Aldeir Ferraz



 

domingo, 30 de agosto de 2020

BOM VOTO

Há tempos participo da politica. Não sei até quando terei esta disposição. Pode ser que chegue um dia que novos rumos me farão seguir a direção reclusa do silêncio diante das questões que afetam nossas vidas.
Sempre acreditei que através da politica poderiamos mudar a vida das pessoas. E é verdade gente!
Aqui no bairro que moro, o bairro São Domingos, tinhamos muitos problemas de infra-estrutura, familias que dormiam com riscos de escorregamento de encostas, ausência de creche,educação e saúde  precária, problemas sociais. Muita coisa mudou, outras não,mas foi decisões politicas que fizeram o cenário mudar, precisa mudar mais, claro que sim,mas mudou.
Outras regiões da cidade, também seguiram com melhorias, quem é do do Bairro João Teixeira, o popular Tanquinho, sabe da dureza que era viver com esgoto a céu aberto, sem agua tratada e na poeira.Hoje vai lá pra ver, até escola modelo tem. Tá bom? claro que não. Sempre precisa de mais.
As cidades são dinâmicas, crescem de tamanho e surgem novas demandas, por isso sempre temos que acompanhar essa evolução e ter a capacidade de manter a qualidade de vida sempre.
É a qualidade de vida que nos deve mover ao tomar nossas decisões politicas.
De 04 em 04 anos, paramos para pensar e escolher quem vai assumir a gestão da cidade, quem vai representar os nossos anseios da luta pela qualidade de vida. 
Ter nojo da politica, se abster, não se envolver, nada disso vai ajudar a melhorar o que precisa ser melhorado. Claro  que é direito achar que politica não presta. Mas a roda vai continuar girando e se girar mal, pode nos atropelar.
Não é preciso dizer o tanto de coisas que nos prejudica por ausencia de boas administrações púbicas.
Por isso um apelo faço, vamos continuar tentando acertar e acreditar que a qualidade de vida pode ser alcançada.
Nesta pandemia vai ser dificil acontecer reuniões, debates públicos, corpo a corpo com candidatos, o risco de contaminação é grande e a saúde é uma questão poltica também
A escolha do eleito será então de muito estudo por parte do eleitor. Preste atenção no que nossos candidatos irão postar nas redes sociais, na sinceridade do que falam, nas falsas promessas e nas verdades que precisam ser ditas.
Não vamos abusar deste momento, menospresar essa oportunidade, Vamos ouvir, analisar e jamais entregar o  voto por nada.
Acho que o respeito a quem está  se apresentando como candidato é bom, pois creio que a reciproca deverá ser a mesma.
Tem muita genta boa na disputa e sou otimista de que vamos conseguir escolher os melhores entre os melhores.

Abraços a todos, boa reflexão e que lá na frente tenhamos e um bom voto.

Aldeir Ferraz



BOM APETITE, DIA DO NUTRICIONISTA



O alimento é vital para nossa existência como seres vivos, isso é um fato.

Desde a idade das pedras, principalmente com a descoberta  do fogo, o hábito de se alimentar vem se evoluindo e em cada região deste planeta forma-se culturas variadas.

O que é normal de se comer na China, pode não ser normal aqui. Cada parte do mundo desenvolvem-se alimentos de formas variadas que buscam garantir a sobrevivência, aliada ao paladar logicamente.

Aqui no Brasil podemos perceber essa diversidade alimentar. Cada região procura expor o que tem de bom para comer. Nossa Minas Gerais larga na frente nesta disputa, claro néh!? Será que existe coisa melhor que um franguinho com quiabo?

A história do alimento tem muito de luta e resistência dos povos. Aqui no periodo intenso da escravidão, a população que foi raptada da áfrica e submetida ao flagelo da submissão de raça, buscou formas de sobrevivência na alimentação. Recebiam sempre o resto das Casas Grandes e nas Senzalas reinventavam o que era descartado pelos senhorios e conseguiam a energia alimentar necessária para resistir, a feijoada é um exemplo.

Hoje usamos o termo Segurança Alimentar para colocar na mesa essa importante situação das nossas vidas, ou seja, comer, comer é fundamental para sobreviver. E não é só apenas comer para sobreviver, é alimentar-se com qualidade para garantir a saúde de verdade.

Nesse contexto, diversos homens e mulheres se enveredaram nessa importante ciência que estuda os alimentos e seus nutrientes. Falo aqui dos Nutricionistas.

Conheço vários nutricionistas e posso atestar como são envolvidos na luta por alimentos saudáveis que visam não matar a nossa fome apenas,mas garantir a vida saudável.

O trabalho dos nutricionistas ultrapassam cozinhas, não ficam presos apenas em planilhas, vão a campo literalmente para garantir que nossa geração e as futuras tenham a fonte de vida no hábito de alimentar.

Dia 31 de agosto, dia do nutricionista, vai aqui o meu viva a todos eles, bom apetite.

Aldeir Ferraz



Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...