sexta-feira, 17 de setembro de 2021
Toque a terra Sinta a Terra
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
O VENTO
O VENTO
Vento é o fluxo de gases em grande escala. Na superfície da Terra, o vento consiste no movimento de ar em grande quantidade.
Mas o vento é mais do que uma a definição de um elemento, ele passa a ser algo místico.
Sinta o vento lhe tocar, ouça o seu som, parece nos dar um recado, move os nossos sentimentos.
No calor busca nos aliviar, nos encanta quando agita os nossos cabelos.
Feche os olhos,levante os braços e sinta ele lhe tocar.
Vento, ventania me leve sem destino....
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 15 de setembro de 2021
CHUVA
Como nós mineiros dizemos, chuva é um trem bão demais.
Saudade danada dela,ainda mais nessa quentura que estamos passando.
Chuva é maravilha, vindo suave, molhando o chão, espantando o calor, alegrando a planta e os animais.
Melhor ainda é poder presenciar a chuva na roça, na varanda da casa assistindo o espetáculo das arvores balançando com o vento e suas folhas molhadas.
A água da chuva escorrendo do telhado e caindo no chão. Outra coisa boa é passar debaixo de uma árvore e receber os pingos gelados caindo das folhas.
E a cantoria dos pássaros festejando com alegria e com vôos rasantes rasgando o céu cheio de riscos de chuva.
E o cheiro gente, meu Deus que cheiro refrescante de terra molhada.
Êta saudade de uma chuvinha boa.
Aldeir Ferraz
domingo, 12 de setembro de 2021
A medida da vida na vara de um bambú
A medida da vida na vara de um bambú
A morte tinha um ritual de preparação bem diferente do que é hoje.
O defunto corpo mal se esfriava e com uma vara de bambú o seu tamanho era atestado.
Na serraria as tábuas cortadas sobre medida e os pedaços de pano afixados com grampos formavam o último leito.
Não tinha hora, era a qualquer hora e com pressa, mas com respeito a encomenda era entregue.
Em um banco de madeira, no aguardo o corpo sem vida esperava, agora sem a impaciência de quando vivo.
Flores, pouco tinha, a não ser o infortuito fosse em tempos de primavera, no outono o melhor terno ou vestido é que levava o destaque para o velado.
A morte mais do que reunia as pessoas para a despedida, era um evento.
Era uma obrigação se fazer presente com orações, indo nas rodas de conversas, tomando a aguardente que não faltava para quem virava a noite.
A alça do caixão era disputada e na cova já preste a ser fechada, a tradição de jogar alguns terrões era sagrada.
E a vara de bambú em um canto ficava a espera de nova medida para quem sabe, alguém que do velório de despedida fez presente e do lado dos vivos.
Aldeir Ferraz
domingo, 29 de agosto de 2021
MEDO PRA CACHORRO
O Domingo foi muito bom. Já cedo nos aprontamos e saímos de casa com um compromisso, viver e reviver.
Coloquei cinquentão de gasolina no tanque do carro e fomos rumo ao campo fugindo da cidade.
Dentro do carro comigo estava minha mãe, minha irmã Celinha, Valquiria, Ana Clara e o Juan.
Gente da cidade quando vai na roça é certo que vai pagar algum mico.
Na nossa história não foi diferente, pois ao chegar no nosso destino, com uma porteira nos deparamos.
Reza a etiqueta de que o carona do banco da frente tem o dever de descer e abrir a porteira.
Tudo bem, tudo certo, o Juan estava no banco da frente e teria essa missão. Pois é, teria essa missão se não fosse a matilha de cachorros que vieram em nossa direção pra nos receber, resultado, o carona do banco da frente amarelou.
Naquele momento vem a pergunta e agora o que fazer?
Como estava dirigindo argumentei que não dava pra descer e como amo muito minha esposa pedi a ela que descesse, enfrentasse os cachorros e abrisse a porteira, mas acho que o amor que ela diz ter por mim ficou em cheque, além dela amarelar, quase apanhei.
A coragem veio da minha mãe que desceu e abriu a porteira, enfrentando os cachorros.
Até que naquele gesto da minha mãe, que tem mais de 80 anos, me fez ter coragem e descer também.
Só que tinha um detalhe, o medo pra cachorro que tenho me fez voltar ao deparar com um baita de um cachorro em minha direção.
Salve a Dona Dalica, mãe corajosa.
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
E O VELHO ERA EU
JÁ conhecia o Norton de outros tempos, desde quando cheguei em Ubá.
Através do seu irmão Fernando Fagundes, que como vereador a época e minha militância nos movimentos sociais, tivemos algumas conversas em reuniões.
Veio então o contato na política, quando fui escolhido pelo Partido dos Trabalhadores para disputar a eleição para Prefeito de Ubá.
Um dia no Horto Florestal, estava sendo entrevistado pelo saudoso Vicente Mota quando o Norton se aproximou.
O Vicente Mota fez uma foto minha e dele e profetizou, vocês formarão uma chapa valente para a disputa da Prefeitura de Ubá.
Profecia feita e após alguns meses e muitas conversas aconteceu o que foi dito.
Formamos uma chapa para disputar as eleições e partimos pra rua, nas fábricas, de sol a sol e também entrando noite adentro.
Nestes tempos surgiu mais do que uma parceria, ficamos amigos, amigos mesmo.
O que me chamava atenção no Norton era sua energia, sua vibração e a crença de um mundo melhor.
Cheguei um dia a confidenciar pra ele que naquela dupla já me sentia o velho, mesmo tendo menos idade que ele.
Sua jovialidade espiritual promovia o ânimo que precisávamos na árdua luta de convencer as pessoas.
Professo da Fé que somos eternos, apenas o nosso corpo é que se perde no tempo e por isso não estou triste, ao contrário, sou feliz e grato por ter a honra de ter um amigo como o Norton.
Voa para eternidade “Espirito Bom” que durante um tempo se fez carne e viveu entre nós.
Saudades sim, tristeza não
Aldeir Ferraz
domingo, 15 de agosto de 2021
MONJOLO
E a correnteza da água vinda daquele pequeno córrego fazia movimentar o tronco que levantava e abaixava.
Na ponta deste tronco, um pilão que ao descer esmagava o milho na cuia, que se tornava o fubá, a farinha de bijú, a canjiquinha....
Este é o monjolo, desconhecido de agora e saudado por quem viveu o seu auge.
O tempo do monjolo era um tempo que tudo passava mais lento e tudo era celebrado.
Minha mãe em suas lembranças contava como era divertido voltar da escola e ver o milho sendo triturado lentamente.
Lá na Dona Nozita Barbosa ( sogra da sua irmã Maria), na comunidade de São Francisco, contava ela que era feito a farinha de Bijú.
Tinha todo um preparo depois do milho esmagado.
Uma pasta era formada, tinha o momento de peneirar, o momento de secar, o momento de desfazer as placas formadas...
Além de assistir a toda aquela trabalheira, a criançada ganhava uns pedaços de bijú.
Nada desse negócio de guloseimas de hoje, algumas mais caras que outras. O que fazia a alegria era ganhar o bijú e se divertir com o monjolo no seu trabalho lento e sem fim.
Tempos de fartura e simplicidade.
Aldeir Ferraz
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