sábado, 5 de junho de 2021

A TIA DO CACHORRO

 Da janela de casa vejo passar todos os dias uma bela senhora e seu pequeno cachorro. Com toda paciência, hora a passos lentos ou rápidos o seu companheiro de caminhada a guia.

Conheço um pouco da história daquela mulher. Ela desde jovem sempre foi meiga e carinhosa, mas nunca teve um mascote como companhia.

Dos seus amores e sonhos sempre dedicou sua energia.

Criou uma familia, como professora ensinou a tantos, pessoas que se tornaram  importantes e outros nem tanto.

Na sua vida tudo se foi aos poucos. Amores partiram cada um para seu destino e com ela ficaram as lembranças.

Certo dia de sua vida, andando pela rua deparou se com um pequeno cachorro que não tirava os olhos dela.

Amou aquele animal a primeira vista e como abandonado estava resolveu adotá-lo.

Agora ela desfila com ele para todo lado e o que tem de amor na sua vida reparte com seu amigo.

E lá vai ela sorridente e altiva, pois continua como sempre foi, repartindo seus bons sentimentos com alguém.

Aldeir Ferraz



segunda-feira, 24 de maio de 2021

MEU AMIGO ADÃO

 MEU AMIGO ADÃO


Adão nome hebraico que significa homem da terra vermelha, Adão também é nome de um amigo.


Este meu amigo tinha a energia da terra, o brilho do Sol nos olhos, a fala esperançosa que soava ao som de ventos uivantes.


Sua alegria sempre foi contagiante, sua solidariedade e fé eram profeticas.


Um dia, o tempo e a distância nos levaram para caminhos distintos.


O tempo e a distância são fatores complexos que desconstroem os nossos caminhos.


O que era a perfeita harmonia ficou em um passado distante e que nos falta no presente.


O destino que é esta mistura de tempo e distância nos leva para um mundo afora e novos rumos são tomados.


Num dia desses reencontrei o homem da terra vermelha, o Adão, o meu amigo Adão.


Adão Já não tinha mais o sentido de terra vermelha, estava árido, o seu olhar nebuloso e a voz estava aprisionada numa espécie de caverna profunda,


Já não tinha mais alegria e como um pássaro ferido evitava qualquer aproximação.


É triste ver um homem, guerreiro, menino com a marca do tempo por sobre seus ombros, Gonzaguinha tinha razão em sua canção.


O que mais nos assusta é essa impotência que este mundo nos dá, ver um amigo se desfazendo célula por célula, átomo por átomo.


O que é feito das nossas vidas, o que o tempo e as circunstâncias nos transformam?




Aldeir Ferraz

domingo, 16 de maio de 2021

JOGOU E PERDEU

Essa o Zé Pequeno tem certeza que aconteceu.

Sempre no final do expediente o recado de casa chega, as encomendas das esposas é um fato:

"Traga isso", "traga aquilo".

E o Tio Deguinho recebeu um recado por telefone:

- Mineiro traga um intera pra janta.

Era Tia Irene alertando que as panelas já estavam no fogão e o tira gosto podia faltar não.

Mas como sempre, armazém fechado o destino era os botecos, desta vez a saideira foi no Jorge Dutra.

Pinga, cerveja e tira gosto no balcão e em volta o Pedrinho Cera, Tio Deguinho,  Marquinho, Nelsinho, Zé Pequeno e Wallas.

Resolveram jogar no palitinho quem pagaria as rodadas.

Não era a noite do Tio Deguinho e as rodadas estavam sobrando pra ele, até que o dinheiro acabou. O que sobrou foi a intera que estava levando para o jantar que a Tia Irene fez.

Colocou na disputa da última rodada e a noite tava de azar, Tio Deguinho perdeu novamente.

Chegou em casa de mãos abanando e pra não levar um puxão de orelha jogou a culpa em um gatuno que roubou o tira gosto que estava na garupa da bicicleta.

Aldeir Ferraz

RECEITA DE BALCÃO

 E as histórias vão surgindo nas lembranças como móvel que aparece logo que a poeira é retirada.

Desta vez o caso é  as receitas nascidas no bate papo no balcão do armazém Ferraz.

Conta-se que o Wallas casado de novo e o Zé Pequeno estavam com uns probleminhas em casa.

A verdade que o trem tava falhando e nem catuaba com ovo de codorna tava funcionando.

O Marquinho logo deu a receita pra dar conta da situação, fígado de boi é a sustância necessária pra levantar a moral e a felicidade.

Mas o Zé Geraldo e o Tio Deguinho apresentaram um outro estimulante tiro e queda, o caldo de cana.

Visconde do Rio Branco era a terra da cana de açucar e do meio dos canaviais a conversa do caldo de cana como estimulante sexual era quente.

Wallas seguiu a receita tanto do Marquinho, quanto do Tio Deguinho e o Zé Geraldo.

"E num é que o trem deu certo sô", comentou o Wallas uma semana depois, cheio de alegria e revigorado.

Zé Pequeno que não tava acreditando na receita já mudou de idéia e resolveu experimentar.

Com a orientação do Marquinho caprichou no fígado e colocou tomate e muita cebola, o jantar em casa tinha que ser afrodisíaco. A bebida de acompanhamento era o caldo de cana, indicação do Zé Geraldo e Tio Deguinho.

Como o Zé Pequeno tava mais necessitado, resolveu dobrar os ingredientes, no caso do caldo de cana tomou quase duas garrafadas.

No outro dia nosso amigo Zé Pequeno chegou no armazém atrasado e com muita olheira e fraqueza.

Todos logo já perguntaram se ele tinha trabalhado muito a noite e se deu conta do serviço.

Indignado o Zé Pequeno logo falou:

- Fiz muita força essa noite sim, mas foi no banheiro, a caganeira que me deu acabou comigo, nunca mais sigo as receitas suas, é tudo doido.

Aldeir Ferraz


sábado, 15 de maio de 2021

POR QUÊ?

Por quê? Constante é e de forma aflitiva o questionar diante da morte.

Ao Divino tentamos buscar uma resposta que na verdade já existe, morreremos algum dia.

Claro que a partida inesperada nos assusta, se é que esperamos o dia da partida. Sabemos dela mas ainda buscamos uma resposta.

O momento que vivemos de pandemia tem nos confrontado diariamente com a morte. Quase a todo momento alguém próximo deixa de existir entre nós.

Se sabemos do nosso fim, antecipado ou não, talvez não caiba o mistério e questionar.

Talvez o grande mistério então seja a vida, não sabíamos que nasceríamos e aqui estamos.

Pouco ou nada procuramos saber da nossa existência.

Para que nascemos? Por que nascemos? Qual a nossa missão?

Antes da nossa partida seria bom que soubéssemos.

Aldeir Ferraz 




quinta-feira, 13 de maio de 2021

RAIMUNDO DECIDE

 Adaptar ao Politico, uma Prática da Politica 


Quem já viu uma sessão do Legislativo sabe mais ou menos como funciona as coisas, melhor dizendo o regimento da casa.

Falas, leituras, votações isso tudo acontece no parlamento e toda estratégia se constrói para conseguir um pensamento com maioria. 

Quem  já ouviu um presidente de Câmara pronunciar antes de uma votação:

Aqueles que estiverem contra que se manifestem e estando a favor que permaneçam como estão

É uma das formas de votação mais comum e rápida e sobre isso existe um causo que vou contar o do  por que se tornou usual, lenda ou verdade não sei, mas tem sentido.

Em uma  pequena cidade do interior deste país, havia um senhor , chamado Raimundo (nome fictício ) , toda eleição  elegia-se para vereador, era sagrada sua vitória .

O sujeito já tinha a cadeira cativa no plenário da casa de leis e independente de quem ganhasse para prefeito ele fazia parte da base governista.

Já com uns dez mandatos na costa e sempre na situação, começou a dar problemas aos prefeitos que apoiava, não porque discordasse, mas já cansado ele cochilava nas reuniões e seu voto muitas vezes era perdido.

Como a Câmara de vereadores era dividida meio a meio entre situação e oposição e cada voto era importante, uma idéia surgiu entre o presidente da Câmara e o Prefeito.

Sabedores da posição favorável de Raimundo conseguiram implantar no regimento que toda a votação a favor de um vereador deveria ser manifestada permanecendo-se como estivesse, ou seja se estiver sentado, sentado deveria continuar.

No caso do nosso veterano Raimundo cochilando .

Foi assim que o executivo passou a ganhar todas na casa;

É a politica se adaptando ao politico e vamos que vamos.


Aldeir Ferraz

quarta-feira, 12 de maio de 2021

CORPO E ESPIRITO

 CORPO E ESPÍRITO 


Quando nascemos,é dito que a  mãe deu a luz á uma criança.

A luz tem  o sentido da vida que surge de um parto depois de um tempo de geração , de formação no ventre materno onde vamos nos construindo fisicamente.

As imagens de um ultrassom mostram o desenvolvimento passo a passo do ser que nos tornaremos após um tempo, a cada dia em uma velocidade impressionante  células se multiplicam.

A mãe que nos carrega  transmite toda energia necessária para o desenvolvimento físico e espiritual.

Na natureza este surgimento  á vida é parecido, pois a semente enterrada no solo da mãe terra desperta com os nutrientes recebidos e logo encontra a luz do Sol.

Como uma planta que nasce para cumprir o seu papel, nós também temos o nosso destino, porém com mais complexidade do entendimento de qual será a missão.

Uma flor nasce para ser uma flor e contribuir para o belo em nosso meio , ela já tem essa consciência, mas e nós?

Percebo que uma flor é muito mais do que  um corpo que possui caule, raiz, pétalas com cores, este ser possui algo que emana vibrações, que nos faz encher os olhos com tamanha graça e o aroma traz grande alívio.

Nós também não somos apenas corpo, temos um espírito que tem um papel a cumprir e que muitas vezes não buscamos o entendimento da vocação que lá no ventre já começa a ser determinada.

O fato que como a flor, nossa vida tem vibrações que precisam ser emanadas para a harmonia deste mundo.

Este é o eco da vida , mais do que corpo , somos espírito.


Aldeir Ferraz

Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...