quarta-feira, 3 de março de 2021

A VIDA DURA DE UM CONQUISTADOR


Chiquinho era um sujeito simpático do interior, frequentador assíduo dos botecos da vida e um grande conquistador do coração das donzelas solteiras da pequena cidade Sapezinho.

Vestia-se bem e por onde passava o cheiro de almiscar ficava como rastro, podia se chegar a conclusão que onde o aroma exalava, era sinal que estava por perto.  

Muito namorador ainda não tinha conquistado o coração da mais bela entre todas, Esmeralda a linda jovem , miss sapezinho.

Fazia de tudo para ter aquele encanto ao seu lado, até que ela correspondia, mas o pai dela era fera, não deixava nenhum gavião chegar muito perto.

Uma noite Chiquinho organizou um grupo de amigos com violões, bandolins, violinos e até gente com caixinha de fósforo, um a verdadeira orquestra para cantar de baixo da janela de Esmeralda e sua família com o objetivo de encantar e finalmente conquistar a sua paixão.

A Meia noite iniciaram a bela serenata e afinados se revezavam a cantar interpretando várias músicas de sucesso,mas nada das janelas se abrirem

Já quase 01:00 da madrugada, já sem esperanças, Chiquinho começa cantar " Noite Cheia de estrelas" de Evaldo Braga.

- Lua Manda tua luz Prateada , Despertar Minha Amada, Quero Matar Meus Desejos, Sufocá-la Com Meus Beijos.... ( E nada da Esmeralda)

E na continuação do canto segue os versos

.... Canto e a Mulher que eu Amo  Não me Escuta...  e repentinamente uma luz se ascende interrompendo a cantoria , as janelas se abrem e de lá surge o pai de Esmeralda , sujeito barrigudo e peito cabeludo apenas de ceroula gritando:

- Tá dormindo Filho da Puta.

Eta vida dura de conquistador.

Aldeir Ferraz

terça-feira, 2 de março de 2021

UMA HISTÓRIA DE CARNAVAL

 Essa é uma história que o André pediu para contar e apenas disse para não revelar os personagens, portanto não falarei aqui do Wallas, ném do Zé Pequeno, criarei nomes ficticios.

Era sábado de carnaval, muito movimento no supermercado Ferraz e a turma trabalhando em ritmo de folia.

Naquele época o Zé do butequin  (nome ficticio) e o Zé do Bicho  (nome ficticio) andavam se estranhando, relações cortadas.

Como sempre no final do expediente aquela gelada rolou, principalmente para aquecer os ânimos para a noitada.

O combinado era todos irem direto para a Praça 28 de Setembro, Zé do Bicho estava namorando e disse que iria buscar a namorada, sujeito sério é assim mesmo.

Lá na praça o André ( o cara que eu achava ser o perigote das mulheres) liderava o bloco distribuindo a batidinha que estava numa chamexuga.

O Zé do Bicho já pra lá de Bagdá dançava pra lá e pra cá e de repente se afastou da galera e começou a abraçar alguns homens, segundo as más linguas, dava até beijo de lingua.

Acontece que ele largou sua dama no meio do salão e aí não teve jeito juntou os gaviões.

Nesta situação surge o heroi da noite, Zé do Butequin o mais sóbrio da turma(  não conseguia fazer o 4)  partiu pra cima dos gaviões e voou pena pra todo lado. Gritando que ninguem mexia  com a namorada de amigo seu, botou a turma pra correr. Tá certo que ficou com um olho roxo, mas foi macho pra caramba.

O Zé do Bicho ficou sabendo do ocorrido e chegou como galo, cadê os mequetrefes , mas todos tinham dado no pé.

Naquela noite, tivemos um final feliz,  Zé do Bicho e Zé do Butequin fizeram as pazes. Se abraçaram e choraram juntos.

Coisa de bêbado.

Aldeir Ferraz


domingo, 28 de fevereiro de 2021

BURRO QUEIMADO

 Essa história começa na beira do balcão do armazém Ferraz. Importante destacar que o personagem do episódio era um sujeito de canela fina. Naquela época, éramos muito jovens e academia coisa pra alta sociedade, canela fina era praxe.

Sr Zé Ferreira, um freguês antigo,  lá da comunidade de São Francisco semanalmente aparecia pra fazer suas compras.

Homem de estatura baixa, chapéu paraná e bigode sempre alinhado entregava sua lista de pedido para que separássemos.

O Ferreira gostava muito de prosear com o Marquinho, enquanto sua lista era arrumada. Tinha coisa pra sua casa e também para pequena venda que mantia lá em São Francisco.

Sempre quando aparecia, deixava sua charrete com o animal na cocheira que existia na rua de trás do armazém, onde hoje tem o banco Bradesco.

Quando sua compra terminava, era preciso levá-la de bicicleta de carga para cocheira.

O Zé Ferreira sempre foi brincalhão, mas também sistemático. Tinha hora que falava sério e hora brincando e por isso ficávamos sempre atentos para não pisar na bola com ele.

Um dia,  após a compra concluida pediu que um de nós levássemos as compras na cocheira.

Na cocheira tinha muita charrete de toda banda e sempre perguntávamos como era o animal.

- Desta vez estou com um burro queimado . respondeu o Ferreira naquele dia.

Neste dia, o Wallas que levou sua compra, mas chegando lá não achou a charrete do Zé Ferreira e voltou com a compra.

Passado um tempo o Zé Ferreira encosta com sua charrete na porta do armazém e chama o Marquinho.

- Marquinho o cocheiro disse que foi um rapaz de canela fina pra entregar minha compra e voltou.

Wallas apressou-se em responder:

- Oh Sr Ferreira, eu fui lá, mas não vi o burro queimado. O que tinha no lugar era um monte de cinzas.

E o fim da história foi com muita gargalhada, poi o Sr Ferreira concluiu.

Sujeito com canela fina, mas com a resposta na ponta da lingua, tá explicado.


Aldeir Ferraz


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O FIM DO MUNDO


Imaginava o fim do mundo assim:


Todos nós na beira de um precipício e lá do céu uma grande bola de fogo vindo em nossa direção.


A bola de fogo se aproximando, o calor dela já se fazendo presente, misturado com o calor dos nossos corpos abraçados.


Alguns com lágrimas nos olhos, outros cantando, uma turma  pedindo perdão, casais se beijando...

Tinha um cara cabeludo solando Dont' Cry em uma guitarra.


Mas o fim do mundo tá bem diferente.


Estamos isolados, alguns.


Estamos de máscaras, quase todos.


Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar.


Aldeir Ferraz



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A RURAL DO ROQUINHO

 Ele encostava sua Rural na porta do armazém Ferraz e com sua familia descia pra fazer suas compras

Roquinho, com seu chapelão se aproximava do balcão e já entregava sua lista para a separação.

Saia lá do Córrego Preto, comunidade de Guidoval, para fazer sua compra no Ferraz.

Só saia da sua roça pras compras três ou quatro vezes no ano. Quando fazia as compras a Rural saia aborrotada.

O que não produzia, comprava. Era sacos e mais sacos de mercadoria. Gostava de ter fartura em casa.

Era tempo do fio de bigode, pois o que comprava era anotado e o acerto era feito na proxima compra.

Compra carregada na Rural, entrava com sua familia e partia de volta a Guidoval.

Aldeir Ferraz

domingo, 14 de fevereiro de 2021

MINEIRO QUE ACOMPANHA PATO...

 O final de trabalho no Ferraz sempre tem um momento de molhar a palavra, tomar uma gelada.

Quando este momento tem alguém que banca é melhor ainda.

Uma dessas noites, logo após o trabalho, o Zé Pequeno bancou uma caixa de cerveja no bar do Carlinho. Bancou por que naquele dia faturou no jogo do bicho.

Participaram desta rodada, o Tio Deguinho e o Zé Geraldo, pois os dois que eram  responsáveis pelas entregas, sempre  os últimos a sair do mercado.A dupla foi batizada pelo Sebastião Toledo como Carga Pesada, o Pedro e o Bino das entregas.

A noite com o Zé Pequeno pagador foi boa, o copo não parava vazio, mas o Zé Geraldo resolveu ir embora cambaleando, o Zé Pequeno já confundindo Jesus com Genésio partiu também.

Quem tava firme ainda era o Tio Deguinho que só arredou o pé pra mudar de buteco. Pegou sua bicicleta atravessou a Praça 28 de Setembro e foi para o Bar do Manoel perto do Rio Xopotó.

Já tarde da noite, o Tio Deguinho deu conta que roubaram sua bicicleta e pra completar a aventura, caiu um toró de chuva.

Não teve jeito, precisou esperar o tempo melhorar, pois sem bicicleta teria que ir embora a pé.

Tio Deguinho pediu mais umas pingas ao som da chuva na beira do rio e ouvindo o toca fita do bar a música do Gino e Geno :

"As águas do São Francisco estavam próximas da ponte... Deixei as águas baixar... ao lado da moreninha...."

Só que o rio era o Xopotó e a moreninha era uma pinga branquinha.

A Tia Irene em casa estava preocupada e ligou para o Nelsinho em busca de informação do seu Mineiro, ninguém sabia do seu paradeiro, tempo que não existia celular.

A chuva passou e já de madrugada o Tio Deguinho chegou em casa, alivio pra toda família.

No outro dia o comentário foi geral, pois Mineiro que acompanha pato...

Nota :

Wallas não estava nessa. Motivo, casado fresco.

Aldeir Ferraz 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

ZÉ PEQUENO ENGRAXATE

O telefone tocou, antes de atender verifiquei se não era o terrivel 011, não era, então atendi:

- Alô!

- Fala Aldeir! Aqui é o Zé Pequeno, engraxate da esquina do Pecado, para seu texto que vou contar pra você sobre o comércio da Rua Nova. Engraxei o sapato daquele povo todo dali.

 Naquele região tinha o armazém do seu Tio Jesus e do Luís Monteiro, também os secos e molhados do Aristeu Pires. O Zé Salim tinha material de construção.

O. Armarinho do Foca, onde tinha de tudo em se tratando de confecção. Roupa pra homem, roupa pra mulher, pra criança, pano para costureiras...

O Armazém do Zé Abílio , o Atacado do Zé Rodrigues a distribuidora de bebidas da Antartica que era junto com o Armazém do Bert.

Tinha o Soares que fabricava gaiola, as quitandas do Elcio, Omar, Expedito Ignacthi. A casa do Sr Milton Assis. A esquina do Pecado tinha o bar do Zico Moisés,depois era a loja do Zé Oreia.

Mais pra frente tinha o forró do Arlindo Gastão, Padaria do Zú, pai do Tuca. A casa da Mamãe, era uma lojinha de roupas e presentes.

Tinha a Casa Sarmento, o Banco Nacional, a Ótica Esmeralda, Farmácia do Zé Nilton.

Lembro do Bar do João Ferraz, que depois foi do João Dutra. Seu tio Natalino trabalhou muito tempo ali.

Tinha a Escola Laudelina Baradier e antes do Cabe Um do Didi, uma quitanda que vendia umas maçãs gostosas, trocava jornal velho por revista em quadrinhos.

O Bar do Zé Iasbik, a padaria do Durval Andrade. Foto São João, Foto Carlão.

A Escola de Datilografia Remilton, a Farmacia do Assis.

A maioria das casas eram de pau as pique.

O Supermercado Dular do Zé Machado, a Venda do Osvaldo Capobiango, a quitanda do Amantino, o Açougue do Paulo Rosa.

Os Butecos do Zé Basilio, onde tinha o melhor figuinho, figoticos da região. Os salgados do Sr Zé Dutra, o buteco do Butão já existia.

A casa de ferragens do Mussolini, a loja de material de construção do Luiz Zonta, a sapataria do Naim...

Tinha duas oficinas de bicicleta uma do Zé, vivia fechando cedo pra pescar e a outra...

A livraria Alcântara do Didi, tinha também o Supermercado Bem Bom que ia de uma rua a outra, do Vani.

O Supermercado do Zezinho em uma rua e a quitanda do Zezinho na outra.

A Discolândia onde tinha todos os lançamentos de discos e fita k7 de sucesso.

O meu barbeiro era o JReis, mas tinha o Claudinho Cabelereiro que era para os vips.

Ah!  também tinha a leiteria do Toninho que fazia vitamina, onde dava para saborear um batida de abacate com leite.

A Casa 3 Irmãos, salão do Toninho Barbeiro, Elite Bar, Minas Caixa...

Alguém lembra de mais ?

Êta Zé Engraxate!!!!

Aviso:

Este texto não se prendeu a temporariedade e espaço dos estabelecimentos comerciais, ou seja, não necessariamente existiu ao mesmo tempo.

Isso é apenas a memória de um engraxate que já não tem mais suas unhas pretas.

Aldeir Ferraz





Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...