Um bom ponto, conta com um bom vizinho e isso o Supermercado Ferraz foi abençoado.
E nos 35 anos do Ferraz não poderia deixar de destacar.
Tem coisas na vida que são importantes de mais da conta, vizinho é uma delas. Todos irão concordar que eles são os parentes mais próximos e que até valorizam o local onde se vive.
Faltou o açúcar, faltou o café, pode pedir que sem dúvida te emprestam, se bobear te chamam até para tomar o café quentinho junto.
Graças a Deus sempre tive a felicidade de ter boa vizinhança e lá na casa dos meus pais sempre foi assim.
Eu era bem moço quando morou do lado da nossa casa um casal que veio da roça e que tinha uma família muito grande, mas que já estavam todos bem criados e tocando a vida com as pernas próprias.
Dona Joaquina e Sr Ampério como boas pessoas que sempre lidaram com a vida do campo, vindo morar na cidade de cara já fizeram no fundo da casa uma horta bem farta.
A nossa divisa com eles era um longo muro de placa e existia um pé de goiaba no meio que tinha galho de um lado e do outro. Dali eu ficava curtinho o plantio e o cuidado dos dois com a horta.
Tinha couve, tinha almeirão, tinha alface, cebolinha, salsinha, até pé de tomate, claro que também havia plantas que curavam de tudo, boldo, macaé, losna, pé de galinha...
De manhã a mãe sempre ia lá buscar verduras frescas para o almoço, outras vezes eu ou alguns dos meu irmãos que buscávamos, quando não dava pra ir , pedia pelo muro:
- Oh Dona Joaquina, Oh Sr Ampério...
Você pensa que chamávamos só pra isso , claro que não, tinha hora que a bola caia lá no quintal deles, aí a gente gritava também.
A frente da casa deles tinha uma janela que o velho Ampério gostava de ficar e para prosear com os conhecidos.
Lá de dentro ele sempre gritava para os que passavam na sua calçada.
- Chega mais, vem aqui tomar um pescoção!
Um dia me assustei com aquilo e longo imaginei, êta homem bravo, mas logo me chamou também e como curioso e as pernas finas, eu fui, qualquer coisa dava no galope.
Mas lá tinha uma turma em volta dele rindo , espirrando e logo ele me ofereceu:
- Quer Também? E enfiando sua mão no bolso da calça, aliás um bolso enorme, retirou uma latinha, abriu e levou perto do meu nariz.
- Assusta não que é rapé.
Na mesma hora dei aquele espirro de estremecer.
Reparei que aquilo era como um ritual, mais do que um vício, pois os espirros provocados dava uma limpeza não apenas física mas espiritual, aquela sensação de alívio, de leveza
Depois daquela, toda vez que o encontrava pedia um pescoção.
Êta tempo bom!
Aldeir Ferraz