quinta-feira, 2 de julho de 2020
SINAL
Quando precisamos comunicar com outra pessoa usamos a fala através da voz ou com gestos.
Nossa comunicação tem várias formas de expressá-la, hora agressiva, hora suave. O jeito de falar provoca reação na pessoa que está ouvindo, então surge ali uma relação que pode ser positiva ou negativa.
Quando nossa presença física neste mundo desaperece, mas o espirito permanece,buscamos formas diferentes de comunicar.
Como espiritos apenas, creio que jamais perdemos o contato daqui. A questão é que nós que ainda estamos em carne e osso, ainda não aprendemos a comunicar com o mundo espiritual.
Alguns sinais nos intrigam quando algo surge, como por exemplo, uma borboleta que do nada começa a nos seguir ou uma flor que parece querer nos falar com sua beleza.
Entender a comunicação espiritual requer muito exercício de libertação do seu eu.
Penso que somos conectados a uma força, como fios condutores que levam eletricidade. Se tivermos desencapados a energia se perde.
É importante todos os dias buscarmos a sintonia com o mundo espiritual, pois eles têm muito a nos dizer do jeito que sabem comunicar, precisamos saber ouvir.
Aldeir Ferraz
domingo, 28 de junho de 2020
RUÍNA
Um homem que cavalgava, sobre um cavalo com trotes lentos, rumava para o seu fim.
Era uma tarde, quase noite e Chiquito, um mestiço, corpo castigado pela lida da roça, quase maltrapilho, rosto coberto por uma barba rala e na cabeça um chapéu empoeirado, saíra de uma pequena venda de roça onde na beira do balcão esvaziara um litro de uma cachaça servida pelo atendente.
Cambaleando e com dificuldade subiu em seu animal e seguiu caminho. Todos que ali estavam já pouco ligavam para aquela cena,pois nos últimos tempos aquilo era uma rotina.
Seus olhos vidrados não enxergavam nada a frente, contava apenas com seu cavalo pra chegar em casa.
O seu destino estava selado, sua última viagem chegou ao fim. Na curva do caminho, uma estrada fechada por mato de um lado e outro, um tombo, a cabeça em uma pedra e.... Ainda foi socorrido, mas ali se encerrou a sua vida.
A vida, na verdade já não existia mais pra ele. Era uma questão de tempo e como aconteceria seu fim.
A amargura que carregava lhe consumia. Já não era um humano inteiro, era uma ruina humana.
Sua história trágica vem de muito sacrificio na lida da roça. Tinha muitos filhos, todos pequenos e se dedicava a criá-los.
Uma tragédia lhe abateu e transformou o seu rumo. Um de seus filhos perdeu a vida ao brincar com uma arma de fogo. Ela disparou e o feriu fatalmente. Desesperado ao ver seu filho sangrando, pegou-o em seus braços em busca de ajuda, mas era inútil.
Diante do corpo de seu filho e da sua família entrou em choque.
Já não havia mais energias dentro de si, e ali naquele momento o seu destino estava traçado.
Daquele momento até a curva da estrada não se contaram um ano. Uma história que o tempo distanciou e mostra como frágil somos diante das durezas da vida.
Daquele momento até a curva da estrada não se contaram um ano. Uma história que o tempo distanciou e mostra como frágil somos diante das durezas da vida.
Aldeir Ferraz
O VELHO E O LIVRO
Gosto de livros. Claro que tenho preferências e também críticas.
Registrar pensamentos, ideias, ensinamentos é fundamental para nossa existência.
O conhecimento extraído dos livros nos ajuda a evoluir. Seguindo as escritas podemos evitar erros e acertar mais na caminhada.
Duas coisas sempre fui incentivado a fazer, ler livros e ouvir os mais velhos.
Sobre ouvir os mais velhos é sim tão bom ou até melhor quer fazer uma leitura.
Existem povos que tem em seus velhos o carinho e o respeito de um ser que carrega contigo um poço de sabedoria e conhecimento. Para estes povos é vital a existência de um idoso entre eles.
Penso que não é somente o que um velho tem a nos dizer que vale, mas também o seu jeito de ser, as suas rugas provocadas pelo tempo nos traz aprendizado.
Em tempos de pandêmia é costume ouvir que quando alguém morreu pela Covid19, já logo perguntam e em seguida afirmam: É velho? Já ia morrer mesmo.
Estamos criando a cultura do descarte humano. Não estamos levando em conta que somos essência.
A essência quanto mais velha melhor fica.
Nesta vida é preciso amar o que há de bom, portanto abra um livro e leia, e antes que seja tarde demais, sente ao lado de um velho e ouça o que ele tem a dizer, olhe para ele e receba toda a energia de vida que certamente vai nos oferecer.
Aldeir Ferraz
Registrar pensamentos, ideias, ensinamentos é fundamental para nossa existência.
O conhecimento extraído dos livros nos ajuda a evoluir. Seguindo as escritas podemos evitar erros e acertar mais na caminhada.
Duas coisas sempre fui incentivado a fazer, ler livros e ouvir os mais velhos.
Sobre ouvir os mais velhos é sim tão bom ou até melhor quer fazer uma leitura.
Existem povos que tem em seus velhos o carinho e o respeito de um ser que carrega contigo um poço de sabedoria e conhecimento. Para estes povos é vital a existência de um idoso entre eles.
Penso que não é somente o que um velho tem a nos dizer que vale, mas também o seu jeito de ser, as suas rugas provocadas pelo tempo nos traz aprendizado.
Em tempos de pandêmia é costume ouvir que quando alguém morreu pela Covid19, já logo perguntam e em seguida afirmam: É velho? Já ia morrer mesmo.
Estamos criando a cultura do descarte humano. Não estamos levando em conta que somos essência.
A essência quanto mais velha melhor fica.
Nesta vida é preciso amar o que há de bom, portanto abra um livro e leia, e antes que seja tarde demais, sente ao lado de um velho e ouça o que ele tem a dizer, olhe para ele e receba toda a energia de vida que certamente vai nos oferecer.
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 25 de junho de 2020
LUZ E POEIRA
O silêncio foi rompido com a porta se abrindo. A luz de fora adentrou antes de mim e logo revelou o que ali estava intacto. Uma leve poeira se levantou e seguiu em direção ao facho de luminosidade.
Meu olhar circundava aquele ambiente e meu coração acelerava a cada direção que mirava e nem conseguia piscar, somente admirar.
Estava ali, tudo estava ali, a máquina de costura, as ferramentas, os moldes, sua carteira de trabalho… Ah! Que orgulho que era possuir uma carteira de trabalho, uma profissão.
Quando pequeno gostava de entrar naquela oficina e ver meu avô na sua lida, consumido pelo trabalho e fazendo tudo com prazer.
Dizem que viemos no mundo para transformá-lo. Aquela oficina era assim, transformava o que tava ruim em belo.
A cada passo que dava, algo estranho parecia acontecer, comecei a sentir as coisas se mexerem, a costura de um tecido, o corte de um molde, o arredar de um móvel, que barulho espantoso chegava aos meus ouvidos. Era isso mesmo, sentia a sua presença, sentia a sua agitação, tudo naquela hora se tornou mágico. Enchi-me de orgulho de tudo.
Não! Definitivamente não são velharias, tudo tinha vida, tudo tinha história pra contar.
Interessante que nos dias de hoje perdemos essa essência de preservar, de recordar, tudo se torna lixo que precisa ser afastado de nós, enterrado.
E as horas se passaram rápido com minha viagem no tempo, não queria sair, queria continuar meus pensamentos, minhas lembranças e o calor da presença espiritual dali.
Tive que partir, nada alterei e de pé em pé caminhei para a porta e quando fui fechar vi ainda o facho de luz que continuava a guiar a poeira em direção a pequena fresta de uma janela.
Porta trancada e um barulho surgiu lá de dentro, uma lâmpada piscou, estranhei mas logo tudo cessou.
No caminho pensei, sim ali não jaz um passado, ali uma existência se eternizava
Aldeir Ferraz
terça-feira, 23 de junho de 2020
A ESTRELA D'ALVA
"...A estrela d'alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor..."
Canção imortalizada na voz de Dalva de Oliveira, letra de Noel Rosa e Braguinha.
Quem já não cantou tal canção como boêmio que virava a noite se embebedando com os amigos e curtindo as paixões joviais ou não.
Virar a noite e no fim da madrugada e próximo ao amanhecer, olhar o céu e vislumbrar Vênus, a nossa estrela D'alva.
Vênus um planeta, mas que tem um nome de uma deusa grega. Isso nos faz encher de encantos e suspiros imaginando o amor vivido, amor que vive ou que ainda vai viver lá distante.
E lá no céu este amor brilha solitário.
Esse momento êxtase de contemplação se interrompe com os pássaros e o rompimento do silêncio da cidade que começa a agitar e aquela paz se derrete.
"...Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar."
Aldeir Ferraz
sábado, 20 de junho de 2020
ESSA TAL ESPERANÇA
Esperança, uma palavra que é sempre dita pelos otimistas, pelos que têm fé, pelos que têm muita energia dentro de si.
Pode existir várias formas de definir a esperança, mas ouvi uma que carrego sempre comigo, a espera confiante.
Esperar confiante é como se fossemos um pássaro no alto de um mirante a espera do nascer do Sol em um despertar de uma manhã.
Este pássaro ali, após repousar de uma noite fria, sente a primeira brisa matutina lhe tocar as penas. Seus olhos se abrem com a luminosidade e na certeza do céu que lhe espera, ergue as asas e levanta voo. E ele voa sem se preocupar com a finitude da vida, apenas celebra o seu momento no espaço.
Essa tal esperança nos enche a vida, jamais devemos abrir mão dela, mesmo que a nossa frente tenha um precipício.
Do precipicio, o nosso pássaro fez dele o seu mirante, a sua espera confiante da luz do Sol que surgiu e lhe proporcionou o céu para voar.
Viva a esperança sempre!
Aldeir Ferraz
Pode existir várias formas de definir a esperança, mas ouvi uma que carrego sempre comigo, a espera confiante.
Esperar confiante é como se fossemos um pássaro no alto de um mirante a espera do nascer do Sol em um despertar de uma manhã.
Este pássaro ali, após repousar de uma noite fria, sente a primeira brisa matutina lhe tocar as penas. Seus olhos se abrem com a luminosidade e na certeza do céu que lhe espera, ergue as asas e levanta voo. E ele voa sem se preocupar com a finitude da vida, apenas celebra o seu momento no espaço.
Essa tal esperança nos enche a vida, jamais devemos abrir mão dela, mesmo que a nossa frente tenha um precipício.
Do precipicio, o nosso pássaro fez dele o seu mirante, a sua espera confiante da luz do Sol que surgiu e lhe proporcionou o céu para voar.
Viva a esperança sempre!
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 18 de junho de 2020
A ORIGEM
A história do casório entre nossos pais, Dalica e Zé Ferraz, a contextualização da época se faz importante para que possamos compreender o que se passou no período.
Os costumes dos tempos atuais diferem muito dos longínquos tempos do século passado.
Visconde do Rio Branco final da década de 1950 e início de 1960 tinha uma população com cerca de 24 mil habitantes com uma economia voltada para a cana-de-açúcar e boa parte da população encontrava-se na zona rural.
O censo informava que haviam cerca de 4742 famílias, sendo 3701 com cônjuges, ou seja, haviam famílias que a sua frente faltava o esposo ou a esposa, certamente por viuvez ou alguma separação.
Destas 4742 famílias o chefe da casa, como era entendido na época, era 4071 homens e 671 mulheres, dados encontrados no IBGE.
Neste contexto a família da nossa mãe fazia parte do grupo menor com o chefe da família sendo a nossa Vó Jovelina que conduziu a criação de sua prole como viúva.
Os filhos e filhas foram crescendo e constituindo família e a caçula da casa, Dalica não poderia ficar para trás.
As mulheres tinham os seus afazeres domésticos e os homens ficavam com a lida do campo. As festas e encontros tinham a predominância religiosa. Rezas, quermesses, casamentos, batizados eram os pointes que promoviam o maior conhecimento entre as pessoas.
Para que acontecesse um namoro, noivado ou casamento, a interferência de um terceiro era o costume, ou seja, quem fazia o pedido ao pai ou a mãe da moça era alguém de renome na comunidade.
Já o Zezé, nosso pai, filho mais velho de uma família também grande, que lidava para sobreviver com o que produzia da terra, tinha os seus compromissos junto ao seu país, nosso avô materno.
Família grande naquela época era importante pois mão de obra era fundamental, quanto mais filho, mais trabalho, mais produção.
Muito religioso e trabalhador, Zé Ferraz (o Zezé) tinha uma bicicleta que após a lida sempre estava nas rezas e quermesses.
Estas duas famílias se encontraram em matrimônio por duas vezes. Esta parte conto no próximo texto.
Aldeir Ferraz
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