quarta-feira, 17 de junho de 2020

A ENERGIA QUE NOS GUIA

No clarão do meu quarto produzido por uma lâmpada acesa, pus-me a refletir sobre aquela luz.
Uma lâmpada para cumprir o seu papel precisa de ser movida por algo que chamamos de eletricidade que fornece  energia.
Essa energia se origina de uma usina de força que produz a situação de luminosidade da lâmpada.
Nós seres vivos, também temos nossa usina de energia vinda dos alimentos, sem eles de fato teríamos nossa existência comprometida.
E o que nos move neste mundo é manter a existência de alimentos suficientemente para que haja vida.
Os seres humanos diferente dos outros seres possuem uma lógica diferente na busca da energia. Acumular, reter energia é simbolo de domínio, mesmo que você não precise de tudo. É a irracionalidade que dizemos ter apenas os outros seres, quando não é, pois os outros seres a usam racionalmente.
Dentro de nós seres humanos existe uma outra energia que move o nosso ser ou espírito.
Essa energia que a maioria chama de Deus ou outras formas de pensar de alguns é que promove nossa relação como humanidade.
Essa energia promove diferentes reações que chamamos energia do bem ou energia do mal.
Penso que se conseguirmos calibrar melhor nossas energias, potencializando o bem mais do que o mal, certamente poderíamos chegar a viver como os outros seres vivos.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 11 de junho de 2020

CONTO DE FILHO PRA PAI "DUPLA DE REZADORES"

Não tinha pra ninguém. Em matéria de cantar e rezar, lá estavam o Tião do Cadico e o Zé Ferraz. De mistério em mistério debulhavam o terço na categoria, com direito a cantoria.
De noite se encontravam depois do trabalho e seguiam rumo as casas. Tião empurrando a bicicleta e o Ferraz do lado. Conversa os dois tinham pra mais de quilômetro.
Nas celebrações caprichavam na oratória e a coisa estendia e a turma mais nova cortava uma virada, pois o negócio esticava. Quando percebiam a pressa da turma, alongavam os terços.
Acabava as dezenas de pai nossos e ave marias e resolviam rezar mais.
Quem saia das suas rezas, com certeza saiam benzidos e de alma lavada.

Aldeir Ferraz

UM ABRAÇO

As manhãs são muito corridas, mecanicamente fazemos o ritual apressado de sair de casa e ir para o trabalho.
Em uma destas manhãs, no ritimo rotineiro da casa para o trabalho, me deparei com uma cena impactante.
Um abraço entre duas pessoas, a lágrima de um e o consolo do outro. Certamente deveria ser algo que rompeu com a estrutura para fazer alguém desabar.
Este desabar, a estrutura rompida, revela o humano que ainda existe dentre de nós.
O abraço é um remédio poderoso que nos ajuda a se manter firme e poder se levantar diante de uma dor.
Somos carentes do calor do outro, mas negamos isso na normalidade. Somente quando algo forte nos afeta é que notamos a falta que faz.
Mesmo não fazendo parte daquele abraço, me senti abraçado, me senti energizado.
Que surjam mais abraços com frequência e resgatem a humanidade que insistimos em negar.

Aldeir Ferraz

terça-feira, 9 de junho de 2020

CONTO DE FILHO PRA PAI "REZA DOÍDA"

As rezas na roça sempre foram um momento de fé e encontro da comunidade.
Lá na comunidade de São Francisco era assim mesmo, o povo se ajuntava em oração e depois tinha as cantorias, os leilões, a conversa na beira da venda,enfim, verdadeira comun união.
Cada reza ou na maioria das rezas existia o puxador do terço e enquanto ele não chegasse nada começava, até porque a chave da capela ficava na sua responsabilidade.
Zé Ferraz era o responsável em um periodo por animar as noites de oração, mês de maio era agitado, toda noite era aquele movimento.
Uma noite destas o rezador Zé Ferraz se atrasou em casa, pois uma bezerrada tinha se desgarrado e até achar foi um custo. Seus filhos Ailton e Serginho bobearam com os bichos.
Saiu de casa apressado na bicicleta com terço e bíblia no embornal. No primeiro morro que desceu em disparada tomou um tombo. Aquela noite estava muito escura, a lua não deu as caras. Levantou se rapidamente, sacudiu a poeira e seguiu caminho.
Passando pela mata do Tio Joaquim, numa estrada coberta de árvores, em um breu danado, outro acidente. Deu de frente com um senhor a cavalo. Foi bicicleta de um lado, cavalo de outro, biblia e terço no chão.
O susto e a pressa foram grandes, que os dois barbeiros juntaram os seus pertences e cada um foi pro seu rumo sem entender o ocorrido. Seria assombração no meio da mata?Talvez imaginaram desta forma.
Já na capela, o rezador meio mancando entra e inicia o terço pedindo desculpa pelo atraso.
Após a reza, no leilão, um cavaleiro rodeado por pessoas contava o ocorrido na estrada da mata. A sua história era arrepiante, pois reclamando das dores da trombada, dizia ter se esbarrado com um assombração de bicicleta.
É isso aí gente! Quanto mais rezo, mais assombração me aparece.

Aldeir Ferraz

segunda-feira, 8 de junho de 2020

CONTOS DE FILHO PRA PAI " O ARADO"

Na roça era assim, filho já começava cedo na lida. Foi assim lá na casa do Sr Onésimo e a Maria.
Serviço é que não faltava e as tarefas eram distribuidas. Aí de quem não cumprisse. Era uma forma que as familias tinham de buscar a sobrevivência e ao mesmo tempo educar a criançada.
E para o trabalho se tornar prazeiroso a turma de irmãos muitas vezes faziam da lida uma forma de brincadeira e o tempo passava rápido.
Em um destes trabalhos diários, tiveram a missão de preparar a terra para o plantio do feijão e do milho.
Um boi puxava um arado que cortava o solo. Alguém segurava o arado e outro guiava o animal.
Mauricio o filho mais novo, neste dia fazia o papel de guia e quem segurava o arado era o mais velho, conhecido como Zezé.
Mauricio era franzino e  com pouco tempo de serviço já tava com as pernas bambas,mas como dizem os antigos pé de boi é firme na trilha e não para. Foi quando Mauricio deu uma parada repentina e o boi lhe deu uma cabeçada no traseiro, fazendo com que nosso guia caisse de cara na lama.
No primeiro momento veio o susto, mas como não se machucou as gargalhadas foram seguidas e o dia inteiro.
Cuidado com o boi, Mauricio!
A meninada se cansava mas também se divertia muito.

Aldeir Ferraz

sábado, 6 de junho de 2020

MEUS ÓCULOS

O tempo vai avançando e as vistas vão se encurtando. Aí não tem jeito, o óculos passa a ser um acessório fundamental na vida.
Apesar de conseguir ainda diferenciar uma nota de R$100,00 da de R$50,00, por enquanto, as letras miúdas de uma bula de remédio não tem chance.
Sem o óculos fica complicado fazer uma leitura, escrever um texto, enxergar de perto muita coisa, por isso não saio de casa sem ele.
A convivência com o óculos já vem de um bom tempo e agora estou numa fase de começar a perdê-lo.
Já perdi em casa, já perdi no trabalho, já perdi na rua, até já perdi ele sem perder. Haja São Longuinho pra encontrar o abençoado. E São Longuinho já me ajudou muito.
Pra quem não conhece a oração deste santo que acha coisas perdidos é o seguinte:
São Longuinho, São Longuinho, ache meu....( no caso o óculos) e dou 3 pulinhos. E não é que dá certo.
Um dia o óculos estava encima da minha cabeça e não achava de jeito nenhum.
Essa não precisei de chamar o santo, mas aconteceu mesmo.
Bem é isso aí, só sei que não vivo sem ele. E se você ainda não usa, se prepara com a peleja. Ainda mais agora com a pandemia, ter que usar máscara e óculos é um sofrimento danado.

Aldeir Ferraz

terça-feira, 2 de junho de 2020

VIVER É NORMAL, MORRER NÃO

Brasil, 02 de junho de 2020, trinta e um mil seres humanos brasileiros e brasileiras perderam suas vidas com a pandemia do COVID19.
O presidente de plantão se limitou em dizer que lamenta e que é normal que se morra.
Se a morte fosse normal, algo aceitável, não haveria a batalha pela vida.
Existe todo um esforço de uma sociedade que se organiza em um complexo sistema de saúde pública e privada com normas e conceitos de bem viver, pesquisas para se descobrir curas, lutas sem fim para que se alongue a vida e amenise dores. Nada disso é em vão.
Não aceitamos a morte, lutamos para que a vida seja o normal.
Nesta batalha da vida, não  pode haver espaço para os que banilizam a morte, banalizam o sofrimento.
A vida precisa de quem lute por ela.
Vida eterna aos que se dedicam em fazer a  vida o normal.

Aldeir Ferraz


Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...