quarta-feira, 6 de maio de 2020

COMETA HALLEY, EU VI

O ano de 1986, ainda não tinha completa 14 anos e um evento aguçava a curiosidade de todos. A passagem do cometa Halley, que surge de 75 em 75 anos, mobilizou a meninada da época.
Os antigos do inicio do século relatavam o temor de um fim do mundo, uma ira de Deus. Já nesta última passagem, esse temor estava descartado pelo menos pra maioria.
Lembro-me que estava na rua, com os amigos de brincadeiras do bairro,com pedaços de cacos de vidros olhávamos por ele em direção ao céu. Com muita dificuldade pude avistar uma pequena bola com uma espécie de rabo incandescente.
Foi aquele momento o comentário da semana, pois os filhos dos ricos em suas ostentações corriqueiras, diziam maravilhados,que da cobertura de suas mansões avistaram o cometa por telescópios.
Ali começava a entender que o horizonte tinha limites pra uns e o infinito era pra poucos.

Aldeir Ferraz

terça-feira, 5 de maio de 2020

MEDOS

"Não me fale dos seus medos, eu conheço por inteiro as suas fantasias..."assim é parte do canto Estrelas de Oswaldo Montenegro.
Uma bela canção que particularmente me leva a viajar em um céu escuro, cheio de estrelas.
O medo é um tabú que enfrentamos em nossa existência, pois poucos de nós temos a coragem de falar dele. Talvez pelo fato de vermos medo como o inverso da coragem.
Quem não é corajoso demonstra fracasso. Assim pensa nossa sociedade.
Os especialistas do capitalismo dizem que só os fortes sobrevivem. Os machistas falam do medo como coisa de mulherzinha.
Medo é uma vergonha e muitos se aventuram a não tê-lo.
Arrepende-se por isso, morre-se por isso, mas ao contrário quando o medo te segura, também fica a sensação de que podia ter seguido, podia ter feito.
Lidar com o medo pode nos ajudar a pensar os nossos passos.
Em tempos de incertezas, não tenha medo de ter medo. Faça disso uma atitude de prudência. Se algo é desconhecido, como o virús que nos ataca, o medo nos ajuda na proteção.
Pelas marcas que nos deixa a ausência de som que emana das estrelas,pela falta que nos faz a nossa própria luz a nos orientar...( salve Oswaldo Montenegro).

Aldeir Ferraz

domingo, 3 de maio de 2020

DIA DA SANTA CRUZ

 O dia 03 de maio possui uma tradição antiga de se enfeitar a cruz. Ainda muita gente segue este costume. Pequenas cruzes e cruzeiros são coloridos por papel de seda com muita criatividade.
Não tenho uma cruz aqui em casa, mas tenho muita recordação e algumas histórias sobre este gesto.
Quando pequeno, de férias na casa de minha avó materna, na comunidade de São Francisco, em uma estrada pra mim desconhecida avistei um enorme cruzeiro fincado no alto de um monte. Em volta dele muitas pedras. Estava enfeitado, era o dia da Santa Cruz. Paramos na sua frente e depois de rápida oração seguimos.
Com os cachorros puxando a fila atravessamos um pequeno riacho de pedra e eu no caminho não tirava da cabeça a curiosidade: Qual o significado daquela cruz na beira da estrada.
Minha vó durante o trajeto contou então um caso que revelava o motivo desta cruz. Ali, na beira daquela estrada, uma familia havia morrido de fome.
Fiquei agoniado com aquilo, aquele cruzeiro de madeira, pra mim apartir daquele momento passou a ter vida.
Comecei a imaginar o sofrimento de alguém que morre de fome, que morre pelo abandono, que morre em meio a fartura sem poder usufruir dela.
A cruz não é uma fantasia, uma imaginação, ela possui vida.
Diante dela podemos enxergar o mundo que construimos de exclusão e diante dela temos o dever de revertermos essas situações de mortes.
Enfeitemos nossas cruzes com as cores da esperança, com as cores da caridade, do amor ao próximo, da empatia.
Que a cruz da beira da estrada não seja o fim de um caminho, mas o começo de um mundo casa de todos.

Aldeir Ferraz


sexta-feira, 1 de maio de 2020

TEMPO DE APRENDIZAGEM



O armazém do Tio Jesus era mais do que o comércio, era ali um lugar de muita vida.
Cheguei a trabalhar com ele já no final, próximo de sua aposentadoria e deixou me um ensinamento:
" O freguês tem que sair daqui embrulhado e amarrado."
Logo após sua aposentadoria nos deu a oportunidade de seguir tocando o seu negócio de décadas.
O Supermercado Ferraz é filho do Armazém do Tio Jesus que por décadas cativou muita gente..
Até hoje temos clientes de 50 a 60 anos não de idade, .mas de fidelidade ao que lá atrás nosso tio ensinou.
Embrulhar e amarrar era o que faziamos nos tempos que nem sacola existia. O embrulhar e amarrar ensinado por ele, na verdade era o atender bem, para atender sempre. Ter sempre a empatia com cada um que entrava no armazém do Jesus e até hoje procuramos seguir assim no Supermercado Ferraz.
Sua vida aqui na Terra é um exemplo e um orgulho para todos nós que tivemos a felicidade de conviver com ele.
Voa Tio Jesus! Tenha certeza que contribuiu de forma generosa com nossa familia e com todos os que tiveram a honra de sua companhia.

Aldeir Ferraz

DEUS OPERÁRIO

Estranho dizer que Deus é um operário, um trabalhador, um peão. Ouvi de um padre isso, Deus Operário.
Sempre nos condicionamos a imaginar um deus todo poderoso, intocável e distante dos nossos olhos, impossível de enxergá-lo. E assim não percebemos sua presença bem perto da gente.
No dia dos trabalhadores e trabalhadoras, ter a consciência de que nosso Deus é operário , é peão, é o cara de mãos calejadas e pés cheio de bolhas, nos fortalece na luta.
Não temos o capital como muitos poderosos têm, temos apenas o nosso corpo e a vontade de trabalhar. Vivemos dos riscos de ficar sem trabalho, ficarmos sem o sustento, como tantos e tantas que hoje assim estão.
O trabalho é divino e negá-lo, como a sociedade impõe, para apenas viver da expeculação, é de fato excluir, desempregar nosso Deus.
Saudações a todos neste dia de reflexão sobre o trabalho.
Viva o dia do trabalhador e trabalhadora.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A DANÇA DOS ESPÍRITOS

No Crepúsculo do último dia de abril de 2020, lá no céu, algo exeburante se formava. Só percebeu quem da vida aproveita tudo, tudo mesmo. Deste o barulho do vento, ao silêncio das madrugadas. 
As cores dançantes no céu revelavam algo mais que apenas os olhos pudessem ver.
Ali os espíritos que das suas casas corporais já não habitam, bailavam com o grande Espírito Maior, que respira no corpo da Mãe Terra.
É preciso que possamos ter com eles, a conexão fundamental para um mundo casa de todos.

Aldeir Ferraz






quarta-feira, 29 de abril de 2020

E DAÍ

"E daí?Sou messias, mas não faço milagres." Disse o presidente Jair Messias Bolsonaro, sobre os cinco mil mortos pela Covid19.
Uma das mais repugnantes frases que já ouvi de uma autoridade. Mais do que uma imbecilidade, infelizmente é o reflexo de muita gente espalhada pelo mundo.
E daí?Não tô nem aí! Quantas vezes já ouvimos isso quando precisamos de um atendimento público, seja na iniciativa privada ou pública? Quantas vezes demos de ombro a quem mais precisava de nós?
E daí? Tenho minha vida e a dos outros que se lasquem. Não preciso de nenhum "FDP."...
Este retrato egocentrista brasileiro, desmascara a imagem de povo solidário.
Estamos destruidos como sociedade, já não há caminho de volta. Precisamos construir um novo caminho,romper com toda prática egoísta.
Não digo que voltamos para idade da pedra, pois talvez os homens das cavernas tinham mais dignidade do que nós.

Aldeir Ferraz

Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...