sexta-feira, 10 de abril de 2020

A Pena de Morte de Deus

A Sexta-Feira da semana santa celebramos a paixão e morte de Jesus Cristo.
Neste dia muitos cristãos se guardam em jejum e oração para rememorar a história do sacrifício do filho de Deus.
Uma de suas últimas palavras, "Tudo está Consumado", revela a compreensão do momento que vivia na cruz que o colocaram.
Sabia Cristo desde o ínicio de sua missão que haveria de enfrentar o ódio, a ganância,a arrogância de um mundo podre.
Os poderosos de plantão tinham medo dele, pois como disse, "Eu vim para que todos tenham vida".
Para que todos tivessem vida de qualidade, os que tivessem muitas riquezas deveriam partilhar com quem nada tinha.
Jesus não falava de esmola, mas de justiça social.
Por isso ele foi assassinado, isso mesmo, ele não morreu por nós, foi assassinado por nossa causa.
Não o condenaram a pena de morte na cruz,entre ladrões,mas como ladrão.
Naquele dia pensaram os seus algozes que era o fim, mas dali foi o começo de uma luta sem fim.
Cristo, não apenas ressuscitou, se multiplicou neste mundo.
Cada pessoa que continua o projeto de Deus, desde aquele tempo, planta uma semente na terra para chegarmos um dia na plena justiça social.
A cruz de Cristo é o nosso caminho, a construção do reino de Deus é nossa meta.

Aldeir Ferraz

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Última Rodada

Jesus do Morro,assim como era conhecido na comunidade. Tinha contigo uns pensamentos muito doidos, segundo a galera que convivia com ele.

Batia de frente com as autoridades da cidade pelo descaso que tinha com o povo.
Esgoto a céu aberto, moradias precárias, desemprego, doenças, violência, miséria total, este era o cenário em que vivia e se indgnava.
Pouco chegava do Estado para sua gente, apenas o preconceito e a violência de milicias e do mundo da droga.
Tinha uma turma que andava com ele, sempre promovendo ações de cidadania, concientizações e transformação de toda aquela situação, também se divertiam paca.
Politicos, empresários, gente do Estado,alguns lideres religiosos, traficantes viam nele um perigo, pois o cara tava botando a comunidade pra pensar e não aceitar o sistema que viviam.
Interessante que a miséria de uns é a fartura de outros, assim sempre comentava com seus parceiros.
Se tem desemprego, isso é bom para o capital, pois força o trabalhador ficar de cabeça baixa, refletia.
A riqueza de um país deve ser repartida com todos, gritava sempre pelas ruas que passava.
Jesus do Morro recebeu ameaça de morte, estava marcado pra morrer.
Sofreu de toda sorte, começaram a destruir sua imagem, a elite o chamava de maconheiro.
Vendo que já estava próximo o seu fim, reuniu a galera que o acompanhava em um último bate papo.
Jesus do Morro disse as seus manos,  sentados em volta de uma mesa de um treiller, que a sua morte não poderia apagar o sonho de ninguém e que se algo acontecesse com ele, haveriam de denunciar e continuar a luta.
Após comerem os lanches e tomarem umas geladas, se abraçaram.
Foi a última celebração de Jesus com eles, pois virando uma esquina, próximo a sua casa, uma rajada de tiros perfurou todo seu corpo.
Jesus do Morro já não estava fisicamente entre eles, mas o povo continuou se alimentando de seus sonhos.


quarta-feira, 8 de abril de 2020

O SILÊNCIO E A RESILIÊNCIA

O que dizer neste momento, um temporal em tempos que não existe um fato que aponte, é tempo de céu fechado, é tempo de chuva.
As águas de março que fecharam o verão, parecem seguir no outono, aliás, continuam de forma feroz.
Tempos que vivemos, entre temporais e pandemias.
Queria como humano ter a resposta e a solução a tudo isso, mas vem o silêncio, apenas o silêncio.
Neste silêncio começo a ouvir o barulho pós destruição, começo a ver tudo perdido, começo a respirar e suspirar.
Dentro de mim surge uma energia que me diz, vamos recomeçar, começar de novo, recomeçar outra vez.
Sempre haverá as tormentas e é por isso que necessitamos saber sermos resilientes, buscarmos na resiliência o caminho de tocar a vida.
Não! Não é Deus se vingando, talvez seja o nosso jeito de ser em que ainda precisamos aprender a viver melhor com o grande espirito da Terra.
E que no meu silêncio, vendo e olhando tudo, eu possa ser mais forte para superar os desafios que é viver, viver, viver...

Aldeir Ferraz

domingo, 5 de abril de 2020

DOMINGO DE RAMOS E NÃO DE ARMAS

E mais uma vez Jesus  surpreende a todos do seu tempo e nos provoca reflexão sobre a concepção de mundo dos dias atuais.
A celebração do Domingos de Ramos, uma tradição religiosa, rememora a entrada triunfal de Jesus de Nazaré em Jerusalém, cidade importante de poder da época.
Jesus já se destacava como um líder mais do que religioso, era a esperança de libertação de um povo oprimido.
Muitos o seguiam, até radicais de vários pensamentos que viam nele a chance da construção de uma nova história.
Sua entrada em Jerusalém foi vista como um momento de uma guinada, mas alguns esperavam que viesse como um rei poderoso, com carruagens e um exercito armado até os dentes.
Ele entrou na cidade de outra forma, ou seja sem armas para mostrar, apenas ramos nas mãos do povo que o seguia, não entrou sentado em uma carruagem,veio montado em um jumento.
Seu gesto rompe com o pensamento extremo da violência, fez crer nas pessoas que um reino pode ser construido pelo caminho da paz.
Nas favelas, em lugares muito pobres a construção de um novo mundo não acontece muitas das vezes pela paz, o Estado,  com governos autoritários,  entram com a violência, o preconceito e a indiferença e não liberta  o povo da miséria, aprofundam a opressão.
Ainda não entendemos este caminho até hoje, muitos ainda celebram o domingo não de ramos, mas de armas, pois pensam que a força violenta vale mais do que a humildade e a empatia.

Aldeir Ferraz

sábado, 4 de abril de 2020

As Pragas do Mundo

No Egito, segundo relatos bíblicos, um tempo de terror abateu sobre o povo, era tempos de escravidão e poderio faraónico.
Este periodo foi conhecido como as pragas do Egito.
Entender este tempo e o que estamos passando hoje, requer uma reflexão dos conhecidos quatro lados, que são:
Economico, social, politico e religioso.
Aqui no nosso tempo de mundo também vivemos sobre as pragas que nos afetam.
Fome, guerra, dilúvios, secas, pandemias... Tudo tem acontecido de forma devastadora.
O lado religioso desta questão não pode ser entendido como ira divina,mas talvez pela falta da fraternidade divina que estamos deixando de ter.
O mundo tem se transformado e nós estamos transformando ele, principalmente do lado social, onde poucos tem muito e muitos tem pouco.
O lado econômico é trágico, pois não temos a capacidade de partilhar, de fazer justiça social.
A Politica que deveria ser a forma de equacionar as questões humanas, tem sido ferramenta de interesses do capital.
Mas o que isso tudo tem com as pragas que vivemos? Posso dizer que tem tudo haver.
Pragas sempre surgirão a nossa frente, mas a forma de lidar com elas deve ser de comprometimento com a humanidade.
Moises quando salvou seu povo das pragas do Egito, enquanto o povo da faraó morria, foi porque se organizou e juntos superaram os momentos dificeis.
Os Faraós abandanoram seu povo, mas Moises não.
Aí que está o "X" da questão, enfrentar tudo de forma comprometida.
Por isso que ser Povo de Deus, é ser povo que luta e liberta a todos.

Aldeir Ferraz

sábado, 28 de março de 2020

RELIGARE



Há tempos me encontro conflitante com minha fé, pois por muitas pedras que calejaram meus pés em meu caminho, fiquei com as dores que provocam os "por ques" da vida.
Passei a ter desânimos com as celebrações religiosas e com todo movimento que a religião produz entorno da fé.
Logo eu que me cunhei na formação religiosa e que até pretenções de seguir uma vida sacerdotal tive.
Outros rumos me levaram,  mas sempre no príncipio da fé que adquiri, como isso foi bom e caro ao mesmo tempo pra mim.
A vida passa a ter valores diferentes do que a sociedade nos impõe, a empatia é uma marca de quem de fato assume a imitação de Cristo.
É complicado assumirmos o que São Paulo assumiu: " Não sou eu mais quem vivo, mas é Cristo quem vive em mim", é como sermos estrangeiros na nossa própria terra.
Estou refletindo tudo isso porque ao ver e também ouvir Francisco, nosso Papa, orando diante da praça vazia na Basílica de São Pedro, no topo da escadaria em frente à fachada da Igreja, algo me tocou.
A Igreja de Pedro, tem tido uma atitude original ao seus principios, defender a vida, respeitando o que a ciência tem alertado e pelo que tem acontecido de sofrimento.
Padres e religiosos morreram se infectando com a pandemia ao ajudar os necessitados, o respeito a dor, a solidariedade e as orações tem provocado em mim o verdadeiro significado da religião, religare.
Religare, a nossa ligação com Deus, o papel fundamental da religião, confesso que Francisco conseguiu provocar em mim o ressurgimento desta ligação.
Das lágrimas, dos sofrimentos e da desesperança, a religião tem essa missão de ressurreição.
Longa vida a Francisco e a Igreja que caminha ao lado do povo oprimido.

Aldeir Ferraz

domingo, 22 de março de 2020

Do Século Passado

Na cidade de Visconde de Rio Branco cultivei muitas amizades e também tenho admiração por muita gente, como diz meu amigo Carlos Alberto Bertelli, gente do século passado.
Parece incrível, mas um número enorme de pessoas são do século XX, alguns poucos do início e outros tantos do meio para o final.
Sempre quando nos encontramos é certeiro que recordações surjam, as boas e as ruíns.
Tempos de dificuldades sociais passamos por muitas, mas também coisas mágicas tiveram.
Serenatas, namoros na praça, cinema, bailes, grupos de jovens, rebeldias...
Não posso dizer que o século que passou foi melhor ou pior do que este que vivemos, mas digo que foi onde nossa juventude aconteceu e aí o frescor vem no coração e na memória como forma  de saudades.
Acho que somos teimosos nessa querência da eternidade, de poder suspirar olhando pela janela os nossos passados.
Talvez isso venha, claro, das poesias e pensamentos produzidos de grandes figuras e de gente simples do povo, momentos de intensa fertilidade mental.
Por fim podemos dizer que somos uma geração de um imenso privilégio, vivemos em dois séculos.
E a nossa legião meio urbana e rural tem o orgulho de cantar com Renato Russo:
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.

Aldeir Ferraz



Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...