quinta-feira, 9 de abril de 2020

Última Rodada

Jesus do Morro,assim como era conhecido na comunidade. Tinha contigo uns pensamentos muito doidos, segundo a galera que convivia com ele.

Batia de frente com as autoridades da cidade pelo descaso que tinha com o povo.
Esgoto a céu aberto, moradias precárias, desemprego, doenças, violência, miséria total, este era o cenário em que vivia e se indgnava.
Pouco chegava do Estado para sua gente, apenas o preconceito e a violência de milicias e do mundo da droga.
Tinha uma turma que andava com ele, sempre promovendo ações de cidadania, concientizações e transformação de toda aquela situação, também se divertiam paca.
Politicos, empresários, gente do Estado,alguns lideres religiosos, traficantes viam nele um perigo, pois o cara tava botando a comunidade pra pensar e não aceitar o sistema que viviam.
Interessante que a miséria de uns é a fartura de outros, assim sempre comentava com seus parceiros.
Se tem desemprego, isso é bom para o capital, pois força o trabalhador ficar de cabeça baixa, refletia.
A riqueza de um país deve ser repartida com todos, gritava sempre pelas ruas que passava.
Jesus do Morro recebeu ameaça de morte, estava marcado pra morrer.
Sofreu de toda sorte, começaram a destruir sua imagem, a elite o chamava de maconheiro.
Vendo que já estava próximo o seu fim, reuniu a galera que o acompanhava em um último bate papo.
Jesus do Morro disse as seus manos,  sentados em volta de uma mesa de um treiller, que a sua morte não poderia apagar o sonho de ninguém e que se algo acontecesse com ele, haveriam de denunciar e continuar a luta.
Após comerem os lanches e tomarem umas geladas, se abraçaram.
Foi a última celebração de Jesus com eles, pois virando uma esquina, próximo a sua casa, uma rajada de tiros perfurou todo seu corpo.
Jesus do Morro já não estava fisicamente entre eles, mas o povo continuou se alimentando de seus sonhos.


Um comentário:

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