Torresmo, Cachaça e Família
Na casa da Maria é assim, no chiqueiro durante um bom tempo engorda se um porco.
Resto de lavagem, fubá, cariru do mato e o bicho só vai crescendo e engordando.
Todos os dias antes da lida na roça de café, do paiol onde pega se as ferramentas e numa espiada só mede se e pesa se o leitão, tá quase no ponto!
Chega o dia de levar o porco pra panela e a família toda se envolve com a serviçama.
As partes do porco, o lombo , o pernil , a gordura, pele são cortadas e separadas.
Um fogão a lenha é improvisado no quintal e na panela grande a fritura tá em ritmo total, enquanto tiver fogo nada para.
Um tempero caprichado se mistura aos pedaços de carne que na fervura levanta o vapor e um cheiro de tentação se espalha por todo aquele cantão.
No comando somente a Maria na frente do fogão, o resto da turma fica só na espiação.
Chega então o Mard com um copo cheio de Cachaça em uma mão e na outra um litro já meiado, aguardando ansioso o primeiro tira gosto.
Sem esperar e aproveitando se da distração da cozinheira, com um garfo rouba um torresmão que logo pôs na boca, apavorado que foi a língua queimou, mas imediatamente disse que não faz mal pois pinga também queima a guela e deixa qualquer um como pimentão.
E a noite chega e até os vizinhos se achegam no que já virou festa.
Arroz branco, feijão vermelho inteirinho no prato acompanhando uma suculenta carne de porco, êta trem bão .
É assim sempre, lá bem na divisa de Minas com Espírito Santo.
É só aguardar a próxima que já tem outro porquinho no chiqueiro, com certeza felicidade melhor não há.
Aldeir Ferraz
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