quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O Nascente

 Nasci em um ano bissexto, fevereiro, véspera de carnaval, era verão, lua minguante rumo a lua nova.

O mundo tava na repressão, mas tinha gente da revolução, alguns caíram e outros não.

Imagine, a música de Jonh Lennon, alimentava a esperança naquele ano.

Atravessei o tempo na crença de um mundo melhor, tanta gente que me ensinou a ser assim.

E cá estou, avançando no meu tempo, apenas sendo eu, um caminhante que faz o caminho ao caminhar.

Aldeir Ferraz

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

ANTÔNIO PIPOQUEIRO

 O cinema já não existe mais, o carrocinha de pipoca também e talvez a memória não mais nos ajudará a sentir o prazer de saborear os saquinhos de pipocas do Sr Antônio Pipoqueiro.

Ele chegava cedo no armazém e logo comprava o milho pipoca, o litro de óleo, a buraquinha de sal ( antigamente não se falava saquinho) e também a camisinha de lampião que era usada na carrocinha.

A carrocinha de pipoca era muita esperada na porta da escola, na praça do lado do vendedor de laranja que tinha máquina manual para descascar rapidinho a fruta.

Sr Antônio Pipoqueiro tinha sempre a companhia da Dona Aparecida e era tempo todo enchendo a saquinhos e estourando as pipocas na panela.

Os estouros do milho que se transformava em pipoca dava medo, pois parecia tiroteio mesmo.

Quando chegava as festas de Cosme e Damião e de São Jorge, a dupla sempre estava presente ajudando e preservando a fé.

Salve o Pipoqueiro!

Aldeir Ferraz


quarta-feira, 31 de agosto de 2022

PROTEÇÃO

 A casa é simples, telhas que cobrem da noite e do Sol, portas de madeira com fechaduras antigas e janelas fechada com taramela.

A simplicidade do ambiente com poucos móveis, muitas fotos nas paredes e santos na estante trazem uma paz que muita mansão não tem.

A alegria de que mora ali e faz questão de ter uma pequena horta no pequeno quintal é de encantar.

Para um sonhador poderia afirmar isso como um paraiso, mas claro que tudo o que vi é o contraste com a dura realidade da vida de muita gente.

Agora que me chamou a atenção é a espiritualidade do local. Atrás da porta,  estava pendurada por um prego, uma ferradura.

Ferradura atrás da porta de entrada da casa é simbolo de proteção, como os antigos faziam, ali também estava sendo feito.

Quem possui uma espiritualidade forte, ou seja quando somos guiados pela busca de boas energias,cada coisa tem um significado importante.

Que os bons espiritos sempre nos protejam.

Aldeir Ferraz





domingo, 28 de agosto de 2022

ENCONTROS

 

A cerca de madeira, um paiol, arvores e um belo céu azul é sem dúvidas um ótimo cenário para o encontro das irmãs, as filhas da Dona Jovelina.

Admirado ouvindo tudo, o Zé Avelino estava ali atento, testemunhando tudo o que se dizia.

A Dalica e a Palmira se misturam a este cenário no qual viveram grande parte de suas vidas.

Momentos bons e outros de dificuldades, mas que marcam uma história bonita de se escutar e de passar para muitas geraçöes.

E o que é interessante nestes encontros é perceber que até a natureza como um grande espirito faz festa, celebra essas coisas da vida.

Os pássaros cantam com mais força, o vento se torna mais suave, o Sol brilha ainda mais.

 A vida nos dá estes prazeres.

Viva estas belas irmãs, que sejam sempre eternas nos nossos corações.

Aldeir Ferraz 

domingo, 31 de julho de 2022

O Quilo Bem Pesado


Quase todo mundo tem o seu açougueiro de preferência, afinal de contas quem não quer na sua refeição ou no churrasco, aquele apetitoso pedaço de carne.

Sem a ajuda de um bom profissional, certamente você vai passar raiva e estragar o belo momento de se deliciar com um bom tira gosto.

O ritual de ir fazer as compras em algum açougue é sagrado, primeiro olha-se as peças de carne na vitrine ou ainda, caso chegue bem cedo, apreciar a turma da desossa cortando o porco e o boi pendurados por ganchos em uma barra de ferro.

Para disfarçar o desconhecimento de cada corte de carne, geralmente arriscamos alguma pergunta:

“ - Tem patinho, tem chã de dentro, chã de fora, músculo, cupim, pernil, costela, tem contra filé, a picanha tá boa…”

O açougueiro, esperto, já nota o nosso desconhecimento, pois tudo está exposto e de cara já sabe, esse aí vai comprar confiando no que eu disser.

Para amarrar mais o freguês, faz a pergunta fatal

“- Você quer com gordura ou sem.”

Nesta hora vem a empolgação e começamos a viajar na imaginação daquela carne bem assada, nossa!

O açougueiro pega a peça de carne e começa o preparo, cortando os bifes, tirando as pelancas, garantindo a gordurinha, muitas das vezes por desconhecer da coisa você logo pensa:

“ Se é gato ou lebre não importa, mas que tá bonito o corte, isso tá, eita açougueiro bom!”

Por fim agora que vem o “gran finale”, quando seu açougueiro pergunta bem alto na frente de todo mundo

“- Quanto de peso você quer?”

Nesse momento remexemos o bolso para garantir se tem dinheiro que vai dar para pagar a conta e tem hora que o que tem é a conta mesmo.

“- Pode ser um quilo!”

Com rapidez nosso especialista açougueiro leva a carne na balança e canta o peso:

“ - 01 quilo e 200 grs no capricho, pode ser?”

Todos a sua volta já te olham aguardando a sua resposta, e com seu coração gelado com a mistura do susto que levou, pois vai precisar de mais dinheiro e da vontade de levar o produto, elevado ao quadrado da vergonha de falar que é só um quilo mesmo, acaba cedendo  e responde engasgado::

“- Pode ser!”

Moral desta história:

O quilo do açougueiro sempre é bem pesado.


Aldeir Ferraz



domingo, 3 de julho de 2022

Caixeiro

 "Um bom caixeiro tem que saber embrulhar e amarrar o freguês!"

Assim começa a minha trajetória no mundo do comércio. 

O primeiro conselho dado pelo patrão no primeiro dia de serviço, parecia soar esquisito, mas me trouxe um grande ensinamento pra vida toda.

Era eu, menino franzino, acostumado a andar apenas de calça curta e camiseta, coloquei uma calça comprida de tergal com uma camisa de botão e fui para o meu primeiro emprego de verdade.

Tremulo me apresentei no armazém e ali recebi dicas e uma vassoura pra logo começar a lida varrendo o chão.

A cada vassourada olhava tudo, era um mundo diferente que até então não  tinha nas brincadeiras na rua e na sala da escola.

O balcão enorme, muito comprido, dividia o espaço para o atendimento da freguesia, de um lado o freguês e do outro lado nós, os caixeiros ou balconistas. 

Sobre o balcão tinha jornal velho, barbante, saquinhos de papel de vários tamanhos e a balança de pratos com os pesos ao lado. Cada peso tinha uma gramatura, 50grs,100grs, 500grs, 1kg, 5kg...

No balcão também colocava-se muita mercadoria a disposição para venda como ovos caipira, queijo mineiro, vidro de balas, rapadura...

 No balcão as vezes ficava até apertado para atender os pedidos, o espaço se tornava pequeno. Cada caixeiro procurava se ajeitar e colocar cada item solicitado.

Debaixo do balcão a bagunça se acumulava, era muita correria e não dava muito tempo para a organização.

Com a caneta atrás da orelha, nossa atenção aos pedidos era total. Quilos e quilos eram pesados na balança e com o tempo a habilidade era tanta que na mão tínhamos a noção de cada peso. Por vezes disputávamos quem acertava mais, era o conhecido "mão boa".

Quase não existia produtos embalados como tem hoje. O arroz, o feijão,  o milho,  a açúcar, praticamente tudo passava pela concha.

Com um saquinho de papel em uma mão e a concha na outra o ritmo era frenético, por isso acertar o peso na hora tinha uma importância, pois caso contrário você teria que andar uma distância entre a balança  e o saco onde estava o produto, haja perna.

A caneta que ficava atrás da orelha, a toda era usada pra fazer os cálculos, não existia calculadora e tudo ao final de uma soma tirava-se a prova dos nove que era a garantia da conta certa.

Uma escada era usada para pegar os produtos nas prateleiras de madeira. Subir e descer as escada era uma constância.

.... siga o próximo capitulo

 



domingo, 19 de junho de 2022

As Aventuras de Let

Vamos usar o apelido "Let" para contar esta história, para preservar sua identidade, mas não poderíamos deixar de contar suas aventuras.

Let é conhecida comoba perigote das mulheres, pois é piscar e ela da crau, não perdoa.

Suas amigas de trabalho não contam, mas já tomaram uns passes delas.

Apesar de sua casa ter banheiro com teto espelhado, coisa que poderia ser no teto do quarto, o abatedouro preferido da Let são os moteis.

Let já frenguentou todos da região, até o antigo Bariloche.

Quem vai ao motel sempre tem os seus fetiches, como diz o Wallas e o André, é lugar de passar o rodo, os caras tem experiência nisso.

Falando em passar o rodo, o grande fetiche da Let é esse, passar o rodo.

Todo motel que Let vai, depois do rala e rola, ela liga pra recepção pedindo um pano e um rodo pra limpar o banheiro e o quarto.

Isso que é mania de limpeza, não basta uma parceira limpinha e cheirosa, o quarto também tem que estar nos trinks😍.

Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...