Quase todo mundo tem o seu açougueiro de preferência, afinal de contas quem não quer na sua refeição ou no churrasco, aquele apetitoso pedaço de carne.
Sem a ajuda de um bom profissional, certamente você vai passar raiva e estragar o belo momento de se deliciar com um bom tira gosto.
O ritual de ir fazer as compras em algum açougue é sagrado, primeiro olha-se as peças de carne na vitrine ou ainda, caso chegue bem cedo, apreciar a turma da desossa cortando o porco e o boi pendurados por ganchos em uma barra de ferro.
Para disfarçar o desconhecimento de cada corte de carne, geralmente arriscamos alguma pergunta:
“ - Tem patinho, tem chã de dentro, chã de fora, músculo, cupim, pernil, costela, tem contra filé, a picanha tá boa…”
O açougueiro, esperto, já nota o nosso desconhecimento, pois tudo está exposto e de cara já sabe, esse aí vai comprar confiando no que eu disser.
Para amarrar mais o freguês, faz a pergunta fatal
“- Você quer com gordura ou sem.”
Nesta hora vem a empolgação e começamos a viajar na imaginação daquela carne bem assada, nossa!
O açougueiro pega a peça de carne e começa o preparo, cortando os bifes, tirando as pelancas, garantindo a gordurinha, muitas das vezes por desconhecer da coisa você logo pensa:
“ Se é gato ou lebre não importa, mas que tá bonito o corte, isso tá, eita açougueiro bom!”
Por fim agora que vem o “gran finale”, quando seu açougueiro pergunta bem alto na frente de todo mundo
“- Quanto de peso você quer?”
Nesse momento remexemos o bolso para garantir se tem dinheiro que vai dar para pagar a conta e tem hora que o que tem é a conta mesmo.
“- Pode ser um quilo!”
Com rapidez nosso especialista açougueiro leva a carne na balança e canta o peso:
“ - 01 quilo e 200 grs no capricho, pode ser?”
Todos a sua volta já te olham aguardando a sua resposta, e com seu coração gelado com a mistura do susto que levou, pois vai precisar de mais dinheiro e da vontade de levar o produto, elevado ao quadrado da vergonha de falar que é só um quilo mesmo, acaba cedendo e responde engasgado::
“- Pode ser!”
Moral desta história:
O quilo do açougueiro sempre é bem pesado.
Aldeir Ferraz