Essa viagem no passado, que tento resgatar a história dos 35 anos do Supermercado Ferraz, de fato é rica de lembranças, claro que muita coisa se perde na memória, mas aquilo que vamos resgatando dá até pra suspirar.
E lá no ínicio, na época que o Ferraz era armazém ainda, suspirar não dava tempo, a vida era intensa.
Os negócios no balcão não eram apenas mercadorias pra lá, dinheiro pra cá. Existia as trocas, os escambos.
Tinha muita gente que produzia algo que trocava-se pelo que necesitava em casa.
A Dona Aparecida que fazia esteiras de taboa era um exemplo.
Sua familia passava dias e dias entre os brejos, onde retirava as taboas e os terreiros para produzir as esteiras.
Quando tinha produção feita colocava um grande volume na cabeça e partia rua fora pra vender o seu trabalho. O peso na cabeça era grande, mas ela e a família tinham muita força e equilibrio.
No armazém entregava bastante produção, vendia-se muita esteira. Em tempos de chuva não conseguia produzir, pois o processo de confecção da esteira dependia de secar a palha.
Este desequilibrio fazia com que conseguisse pouco dinheiro e muita vezes a produção era a conta pra pagar o que comprava no fiado.
Mas era um povo guerreiro que nos honrava de tê-los como fregueses, com todo sofrimento, sempre demonstravam serenidade.
Aldeir Ferraz