Esperança, uma palavra que é sempre dita pelos otimistas, pelos que têm fé, pelos que têm muita energia dentro de si.
Pode existir várias formas de definir a esperança, mas ouvi uma que carrego sempre comigo, a espera confiante.
Esperar confiante é como se fossemos um pássaro no alto de um mirante a espera do nascer do Sol em um despertar de uma manhã.
Este pássaro ali, após repousar de uma noite fria, sente a primeira brisa matutina lhe tocar as penas. Seus olhos se abrem com a luminosidade e na certeza do céu que lhe espera, ergue as asas e levanta voo. E ele voa sem se preocupar com a finitude da vida, apenas celebra o seu momento no espaço.
Essa tal esperança nos enche a vida, jamais devemos abrir mão dela, mesmo que a nossa frente tenha um precipício.
Do precipicio, o nosso pássaro fez dele o seu mirante, a sua espera confiante da luz do Sol que surgiu e lhe proporcionou o céu para voar.
Viva a esperança sempre!
Aldeir Ferraz
sábado, 20 de junho de 2020
quinta-feira, 18 de junho de 2020
A ORIGEM
A história do casório entre nossos pais, Dalica e Zé Ferraz, a contextualização da época se faz importante para que possamos compreender o que se passou no período.
Os costumes dos tempos atuais diferem muito dos longínquos tempos do século passado.
Visconde do Rio Branco final da década de 1950 e início de 1960 tinha uma população com cerca de 24 mil habitantes com uma economia voltada para a cana-de-açúcar e boa parte da população encontrava-se na zona rural.
O censo informava que haviam cerca de 4742 famílias, sendo 3701 com cônjuges, ou seja, haviam famílias que a sua frente faltava o esposo ou a esposa, certamente por viuvez ou alguma separação.
Destas 4742 famílias o chefe da casa, como era entendido na época, era 4071 homens e 671 mulheres, dados encontrados no IBGE.
Neste contexto a família da nossa mãe fazia parte do grupo menor com o chefe da família sendo a nossa Vó Jovelina que conduziu a criação de sua prole como viúva.
Os filhos e filhas foram crescendo e constituindo família e a caçula da casa, Dalica não poderia ficar para trás.
As mulheres tinham os seus afazeres domésticos e os homens ficavam com a lida do campo. As festas e encontros tinham a predominância religiosa. Rezas, quermesses, casamentos, batizados eram os pointes que promoviam o maior conhecimento entre as pessoas.
Para que acontecesse um namoro, noivado ou casamento, a interferência de um terceiro era o costume, ou seja, quem fazia o pedido ao pai ou a mãe da moça era alguém de renome na comunidade.
Já o Zezé, nosso pai, filho mais velho de uma família também grande, que lidava para sobreviver com o que produzia da terra, tinha os seus compromissos junto ao seu país, nosso avô materno.
Família grande naquela época era importante pois mão de obra era fundamental, quanto mais filho, mais trabalho, mais produção.
Muito religioso e trabalhador, Zé Ferraz (o Zezé) tinha uma bicicleta que após a lida sempre estava nas rezas e quermesses.
Estas duas famílias se encontraram em matrimônio por duas vezes. Esta parte conto no próximo texto.
Aldeir Ferraz
quarta-feira, 17 de junho de 2020
A ENERGIA QUE NOS GUIA
No clarão do meu quarto produzido por uma lâmpada acesa, pus-me a refletir sobre aquela luz.
Uma lâmpada para cumprir o seu papel precisa de ser movida por algo que chamamos de eletricidade que fornece energia.
Essa energia se origina de uma usina de força que produz a situação de luminosidade da lâmpada.
Nós seres vivos, também temos nossa usina de energia vinda dos alimentos, sem eles de fato teríamos nossa existência comprometida.
E o que nos move neste mundo é manter a existência de alimentos suficientemente para que haja vida.
Os seres humanos diferente dos outros seres possuem uma lógica diferente na busca da energia. Acumular, reter energia é simbolo de domínio, mesmo que você não precise de tudo. É a irracionalidade que dizemos ter apenas os outros seres, quando não é, pois os outros seres a usam racionalmente.
Dentro de nós seres humanos existe uma outra energia que move o nosso ser ou espírito.
Essa energia que a maioria chama de Deus ou outras formas de pensar de alguns é que promove nossa relação como humanidade.
Essa energia promove diferentes reações que chamamos energia do bem ou energia do mal.
Penso que se conseguirmos calibrar melhor nossas energias, potencializando o bem mais do que o mal, certamente poderíamos chegar a viver como os outros seres vivos.
Aldeir Ferraz
Uma lâmpada para cumprir o seu papel precisa de ser movida por algo que chamamos de eletricidade que fornece energia.
Essa energia se origina de uma usina de força que produz a situação de luminosidade da lâmpada.
Nós seres vivos, também temos nossa usina de energia vinda dos alimentos, sem eles de fato teríamos nossa existência comprometida.
E o que nos move neste mundo é manter a existência de alimentos suficientemente para que haja vida.
Os seres humanos diferente dos outros seres possuem uma lógica diferente na busca da energia. Acumular, reter energia é simbolo de domínio, mesmo que você não precise de tudo. É a irracionalidade que dizemos ter apenas os outros seres, quando não é, pois os outros seres a usam racionalmente.
Dentro de nós seres humanos existe uma outra energia que move o nosso ser ou espírito.
Essa energia que a maioria chama de Deus ou outras formas de pensar de alguns é que promove nossa relação como humanidade.
Essa energia promove diferentes reações que chamamos energia do bem ou energia do mal.
Penso que se conseguirmos calibrar melhor nossas energias, potencializando o bem mais do que o mal, certamente poderíamos chegar a viver como os outros seres vivos.
Aldeir Ferraz
quinta-feira, 11 de junho de 2020
CONTO DE FILHO PRA PAI "DUPLA DE REZADORES"
Não tinha pra ninguém. Em matéria de cantar e rezar, lá estavam o Tião do Cadico e o Zé Ferraz. De mistério em mistério debulhavam o terço na categoria, com direito a cantoria.
De noite se encontravam depois do trabalho e seguiam rumo as casas. Tião empurrando a bicicleta e o Ferraz do lado. Conversa os dois tinham pra mais de quilômetro.
Nas celebrações caprichavam na oratória e a coisa estendia e a turma mais nova cortava uma virada, pois o negócio esticava. Quando percebiam a pressa da turma, alongavam os terços.
Acabava as dezenas de pai nossos e ave marias e resolviam rezar mais.
Quem saia das suas rezas, com certeza saiam benzidos e de alma lavada.
Aldeir Ferraz
De noite se encontravam depois do trabalho e seguiam rumo as casas. Tião empurrando a bicicleta e o Ferraz do lado. Conversa os dois tinham pra mais de quilômetro.
Nas celebrações caprichavam na oratória e a coisa estendia e a turma mais nova cortava uma virada, pois o negócio esticava. Quando percebiam a pressa da turma, alongavam os terços.
Acabava as dezenas de pai nossos e ave marias e resolviam rezar mais.
Quem saia das suas rezas, com certeza saiam benzidos e de alma lavada.
Aldeir Ferraz
UM ABRAÇO
As manhãs são muito corridas, mecanicamente fazemos o ritual apressado de sair de casa e ir para o trabalho.
Em uma destas manhãs, no ritimo rotineiro da casa para o trabalho, me deparei com uma cena impactante.
Um abraço entre duas pessoas, a lágrima de um e o consolo do outro. Certamente deveria ser algo que rompeu com a estrutura para fazer alguém desabar.
Este desabar, a estrutura rompida, revela o humano que ainda existe dentre de nós.
O abraço é um remédio poderoso que nos ajuda a se manter firme e poder se levantar diante de uma dor.
Somos carentes do calor do outro, mas negamos isso na normalidade. Somente quando algo forte nos afeta é que notamos a falta que faz.
Mesmo não fazendo parte daquele abraço, me senti abraçado, me senti energizado.
Que surjam mais abraços com frequência e resgatem a humanidade que insistimos em negar.
Aldeir Ferraz
Em uma destas manhãs, no ritimo rotineiro da casa para o trabalho, me deparei com uma cena impactante.
Um abraço entre duas pessoas, a lágrima de um e o consolo do outro. Certamente deveria ser algo que rompeu com a estrutura para fazer alguém desabar.
Este desabar, a estrutura rompida, revela o humano que ainda existe dentre de nós.
O abraço é um remédio poderoso que nos ajuda a se manter firme e poder se levantar diante de uma dor.
Somos carentes do calor do outro, mas negamos isso na normalidade. Somente quando algo forte nos afeta é que notamos a falta que faz.
Mesmo não fazendo parte daquele abraço, me senti abraçado, me senti energizado.
Que surjam mais abraços com frequência e resgatem a humanidade que insistimos em negar.
Aldeir Ferraz
terça-feira, 9 de junho de 2020
CONTO DE FILHO PRA PAI "REZA DOÍDA"
As rezas na roça sempre foram um momento de fé e encontro da comunidade.
Lá na comunidade de São Francisco era assim mesmo, o povo se ajuntava em oração e depois tinha as cantorias, os leilões, a conversa na beira da venda,enfim, verdadeira comun união.
Cada reza ou na maioria das rezas existia o puxador do terço e enquanto ele não chegasse nada começava, até porque a chave da capela ficava na sua responsabilidade.
Zé Ferraz era o responsável em um periodo por animar as noites de oração, mês de maio era agitado, toda noite era aquele movimento.
Uma noite destas o rezador Zé Ferraz se atrasou em casa, pois uma bezerrada tinha se desgarrado e até achar foi um custo. Seus filhos Ailton e Serginho bobearam com os bichos.
Saiu de casa apressado na bicicleta com terço e bíblia no embornal. No primeiro morro que desceu em disparada tomou um tombo. Aquela noite estava muito escura, a lua não deu as caras. Levantou se rapidamente, sacudiu a poeira e seguiu caminho.
Passando pela mata do Tio Joaquim, numa estrada coberta de árvores, em um breu danado, outro acidente. Deu de frente com um senhor a cavalo. Foi bicicleta de um lado, cavalo de outro, biblia e terço no chão.
O susto e a pressa foram grandes, que os dois barbeiros juntaram os seus pertences e cada um foi pro seu rumo sem entender o ocorrido. Seria assombração no meio da mata?Talvez imaginaram desta forma.
Já na capela, o rezador meio mancando entra e inicia o terço pedindo desculpa pelo atraso.
Após a reza, no leilão, um cavaleiro rodeado por pessoas contava o ocorrido na estrada da mata. A sua história era arrepiante, pois reclamando das dores da trombada, dizia ter se esbarrado com um assombração de bicicleta.
É isso aí gente! Quanto mais rezo, mais assombração me aparece.
Aldeir Ferraz
Lá na comunidade de São Francisco era assim mesmo, o povo se ajuntava em oração e depois tinha as cantorias, os leilões, a conversa na beira da venda,enfim, verdadeira comun união.
Cada reza ou na maioria das rezas existia o puxador do terço e enquanto ele não chegasse nada começava, até porque a chave da capela ficava na sua responsabilidade.
Zé Ferraz era o responsável em um periodo por animar as noites de oração, mês de maio era agitado, toda noite era aquele movimento.
Uma noite destas o rezador Zé Ferraz se atrasou em casa, pois uma bezerrada tinha se desgarrado e até achar foi um custo. Seus filhos Ailton e Serginho bobearam com os bichos.
Saiu de casa apressado na bicicleta com terço e bíblia no embornal. No primeiro morro que desceu em disparada tomou um tombo. Aquela noite estava muito escura, a lua não deu as caras. Levantou se rapidamente, sacudiu a poeira e seguiu caminho.
Passando pela mata do Tio Joaquim, numa estrada coberta de árvores, em um breu danado, outro acidente. Deu de frente com um senhor a cavalo. Foi bicicleta de um lado, cavalo de outro, biblia e terço no chão.
O susto e a pressa foram grandes, que os dois barbeiros juntaram os seus pertences e cada um foi pro seu rumo sem entender o ocorrido. Seria assombração no meio da mata?Talvez imaginaram desta forma.
Já na capela, o rezador meio mancando entra e inicia o terço pedindo desculpa pelo atraso.
Após a reza, no leilão, um cavaleiro rodeado por pessoas contava o ocorrido na estrada da mata. A sua história era arrepiante, pois reclamando das dores da trombada, dizia ter se esbarrado com um assombração de bicicleta.
É isso aí gente! Quanto mais rezo, mais assombração me aparece.
Aldeir Ferraz
segunda-feira, 8 de junho de 2020
CONTOS DE FILHO PRA PAI " O ARADO"
Na roça era assim, filho já começava cedo na lida. Foi assim lá na casa do Sr Onésimo e a Maria.
Serviço é que não faltava e as tarefas eram distribuidas. Aí de quem não cumprisse. Era uma forma que as familias tinham de buscar a sobrevivência e ao mesmo tempo educar a criançada.
E para o trabalho se tornar prazeiroso a turma de irmãos muitas vezes faziam da lida uma forma de brincadeira e o tempo passava rápido.
Em um destes trabalhos diários, tiveram a missão de preparar a terra para o plantio do feijão e do milho.
Um boi puxava um arado que cortava o solo. Alguém segurava o arado e outro guiava o animal.
Mauricio o filho mais novo, neste dia fazia o papel de guia e quem segurava o arado era o mais velho, conhecido como Zezé.
Mauricio era franzino e com pouco tempo de serviço já tava com as pernas bambas,mas como dizem os antigos pé de boi é firme na trilha e não para. Foi quando Mauricio deu uma parada repentina e o boi lhe deu uma cabeçada no traseiro, fazendo com que nosso guia caisse de cara na lama.
No primeiro momento veio o susto, mas como não se machucou as gargalhadas foram seguidas e o dia inteiro.
Cuidado com o boi, Mauricio!
A meninada se cansava mas também se divertia muito.
Aldeir Ferraz
Serviço é que não faltava e as tarefas eram distribuidas. Aí de quem não cumprisse. Era uma forma que as familias tinham de buscar a sobrevivência e ao mesmo tempo educar a criançada.
E para o trabalho se tornar prazeiroso a turma de irmãos muitas vezes faziam da lida uma forma de brincadeira e o tempo passava rápido.
Em um destes trabalhos diários, tiveram a missão de preparar a terra para o plantio do feijão e do milho.
Um boi puxava um arado que cortava o solo. Alguém segurava o arado e outro guiava o animal.
Mauricio o filho mais novo, neste dia fazia o papel de guia e quem segurava o arado era o mais velho, conhecido como Zezé.
Mauricio era franzino e com pouco tempo de serviço já tava com as pernas bambas,mas como dizem os antigos pé de boi é firme na trilha e não para. Foi quando Mauricio deu uma parada repentina e o boi lhe deu uma cabeçada no traseiro, fazendo com que nosso guia caisse de cara na lama.
No primeiro momento veio o susto, mas como não se machucou as gargalhadas foram seguidas e o dia inteiro.
Cuidado com o boi, Mauricio!
A meninada se cansava mas também se divertia muito.
Aldeir Ferraz
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