Não! Ainda não tinha o fusca do Chico Som pelas ruas da cidade. O barulho que se ouvia era o rádio do vizinho sintonizado nos programas da emissora Rádio Cultura. Durante o dia todo a programação era ouvida, desde o amanhecer com o Adão Caroulo.
Mas na rua também tinha os barulhos que ouviamos dentro de casa. A meninada que jogava bola na rua e o barulho de pardais e andorinhas logo se confundiam.
Em um repente pelas ruas surgiam vozes inconfundiveis.
Os xingos do Juca Cipó, os assobios do Cabo Dico, a meninada da Escola Normal gritando:
" Escola Normal entra burro sai animal". Claro que não era verdade o final da frase, pelo menos pra maioria.
O Juvenal matava a pau com sua propaganda estilo carioca:
" Ao bixcoito paulixta torradinho, frexquinho..."
O biscoito de polvilho era uma delicia e todos que experimentavam queriam mais, os pais passavam aperto quando ouviam os gritos do Juvenal.
O Jose Pequeno além de engraxate, também botava uma caixa de isopor no ombro e saia pelas ruas vendendo o Picolé Sorriso.
" Olha o Picolé Sorriso!"
O Zé rodava pra todo canto e dia de jogo ia para o Campo do Nacional onde era tratado como celebridade:
' O picolé, tem picolé de quê?"
Outros na base da brincadeira a cada vez que o nosso Zé do Picolé gritava olha o Picolé, respondiam:
" Agua pura ninguém que..."
Segundo o Zé tinha muitas marcas de picolé que ele chegou a vender
O Brazinho que ficava do lado do Cine Brasil e também da Padaria do Acácio, mas era o picolé Sorriso a sensação e que dava um troquinho bom.
Aldeir Ferraz