quarta-feira, 27 de outubro de 2021

FANTASMA

Pudera ser eu um fantasma quando partir.

 Andar por ruas frias, nas madrugadas, sem se sequer incomodos surgir.

Nas Luas cheias ser a sombra que encobre o brilho iluminante de algum jardim.

E no jardim ser o vento que balança as flores dos canteiros, aterrorisador mistério.

Nos bancos das praças ser a vela que se encanta com os casais em tempos de paixão.

Das noites de solidão, sentir as angustias humanas, acompanhar os copos se esvaziarem um por um e as lágrimas secarem.

Não quero ser o medo da criança, quero apenas sentir em seus berços os sonos de pureza, os sonhos dos anjos.

Não andarei vestido de lençol branco, serei luz, calor e vento.

Pudera ser eu ....








domingo, 17 de outubro de 2021

RETRATOS

 Um dia nos tornaremos apenas retratos, fotografia registrada de um momento no passado.

Terá um tempo em que estaremos na parede de uma casa familiar como lembrança e numa brevidade dentro de uma caixa de sapato por cima de um guarda roupa.

Com o passar do esquecimento temporal, traças irão consumir a imagem que já não mais importa pra ninguém.

Nossa memória tem se perdido pela negligência que carregamos ao mirar todos os dias para o futuro e achar que o passado é descartável.

Admiro pessoas que tentam conservar o que nos resta de identidade, pois a identidade é como raiz que é um fator que nos alimenta da base que viemos.

Os retratos, os registros do passado que viemos tem muito a nos dizer, não é apenas algo que nossas vistas alcançam.

Vá no baú empoeirado do quarto de despejos e resgate sua história e dos antepassados, tem vida ali, tem energia boa ali.

Nunca esqueça de onde veio.

Aldeir Ferraz 






domingo, 10 de outubro de 2021

HISTÓRIA NAS RUAS

 Não! Ainda não tinha o fusca do Chico Som pelas ruas da cidade. O barulho que se ouvia era o rádio do vizinho sintonizado nos programas da emissora Rádio Cultura. Durante o dia todo a programação era ouvida, desde o amanhecer com o Adão Caroulo.

Mas na rua também tinha os barulhos que ouviamos dentro de casa. A meninada que jogava bola na rua e o barulho de pardais e andorinhas logo se confundiam.

Em um  repente pelas ruas surgiam  vozes inconfundiveis.

Os xingos do Juca Cipó, os assobios do Cabo Dico, a meninada da Escola Normal gritando: 

" Escola Normal entra burro sai animal". Claro que não era verdade o final da frase, pelo menos pra maioria.

O Juvenal matava a pau com sua propaganda estilo carioca: 

" Ao bixcoito paulixta torradinho, frexquinho..."

O biscoito de polvilho era uma delicia e todos que experimentavam queriam mais, os pais passavam aperto quando ouviam os gritos do Juvenal.

O Jose Pequeno além de engraxate, também botava uma caixa de isopor no ombro e saia pelas ruas vendendo o Picolé Sorriso.

" Olha o Picolé Sorriso!"

O Zé rodava pra todo canto e dia de jogo ia para o Campo do Nacional onde era tratado como celebridade:

' O picolé, tem picolé de quê?"

Outros na base da brincadeira a cada vez que o nosso Zé do Picolé gritava olha o Picolé, respondiam:

" Agua pura ninguém que..."

Segundo o Zé tinha muitas marcas de picolé que ele chegou a vender

O Brazinho que ficava do lado do Cine Brasil e também da Padaria do Acácio, mas era o picolé Sorriso a sensação e que dava um troquinho bom.

Aldeir Ferraz






terça-feira, 5 de outubro de 2021

O TEMPO QUE FALTA

 O tempo que falta não sabemos, mas algum dia vai chegar, essa é uma verdade máxima.

Apesar de sabermos disso, nos enrolamos com o tempo que temos.

Reclamamos de não ter tempo para tantas coisas e lamentamos a todo tempo.

Tempo, na verdade temos, todos nós temos um dia, 24 horas.

A grande questão é como utilizamos os minutos, horas, dias que temos.

Estamos aprendendo na marra a viver com a escassez de muita coisa, a comida cara, a agua cara, a gasolina cara...

Precisamos tratar o nosso tempo como algo caro e aproveitá-lo melhor.

O preço do nosso tempo não existe dinheiro que pague.

Aldeir Ferraz





domingo, 3 de outubro de 2021

CÂNCER

 A biopsia revelou que o câncer benigno já transita para o maligno.

A equipe médica que aconselhava a retirada do nódulo via cirurgia, já aconselha um tratamento longo e penoso, a tal quimioterapia.

A mudança de estratégia, dá-se pelo surgimento de uma terceira via cancerigena, tal qual ou mais letal a que assola o corpo do paciente.

A situação é complexa, pois não estamos tratando da retirada de um simples verme, mas de um câncer que está se enraizando.

A quimioterapia é dolorida, mexe com todo organismo, tenta eliminar as células ruins e reativar os anticorpos no corpo já quase moribundo.

Estes anticorpos precisam voltar, globulos brancos e vermelhos na mesma corrente sanguinea para revigorar o paciente.

As hemácias são responsáveis, principalmente, pelo transporte de oxigênio pelo organismo. Os leucócitos são células relacionadas com a proteção do nosso organismo. 

A previsão do término do tratamento é para o dia 03 de outubro de 2022.

Que o nosso paciente Brasil possa aguentar até lá.

Aldeir Ferraz





quinta-feira, 30 de setembro de 2021

VIDA DE CÃO

 Dura vida de cão, na verdade a vida não é fácil não.

Ser cão fiel a sua vida e acreditar naquilo que te oferecem, talvez seja a origem do dito " Êta vida de cão".

Sou capaz dizer que vida de cão possa ser diferente do imaginado.

Quando uma lágrima ou um sorriso humano surge por um cão, certamente a vida deste ser tem um valor quase meio que esquecido.

Quando conseguimos tocar as pessoas, fazer com que a vocação de ser pedra não é um bom caminho, o universo celebra.

Por isso penso que ter uma vida de cão tem momento que faz bem ao coração.

Ser fiel, ciultivar o amor, a paciência e a solidariedade, ensinamentos de um amigo cão.


Aldeir Ferraz 


domingo, 26 de setembro de 2021

SOMOS DO PASSADO

 Somos do Século passado, além também, do milênio passado.


Que tem mais de 22 anos pode celebrar essa situação, ou seja, ter nascido no milênio e século anterior.


Só quem teve esse momento foram os que viveram a mais de mil anos, no periodo entre o século IX e X, virada do primério milénio.


Muita coisa avançou no modo de vida, avançou também a destruição da Terra.


Na passagem do primeiro para o segundo milênio da era cristã, o Ocidente vivia mergulhado em guerras, terrores e superstições: o fim do mundo estava próximo.


Na passagem do segundo milênio continuamos os mesmos, destruindo, matando, explorando...


Ainda tem dúvidas se realmente estamos evoluindo?


Aldeir Ferraz


Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...