domingo, 27 de junho de 2021
TODA MAGIA DE UMA CIDADE
sábado, 26 de junho de 2021
MARLI FELIX
Dona Marli me dá água!
E lá vem ela pra atender um por um que gritava no portão de sua casa.
Do bairro são Jorge ao morro da Tia Velha era constante os chamados das pessoas que com latas vazias eram atendidos com paciência.
Do seu poço muita gente teve sua sede saciada.
A Marli Felix é de fato um patrimônio de Visconde do Rio Branco. Seu jeito alegre e espalhafatoso de conversar, realmente enchia e enche de alegria quem tem a oportunidade de ficar na sua presença.
Aqui do Supermercado Ferraz sempre a avistamos em sua janela, a quase todo momento conversando com os que passam em sua calçada.
Quem não tem um bom momento de uma boa conversa com ela.
Do flamengo sempre foi torcedora ferrenha e aí de quem mexesse com seu time de coração, teria que agüentar muitos palavrões, palavrões carinhosos, claro.
Em tempos em que necessitamos de muita empatia, ta aí um grande exemplo.
Tem gente que vive na Terra e nunca poderia desaparecer, pois o que de bom fazem por aqui, ficam eternizados em nossos corações
Aldeir Ferraz
domingo, 13 de junho de 2021
LEMBRANÇA APENAS
terça-feira, 8 de junho de 2021
CARTA DE UM FALECIDO
Fiz a minha passagem. Cá estou em um emaranhado de almas de tudo quanto é canto do mundo.
Aqui a língua falada é universal, todos nos entendemos. No caminho que fiz vi muitas almas ficarem para trás, não são todas que chegam. Prevalece o dito de que o que fizeres na terra estará ligado no céu.
O interessante deste meu tempo em que parti é o grande número de almas prematuras chegando. Isso mesmo, quando nascemos antes do tempo, somos bebês prematuros e quando morremos antes do tempo, aqui somos chamados de almas prematuras.
O responsável que nos acolhe aqui disse que a situação é incomum, pois o vírus está trazendo muitos mais cedo.
Ficamos em uma ala dos que foram mortos por crime, suicídio e doenças que teriam cura mas não tiveram o devido socorro.
O pensamento aqui é geral, viemos antes da hora porque tá faltando humanidade, tá faltando cuidado um com o outro.
Um mundo cheio de riquezas naturais e de pessoas inteligentes deveria evitar o que está acontecendo.
Mas vida que segue, digo eternidade que segue, pois aqui tudo é eterno.
As noites são maravilhosas, os dias também. O que vem aí da Terra conosco é a saudade,mas vamos superando ela a cada momento que nos reencontramos com os que vieram primeiro que nós.
Espero que um dia não tenhamos mais almas prematuras, que possamos ter o nosso tempo adequado e aí sim chegar aqui com mais paz e tranquilidade.
Por fim mando um recado a todos, tenham certeza que Deus não quis nenhuma morte destas que a pandemia tem provocado, aliás Ele demonstra tristeza com o que está acontecendo, sempre nos diz nas nossas conversas que não foi esta humanidade que desejou e que fez surgir na Terra.
Aldeir Ferraz
sábado, 5 de junho de 2021
A TIA DO CACHORRO
Da janela de casa vejo passar todos os dias uma bela senhora e seu pequeno cachorro. Com toda paciência, hora a passos lentos ou rápidos o seu companheiro de caminhada a guia.
Conheço um pouco da história daquela mulher. Ela desde jovem sempre foi meiga e carinhosa, mas nunca teve um mascote como companhia.
Dos seus amores e sonhos sempre dedicou sua energia.
Criou uma familia, como professora ensinou a tantos, pessoas que se tornaram importantes e outros nem tanto.
Na sua vida tudo se foi aos poucos. Amores partiram cada um para seu destino e com ela ficaram as lembranças.
Certo dia de sua vida, andando pela rua deparou se com um pequeno cachorro que não tirava os olhos dela.
Amou aquele animal a primeira vista e como abandonado estava resolveu adotá-lo.
Agora ela desfila com ele para todo lado e o que tem de amor na sua vida reparte com seu amigo.
E lá vai ela sorridente e altiva, pois continua como sempre foi, repartindo seus bons sentimentos com alguém.
Aldeir Ferraz
segunda-feira, 24 de maio de 2021
MEU AMIGO ADÃO
MEU AMIGO ADÃO
Adão nome hebraico que significa homem da terra vermelha, Adão também é nome de um amigo.
Este meu amigo tinha a energia da terra, o brilho do Sol nos olhos, a fala esperançosa que soava ao som de ventos uivantes.
Sua alegria sempre foi contagiante, sua solidariedade e fé eram profeticas.
Um dia, o tempo e a distância nos levaram para caminhos distintos.
O tempo e a distância são fatores complexos que desconstroem os nossos caminhos.
O que era a perfeita harmonia ficou em um passado distante e que nos falta no presente.
O destino que é esta mistura de tempo e distância nos leva para um mundo afora e novos rumos são tomados.
Num dia desses reencontrei o homem da terra vermelha, o Adão, o meu amigo Adão.
Adão Já não tinha mais o sentido de terra vermelha, estava árido, o seu olhar nebuloso e a voz estava aprisionada numa espécie de caverna profunda,
Já não tinha mais alegria e como um pássaro ferido evitava qualquer aproximação.
É triste ver um homem, guerreiro, menino com a marca do tempo por sobre seus ombros, Gonzaguinha tinha razão em sua canção.
O que mais nos assusta é essa impotência que este mundo nos dá, ver um amigo se desfazendo célula por célula, átomo por átomo.
O que é feito das nossas vidas, o que o tempo e as circunstâncias nos transformam?
Aldeir Ferraz
domingo, 16 de maio de 2021
JOGOU E PERDEU
Essa o Zé Pequeno tem certeza que aconteceu.
Sempre no final do expediente o recado de casa chega, as encomendas das esposas é um fato:
"Traga isso", "traga aquilo".
E o Tio Deguinho recebeu um recado por telefone:
- Mineiro traga um intera pra janta.
Era Tia Irene alertando que as panelas já estavam no fogão e o tira gosto podia faltar não.
Mas como sempre, armazém fechado o destino era os botecos, desta vez a saideira foi no Jorge Dutra.
Pinga, cerveja e tira gosto no balcão e em volta o Pedrinho Cera, Tio Deguinho, Marquinho, Nelsinho, Zé Pequeno e Wallas.
Resolveram jogar no palitinho quem pagaria as rodadas.
Não era a noite do Tio Deguinho e as rodadas estavam sobrando pra ele, até que o dinheiro acabou. O que sobrou foi a intera que estava levando para o jantar que a Tia Irene fez.
Colocou na disputa da última rodada e a noite tava de azar, Tio Deguinho perdeu novamente.
Chegou em casa de mãos abanando e pra não levar um puxão de orelha jogou a culpa em um gatuno que roubou o tira gosto que estava na garupa da bicicleta.
Aldeir Ferraz
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