quarta-feira, 5 de maio de 2021

A MÃO DE DEUS

O argentino Maradona em um jogo histórico, fez um gol de mão que levou uma feliz paz a uma nação e parte dos amantes do futebol. Na época esta transgreção foi batizada por ele como " A Mão de Deus".

Como hoje esta "Mão de Deus" vem nos fazendo falta. Pedimos muito por ela sempre.

A nossa sociedade tem criado monstros que nos assustam, nos entristece e sangra o nosso ser.

As crianças e as professoras da creche de Santa Cantarina que foram assassinadas por um jovem que cometeu um ato bárbaro é mais um exemplo.

Estamos criando monstros com uma cultura de violência. Somos culpados por cada morte barbara que tem ocorrido entre nós, pois apoiamos a violência e apoiamos quem apoia violência.

A cultura de paz tem sido abandonada e os monstros vão surgindo.

Resta-nos que o universo espiritual transgrida as regras do livre arbitrio e que a " Mão de Deus" surja para proteger pelo menos as nossas inocentes crianças.

Aldeir Ferraz



 

sábado, 1 de maio de 2021

DIGNIDADE E HONRA AO TRABALHADOR

Tem uma canção do Gonzaguinha que diz que o homem e digo também a mulher não passa a ter honra sem seu trabalho e um dito popular afirma que o trabalho dignifica.

De fato trabalhar, ter um emprego, ser produtivo é importante, é fundamental a vida do ser humano.

Celebrar o dia do trabalhador deve se fazer esta reflexão sobre a honra e a dignidade humana.

O sistema vivido por nós, principalmente no Brasil, tem no trabalho a honra e a dignidade de fato?

Vivemos uma situação em que produz-se desempregados pra dizer que os empregados devem se conformar com o que tem, pois a rua o espera.

A renda produzida pelo trabalho não dá pra dizer que se possa ter uma vida digna e honrada.

Essa pressão toda de risco do desemprego e renda comprometida não dá pra dizer feliz dia do trabalhador.

01 de maio deve ser dia de consciência de classe e unidade por honra e dignidade ao trabalhador.

Quem sabe um dia seja assim.

Aldeir Ferraz 



quinta-feira, 29 de abril de 2021

Torresmo, Cachaça e Família

 Torresmo, Cachaça e Família 


Na casa da Maria é assim, no chiqueiro durante um bom tempo engorda se um porco.

Resto de lavagem, fubá, cariru do mato e o bicho só vai crescendo e engordando.

Todos os dias antes da lida na roça de café, do paiol onde pega se as ferramentas e numa espiada só mede se e pesa se o leitão, tá quase no ponto!

Chega o dia de levar o porco pra panela e a família toda se envolve com a serviçama. 

As partes do porco, o lombo , o pernil , a gordura, pele são cortadas e separadas.

Um fogão a lenha é improvisado no quintal e na panela grande a fritura tá em ritmo total, enquanto tiver fogo nada para.

Um tempero caprichado se mistura aos pedaços de carne que na fervura levanta o vapor e um cheiro de tentação se espalha por todo aquele cantão.

No comando somente a Maria na frente do fogão, o resto da turma fica só na espiação.

Chega então o Mard com um copo cheio de Cachaça em uma mão e na outra um litro já meiado, aguardando ansioso o primeiro tira gosto.

Sem esperar e aproveitando se da distração da cozinheira, com um garfo rouba um torresmão que logo pôs na boca, apavorado que foi a língua queimou, mas imediatamente disse que não faz mal pois pinga também queima a guela e deixa qualquer um como pimentão.

E a noite chega e até os vizinhos se achegam no que já virou festa.

Arroz branco, feijão vermelho inteirinho no prato acompanhando uma suculenta carne de porco, êta trem bão .

É assim sempre, lá bem na divisa de Minas com Espírito Santo.

É só aguardar a próxima que já tem outro porquinho no chiqueiro, com certeza felicidade melhor não há.

Aldeir Ferraz



segunda-feira, 26 de abril de 2021

EXTREMA UNÇÃO

 Extrema Unção

A Extrema Unção ou unção dos infermos  é um  Sacramento  da Igreja Católica que tradicionalmente nos prepara para a morte.

Nos tempos atuais este sacramento já não é mais como antes,  quando  a pessoa que o recebia já nos seus momentos finais da vida. Hoje se caracteriza como esperança e fé na luta de quem busca vencer a enfermidade.

Mas o fato é que este momento sacramental é cercado de muitas histórias.

No leito de morte muitos diante de um padre, na hora  desta celebração sacramental fazem os seus testamentos de vida.

Muitas coisas escondidas são reveladas como forma de arrependimento ou mesmo de despedida.

Acho que todos nós deveríamos ter um testamento pessoal pronto de modo que  tudo possa ser revelado nessa hora, pois as vezes não  dá tempo.

Muita coisa se perde de importante  quando deixamos este mundo.

Aldeir Ferraz

domingo, 25 de abril de 2021

A PRAÇA


Existem tantas praças por aí, mas as das cidades pequenas são especiais.

Nelas é que a cidade se encontra, tem de tudo ali , o treiller do lanche , o buteco do povão , o barzinho com som ao vivo, a igreja e muitas árvores e bancos.

Os bancos nestas praças são disputados pelos namorados e também pelos amigos que proseiam.

Um ambiente mágico de muita inocência onde  amizades se formam , onde  casais surgem.

Os espaços para politica são demarcados e no coreto poetas e cantadores se revezam sempre tendo as estrelas como plateia.

Tive a felicidade de passar uma boa parte da minha juventude em uma praça de cidade do interior.

Na minha cidade tinha tudo isso que falei, coisas especiais mesmo.

O caldo de cana servido na sorveteria não existe melhor no mundo e o ponto de taxi tem informação para tudo, sem falar da banca de jornal que quando rola os albuns de figurinhas torna se o ponto central dos colecionadores.

Ali tomei meus primeiros porres, mas sempre no juízo certo com os amigos e serenatas fazíamos  aos montes.

Nas árvores ainda existem as marcas dos amores que foram e não foram e se elas falassem teriam muito a dizer.

Aprendemos de tudo e vivemos de tudo.

Cada tempo tem seu tempo e seu espaço, mas é muito bom  quando voltamos nas nossas praças e ali olhamos canto por canto e nos reencontramos com nossas histórias.

Aldeir Ferraz



quinta-feira, 22 de abril de 2021

JOSE CARDOSO FERRAZ


Um rio-branquense como tantos que na roça cresceu no trabalho junto a família.

Filho de Onésimo Ferraz e Maria Cardoso Ferraz, nasceu lá na Cachoeirinha e ali até a juventude viveu com os irmãos na dura vida de trabalhador rural.

Conheceu a Ordália, a Dalica, filha da Dona Jovelina lá do São Francisco, graças ao Manoel Inácio, irmão da Dalica que namorava a sua irmã Aparecida.

Nas rezas da comunidade que tudo surgiu.

Foi casamento de um lado e do outro, irmão e irmã de um lado com irmã e irmão do outro.

A vida na roça tava difícil e já com filhos, José (Zé Ferraz) e Dalica pra cidade vieram.

No armazém do Jesus Cardoso e do Luis Monteiro começou um novo trabalho e por ser um rezador nato e homem de igreja, conquistou a freguesia.

Sua vida sempre se dividiu entre a família, o trabalho e o serviço a igreja.

Foi vicentino, organizador de terço, círculos bíblicos, ministro da eucaristia, sempre era chamado pra fazer exéquias que com zelo levava conforto as famílias enlutadas.

Seus terços eram caprichados e esticados, não tinha pressa.

Foi presidente da SSVP e dedicou muito tempo aos mais pobres, principalmente da Vila dos Vicentinos.

Sua missão de vicentino não se limitava a socorrer materialmente as pessoas,mas também espiritualmente.

Com o fim do armazém do Jesus Cardoso, com a ajuda do mesmo começou a história do Armazém Ferraz, hoje Supermercado Ferraz.

Uma marca do Supermercado Ferraz sempre foi o atendimento, uma herança deixada pelo jeito de ser do Zé Ferraz.

Aos 83 anos de idade encerrou, no dia 20 de abril de 2021 a sua trajetória entre nós.

Aqui deixa uma grande companheira das alegrias e dificuldades, a Dalica juntos formaram um grande família com seus filhos, netos e noras e com certeza muitos amigos e admiradores.



quarta-feira, 21 de abril de 2021

MORINGA D`ÁGUA

 MORINGA D`ÁGUA 

As férias e finais de semana sempre foram celebradas com alegria lá em casa pois era a possibilidade de irmos para a casa da nossa Vó lá na roça.

A chegada do Tio Joaquim com seu cavalo em uma charrete nos enchia de ansiedade e logo pedíamos  a Mãe para que fossemos passar alguns dias em meio a natureza.

Encima da charrete nos ajeitávamos sendo os menores na frente e atrás os irmãos mais velhos viajavam de costas, coisa que dava inveja pois os pés iam arrastando no chão e se assistia dali a estrada se afastando, era muito mágico aquilo.

Chegando na casa da nossa Vó , nossa querida Madrinha, já se via fumaça na chaminé, algo estava sendo preparado.

Entrando pela cozinha , com os cachorros na porta eramos recebidos com bençãos, abraços e uma deliciosa broa de fubá e um café quentinho.

No quarto em que ficávamos tudo estava pronto, arrumado com carinho, os travesseiros, a coberta, um pinico debaixo da cama, aliás era uma cama enorme que dava pra dormir todos juntos.

Do lado da cama por cima de uma mesinha havia uma moringa com água fresquinha e que era colocada todas as noites por nossa Vó.

O interessante daquela moringa ali deixada é o ritual que se fazia, pois mesmo se ela tivesse cheia, sua água era trocada.

Uma vez meu irmão Sérgio perguntou para a Madrinha por que de trocar água se a mesma estava conservada e havia ainda bastante o suficiente para se precisar bebermos.

A Madrinha lhe respondeu que aquela moringa d`água não era apenas para nós.

A curiosidade bateu e perguntamos para mais quem a água era servida e logo veio a resposta com uma história:

Todas as noites os nossos espíritos também sentem sede e se água aqui não tiver, e se não for bem fresca , vagarão até a beira do córrego e lá com água suja pra beber se afogarão e juntos você também morrerão.

Uma Vó protetora é assim, que bons tempos.

Aldeir Ferraz


Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...