domingo, 3 de janeiro de 2021

TREVAS X LUZ


 A noite percebemos aquilo que invisivelmente acontece no nosso mundo.

Olho para o céu e vejo a grande batalha das trevas contra a luz.

Esta batalha é travada a milhões de anos, desde a existência humana.

O Grande Espirito nos fez da luz, mas muitos de nós não suportamos conviver com a energia do outro, não admitem viver em constelação.

A solução de alguns espiritos foi se tornar trevas para ofuscar a luz alheia.

Optaram por perder a luz e se tornar fonte da escuridão. 

Estes seres vagam por aí como nuvens impulsionadas pelo vento cobrindo todo brilho existente.

A luz refletida em estrelas não se abala e a cada tentativa das trevas se impõe com seus fachos de luminosidade.

Este espetáculo natural e espiritual sempre tem vencedores e derrotados a cada crepúsculo.

Que possamos sempre fazer parte da luz incansável para romper com as trevas que teimam em ofuscar nosso céu.


Aldeir Ferraz 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

APENAS UM CAMINHANTE

 Apenas um caminhante


A cada tempo que se vai, como em uma foto antiga vamos desaparecendo aos poucos.


As pegadas deixadas no caminho desaparecem e o que segue junto a nós é apenas a sombra, mas ela também se vai junto com a luz ao final do dia.


Tudo que fomos, tudo que fizemos um dia se perde, apenas fica um pouco no coração dos que te deram valor.


Pessoas se vão, alguns amigos outros não, sempre no caminho ficam e já não oferecem seus passos juntos aos nossos passos.


A minha vida é assim, sou apenas um caminhante que faz o caminho ao caminhar.


Que venha mais um caminho novo, que venha 2021.


Aldeir Ferraz


domingo, 27 de dezembro de 2020

CONEXÂO DIVINA

 Por vários meios podemos nos conectar com Deus, certamente não o vemos, mais podemos senti-lo.

O silêncio, a oração, a natureza, o sorriso, a lágrima, tudo isso serve de porta de acesso ao Divino.

Existem também as pessoas que nos abrem as portas e nos põem diante de Deus, aliás,  mais do que isso, nos levam no caminho da Fé.

Na minha cidade, Visconde do Rio Branco, tive a graça de conviver com uma mulher que considero Santa.

Dona Téia, uma pequena mulher de uma grandeza espiritual incomparável.

Sua vida se alinhava com as lutas das comunidades eclesiais de base, com a formação cristã baseada na busca de que todos pudessem ter vida, a vida com dignidade.

Jamais podemos esquecer estes seres de luz que habitam entre nós.

Salve nossa Dona Téia, quem a conhece sabe da energia que ela sempre transmitia entre nós.


Aldeir Ferraz




quinta-feira, 19 de novembro de 2020

CONTROLE DE TV E UMA BEBIDA

 Ainda de pijama em plena tarde de segunda feira, na mesa do lado do sofá, um copo de bebida e o controle da tv.

Uma cena onde nosso personagem principal, o Zé, talvez não seja o personagem principal, talvez apenas um figurante em meio a tantas angústias, medos e indefinições.

Por sua janela não enxerga o mundo, mas monstros que o espera para lhe devorar.

Dentro de casa tem o domínio, tem a coragem do controle de tv, o animo do copo de bebida.

Abrir a porta e enfrentar os monstros é que o Zé faz todo dia, mas neste dia ele se cansou.

Zé está em pânico, no sofá pelo menos consegue enfrentar suas crises.

Um dia vai ter que voltar, vai lutar contra seus monstros.

O dia que encontrar com o Zé na rua ajude-o na sua batalha.

Sem ajuda, volta ele para seu cásulo, seu controle de tv e sua bebida.



quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A LUZ QUE ENTRA EM NÓS

"A ferida é o lugar por onde a luz entra em você."

Não conhecia, mas me foi apresentado um sábio espiritual do seculo XIII, mulçumano de nome Rumi.

Gostei desta frase que pincelei em seus ensinamentos.

"A ferida é o lugar por onde a luz entra em você."

Pois então, hoje 07 de outubro de 2020, completa 04 anos que meu irmão Marquinho fez a grande viagem, voou para o infinito.

Naquela época, poucos dias antes, tinha perdido uma eleição que disputei. Toda a derrota é triste, mas naquele momento não tive espaço para curtir minha derrota. Ele estava no hospital e pra lá fui. Acompanhei até o fim sua agonia.

O tempo passou daquela despedida e ferida na minha vida e de todos nós parentes e amigos dele.

Feridas aliás passei a ter muitas nestes quatros anos. Quantas coisas aconteceram de machucar a alma.

Interessante que todas as minhas feridas tenho incrivelmente conseguido superar.

 A ferida é o lugar por onde a luz entra em você. Concordo de vivência com estas palavras.

Alguém sempre tem enviado uma luz para romper com minhas feridas.

Hoje compreendo o quão é bom que lá do mundo da luz tenha alguém que envia um facho luminoso que transpassa nossas feridas abertas.

Valeu Marquinho, valeu por sua luz.



Aldeir Ferraz.



sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A MÃE TÁ SECA


Mãe Terra seu leite tá secando, a passarada bate asa e com o bico tá piando;

A capivara cambaleia, caminhando no chão rachado e com olhos lacrimejando;

Há tanta fumaça, tanto fogo e do mormaço do calor o bicho tá correndo;

Não há lugar pra ir, não há lugar pra voltar, assim a maritaca tá contando.

Oh minha mãe terra, que tanto tens para dar aos seus filhos  ajuda, ajuda;

Liberte das suas entranhas  todo líquido cristalino e dá de beber a quem esconde na gruta;

Do calor do seu chão, eleve todo vapor para que as nuvens se encham de águas em gota;

Molhe seu corpo, molhe seu verde, nos molhe e volte a ser a mãe que amamenta.

E a cachorrada late lá fora e a seriema chora desesperada, nem urubu tá no céu;

É triste a tristeza que toda natureza tá carregando, nem as abelhas produzem mel;

Minha gente como é possível, nossa mãe maltratada assim, vivendo ao léu.

A mãe tá seca, a mãe tá seca, grita a bicharada e a mãe vê a tudo enlutada em um véu.


Aldeir Ferraz


sábado, 26 de setembro de 2020

O VELHO E A SANFONA

 

Enquanto o som daquela sanfona preenchia o silêncio da varanda, o velho brilhava seus olhos e a primeira lágrima  já escorria  no rosto marcado pela lida.

A sonoridade das músicas antigas que saiam da decisão do sanfoneiro em acertar com perfeição os acordes de tão belo instrumento provocava uma inevitável viagem no tempo.

Mesmo se valendo de uma bengala, naquele instante já se sentia aquela criança que  foi em um longínquo tempo e com um suspiro apenas pode sentir a brisa que lhe batia nos galopes em um cavalo de pau pelas trilhas deixando muita  poeira para trás,

A música penetrante nos ouvidos levava a uma eternidade de pensamentos sobre a longa estrada até o momento percorrida.

Amores, amigos, flores e dores tudo se foi deixando de ser visto com olhos e agora apenas sentido  com o coração;

E quando as melodias cessaram o velho  então foi se  recobrando daquele extase ,  ajeitou seu chapéu e como quem apeia em uma estação de trem , olhou  para tudo e para todos sem dizer nenhuma palavra, apenas sorriu.

Aldeir Ferraz



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Vá na Fé Mestre Dão

O caminho agora é outro! Nossa! Quanto chão ficou pra trás. Lá na roça a quantidade de dias de Sol que tomou no lombo. Os calos na mão, cres...