Era ali, logo depois da igrejinha, perto de um top de morro na comunidade de São Francisco em Visconde do Rio Branco, a Venda do Sr Zé Ferreira.
Tinha de tudo para um venda de roça, secos e mollhados variados, desde o salame no balcão, a linguiça mista pendurada, o refrigerante, o fumo de rolo de corda e desfiado até claro a cachaça.
O Sr Zé Ferreira, pequeno de estatura com a pele surrada pela lida de roça, bigode aparado, ficava na beira do seu balcão sempre pacientemente atendendo a sua freguesia.Ouvia ali muitos "causos" e contava os seus.
Quase todas as noites na igrejinha existia as rezas e logo após, a turma tinha que passar na sua venda, também a escola próxima, tinha a criançada que achegava durante o dia pra comprar balas e pipoca.
O Sr Zé Ferreira gostava de abastecer seu comércio realizando compras no nosso armazém Ferraz.
Gostava de ser atendido pelo Marquinho, mas também eu fazia questão de atendê-lo. A prosa com ele era boa.
Chegava com sua charrete puxado por um belo burro, estacionava na cocheira da rua de trás e seguia para o armazém com chapéu na cabeça e sacos panos para carregar as compras.
Assim que terminava as compras e elas eram embaladas na sacaria de pano, ele logo solicitava:
"Entrega na cocheira, pode deixar na charrete que tem um burro queimado".
Na brincadeira sempre um perguntava se caso chegasse lá só encontrasse cinzas. A risada era geral, mas isso que fazia o prazer da convivência e da amizade.
Recebi ontem a notícia do falecimento do Sr Zé Ferreira, infelizmente tem tempos que não o via, mas nos fragmentos da memória tenho boas lembranças suas.
Siga em paz Sr Zé Ferreira e se achegue aos muitos amigos e parentes que já estão lá em outra dimensão.
Quem sabe lá exista uma venda de roça como a de São Francisco para ter muitos "causos" pra contar.
Aldeir Ferraz
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